O Fogo, O Cavaleiro e A Princesa

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-Três de Janeiro de 2.043 -Ano 23 da Era Solar  


-Eu não era uma má pessoa, era? – Sussurrou Helena poucos instantes antes do abominável tomar conta dos resquícios de sua alma.

O quarto da garota estava pegando fogo, o cheiro de cinzas chegou até o quarto em que seu primo Cain dormia. O garoto acordou tossindo, estranhou o cheiro e sem muita vontade acabou se levantando da cama.

Enquanto caminhava em direção do cheiro, ele teve um mal pressentimento, teve uma imagem passando pela sua mente em uma fração de segundo, não era muito nítida, mas enxergou uma garota morta e um homem ferido.

-Socorro! Alguém me ajude! -Gritou Cain após encontrar o corpo de Helena envolvido pelas chamas impetuosas do quarto.

Cain se atirou ao meio do fogo para agarrar o corpo de sua prima, retirando-a do quarto e correndo em direção a piscina enquanto a tinha em seus braços.

Ele gritava enquanto corria, o fogo estava convertendo para o seu corpo, apesar de ter apenas 17 anos, Cain carregava com facilidade o corpo de Helena, o garoto tinha quase dois metros de altura e era robusto como um touro.

Finalmente estava perante a piscina, pulou em direção a ela enquanto segurava a garota corroída pelo fogo, mantiveram-se embaixo da água por vinte e cinco segundos, até o fogo apagar.

-Acorda! Não vá embora, por favor! Eu imploro! -Gritava Cain enquanto retirava o corpo de Helena da piscina.

O garoto era o típico valentão de escola, era um tanto arrogante e agressivo, mas no fundo não era uma má pessoa, amava sua família acima de tudo. Os olhos dele estavam molhados, e não era da água da piscina.

Rapidamente ele passou a pressionar o peito da garota tentando reanima-la, tentou realizar uma respiração boca a boca, mas nada parecia surtir efeito, foi então que ele ligou para a ambulância enquanto chorava feito um menino de oito anos.

-É uma emergência! Minha prima sofreu queimaduras graves e necessita de ajuda! É da rua Solaris, do Bairro Amanhecer, casa de número 127! Venham logo! -Gritava o menino no seu celular.

-Sua prima já está morta. -Respondeu a voz que vinha do celular, era a voz de uma criança, mas respondeu com um ar de malicia que não era compatível com a idade aparente.

-Isso não é uma brincadeira! Passe esse telefone para a pessoa responsável agora mesmo! – Gritou Cain cheio de fúria.

-Criança tola, já disse que ela está morta, e se você não calar a sua boca vai ter a sua alma queimada junto com a dela. -Respondeu a voz de criança que vinha do telefone, mas por um instante a voz se tornou grossa como se fosse de um velho de mais de 70 anos.

A ligação do celular caiu, instantaneamente Cain teve um mal súbito, viu uma sombra caminhando sobre o céu, apesar do céu estar escuro, aquela sombra era muito mais escura do que a noite. O brutamontes caiu no chão, seu maxilar deslocou-se para baixo, movendo-se involuntariamente, começou a escorrer uma quantia descomunal de água pela sua boca.

Em questão de minutos o garoto se encontrava desidratado, estava aparentando estar muito mais fraco e magro, os olhos dele começaram a secar, até perder a cor.

-Vocês humanos não deveriam interferir nos planos de Umbra. -Disse uma voz amargurada. - Foi a última coisa que Cain foi capaz de ouvir antes de seu corpo adoecer.

O Tormento Mais EscuroOnde histórias criam vida. Descubra agora