Vênus

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  -Dois de Janeiro de 2.043 -Ano 23 da Era Solar  

Como de costume, lá estava ela, trancada em seu quarto enquanto lia o seu livro favorito, ''Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban''. Era uma mulher de beleza invejável. Embora tivesse vinte e quatro anos, ela não havia envelhecido nada desdê os dezoito, possuía olhos castanhos e cabelos dourados, alguns diriam que era ruiva, outros a chamariam de loira.

Ela era uma em um milhão, tinha os traços de Afrodite e a inteligência de Atena. *(Atena é a deusa da sabedoria e Afrodite é a deusa da beleza na mitologia grega)

Era o tipo de pessoa que tinha facilidade em todas as matérias acadêmicas, tinha um carisma excepcional e ainda possuía uma sorte incomum, sempre fazia parecer  que o destino se moldava a favor dela.

Embora a garota tivesse os atributos de uma Deusa grega, ela era cética, não tinha crença em Deus e nem mesmo em nenhuma forma de espiritualidade. Nunca viu esperança alguma na vida, negava a possibilidade de haver algo após a morte.

Eram quase onze horas da noite, e da janela do seu quarto soprava uma brisa gelada, que bagunçava o seu cabelo, mas ela parecia não ligar. Continuou a ler o seu livro, sem piscar os olhos ela saboreava cada minuto de sua leitura, aqueles olhos castanhos eram quase dourados, mas apesar de claros, tinham algo de escuro, diferente dos seus cabelos reluzentes, seu olhar era frio e vazio.

Embora tivesse um bom emprego e fosse o sonho de relacionamento de qualquer pessoa, ela era uma pessoa infeliz, talvez pelo fato de não se dar bem com sua mãe e não ter tido um pai, ele faleceu há vinte e três anos atrás, quando ela possuía apenas um ano de idade.
A única lembrança que carregava em sua memória era o rosto e o nome de seu genitor, o homem se chamava Hélio, tinha cabelos alaranjados e olhos dourados, assim como ela, ambos tinham feições de heróis mitológicos, pareciam ter saído de dentro de um quadro antigo

A garota deslumbrante chamava-se Helena, cujo nome significa ''Raio de Sol'' ou ''Resplandecente'', quanta ironia. Nomenclatura nenhuma combinaria melhor com o perfil da garota, ela parecia ser filha do próprio Sol.

-Não acredito, já são quase duas horas da manhã e eu ainda estou aqui lendo esse livro, quase me esqueci que amanhã vou fazer uma apresentação na faculdade junto com a minha banda- Falou Helena em seus pensamentos, enquanto bocejou de sono.

Helena guardou o livro na estante e pegou a sua guitarra para ensaiar a música que iria tocar no dia seguinte, embora já soubesse tocar aquela música até com os olhos fechados, ela era do tipo que não costumava se arriscar.
Ela tocou uma música chamada 'Stairway to Heaven'' da banda Led Zeppelin, cuja tradução da música é ''Escadaria para o Paraíso''.

A garota já estava exausta, encostou sua guitarra na parede e se jogou sobre a cama, poucos minutos depois ela já estava dormindo, quase roncando.

-Agora não é hora de vir me acordar Cain, caramba! -Gritou Helena, após acordar com o som de uma musica que ela imaginou que estivesse sendo tocada por seu primo Cain, que estava dormindo na casa dela nessa noite devido alguns imprevistos.

Não demorou muito tempo para ela perceber que Cain não estava no quarto dela, e que a guitarra estava pairando sobre o ar, por irônia do destino a música que estava sendo tocada era a ''Highway to Hell'' da banda ACDC, cujo significado é ''Estrada para o Inferno''.

-Que sonho sarcástico! Minha cabeça resolveu me pregar uma peça? - Disse Helena enquanto ria e espremia os olhos buscando acordar.

O ar foi contaminado por um cheiro que lembrava enxofre, os olhos da garota estavam ardendo como se houvesse fogo em seu rosto. Foi então que ela ouviu de longe uma risada seca que mais se parecia com o som de madeira velha sendo arrastada.

-Isso não é um sonho sua prostituta herege! Respondeu uma voz diferente de qualquer coisa que fosse humana.

Naquele momento os olhos dourados de Helena tornaram-se cinzas, era como se o medo congelasse a sua alma, ela tentou dar um grito, mas não teve tempo, suas cordas vocais rasgaram, e antes que pudesse reagir já havia caído em coma.

O rosto dela nunca esteve tão pálido, provavelmente já não estava viva, as mãos estavam tão geladas, os olhos permaneciam abertos, porém sem vida alguma.
Não haviam vestígios da besta, ou seja lá o que for aquela coisa que havia invadido o quarto de Helena, o único vestígio era um símbolo estranho marcado no pulso da garota.

O Tormento Mais EscuroOnde histórias criam vida. Descubra agora