O som alto passava por cima de nossas vozes, impossibilitado que qualquer um pudesse ouvir seus próprios pensamentos com clareza. E ali, sentado ao lado de Yoongi, eu podia usar essa desculpa para falar em seu ouvido e ter seus lábios próximos ao meu.
Dos anos que eu o conhecia, ele estava ainda mais lindo naquela noite. Sua típica franja negra e seus hipnotizantes olhos faziam conjunto com seu sorriso tímido.
Seu sorriso. Eu sempre fui apaixonado por ele, mas fazia tanto tempo que não o via que mal me lembrava de como ele era extremamente encantador. Eu falava algumas coisas sem sentido apenas para poder ter aquele sorriso direcionado a mim.
A situação era tão hipnotizante que eu nem percebi meia hora depois que meu braço estava sobre o encosto das costas de sua cadeira e que eu olhava-o com tanta admiração, quase me perdendo em sua doçura. Senão fosse pela multidão — mesmo que a maioria das pessoas nem estivessem prestando atenção em nós, pois estavam ocupados demais na pista de dança —, eu não perderia tempo para segurar seu rosto e beijar seus lábios ali mesmo, com todo o vigor que ele merece.
E por Deus!, não lembro de ter me segurado tanto assim para algo em toda minha vida. Era ridículo como eu flertava com ele, elogiando seu corte de cabelo e fazendo perguntas intencionais, tudo tão obvio.
Seria inegável dizer que eu não estava nervoso, porque estava sim, e muito. Tanto que, eu não parava de abrir e fechar um dos inúmeros brincos de minha orelha. E nunca poderei encontrar uma explicação para este nervosismo, eu sempre fui próximo de Yoongi e a timidez que nós dois tínhamos desaparecia em grande escala quando estávamos juntos.
Ele era tão lindo que nem precisei me embebedar para ficar animado, já estava embriagado com sua beleza. Ele merecia ter cada parte do seu rosto beijado delicadamente para que soubesse quão lindo é.
Em algum momento, ao comentar que o som alto havia me dado dor de ouvido Yoongi deu a ideia de irmos ao andar de cima. Mas, ao olhar para o ecrã do celular vi o quão tarde parecia, então decidi que ia embora. Ele fez o mesmo, já que sem mim ficaria ali sozinho.
Subimos as escadas para o andar de cima e saímos pela porta principal após cada um ter chamado sua carona. Já havia algumas pessoas fazendo o mesmo que nós, mas na fachada da casa de festas tinha pouquíssimas pessoas se comparado com o seu interior.
Não é como se eu tivesse vergonha de beijar em público, mas era porque eu me esforçava tanto para esconder-me no armário que não queria acabar sendo o motivo das fofocas após a festa. Portanto, enquanto estava lá dentro, me controlei para não selar a boca naturalmente rosada de Yoongi.
Mas não estávamos mais lá dentro.
— Que bom que veio, eu ia me sentir tão sozinho sem você — comentei, sentindo calafrios com a leve brisa que soprava.
— Digo o mesmo, Jeongguk — disse, parecendo controlar um pequeno sorriso se formando.
Suas palavras eram poucas e diretas, ainda assim eu me perdia nelas, pois não prestava atenção no que ele falava mas sim em cada pequena expressão facial sua. Eu podia sorrir apenas em olha-lo, e era o que fazia mesmo.
Como algumas vezes na noite, nos encaramos após um singelo curvar de lábios. Eu queria gravar aquele momento para sempre em minha memória, então fiz questão de tirar uma foto mental para nunca esquece-lo. Nestes poucos segundos de olhar eu me afundava em suas orbes escuras, fazendo-me alheio do resto do mundo momentaneamente.
Então, eu soube que se não fosse para beija-lo agora eu não o beijaria nunca.
Tomei a liberdade de dar dois passos na sua direção, deslizar minha mão para sua cintura enquanto a outra pousava na lateral do seu rosto. Não perdi tempo, e logo selei nossas bocas demoradamente.
Foi tão rápido, mas tão cheio de emoções. Meu coração palpitava sem marcação e eu podia jurar que teria um infarto ali mesmo.
Separamos as bocas, e a visão após isso foi belíssima: Yoongi corado, de olhos fechados e com um sorriso divertido no rosto. Parecia um anjo.
Sem que eu soubesse quando ou como, o garoto levou as mãos para me rosto, juntando nossas bocas novamente. Porém, desta vez elas se tocavam com maestria, e logo eu senti ele introduzir sua língua no beijo. Me perdi ali, e sem perceber colei nossos corpos e desci minhas mãos para as laterais de seu quadril carinhosamente, sem malícia.
Eu poderia continuar beijando-o até os confins do mundo, mas não tive tanta sorte. Houve outra separação entre as carnes de nossas bocas, e pelo menos eu poderia vê-lo melhor assim, envergonhado com a situação. Tão fofo.
Levei um sobressalto ao ouvir uma buzina logo atrás de mim, então me separei de Yoongi.
— Tchau. Nos falamos, né?
— Sim — confirmou, retribuindo meu breve abraço.
Sorri para ele, girando os calcanhares e adentrando o carro, deixando sua imagem de aspecto avermelhado para trás.
A primeira coisa que fiz ao chegar em casa foi mandar uma mensagem perguntando se ele havia chegado bem, recebi sua confirmação minutos depois.
Ao deitar com a cabeça no travesseiro minha mente parecia um turbilhão com uma única palavra: Yoongi, Yoongi, Yoongi! Nada me fazia tirá-lo da mente nem acalmar meu coração que batia mais rápido só em lembrar do beijo de mais cedo. Eu necessitava ouvir seu riso tímido mais vezes, parecia um remédio, já que eu ficava tão entretido nele que esquecia dos problemas que assolavam minha vida.
O sentimento no peito me serpentiou para o resto da madrugada, deixando-me revirando na cama procurando por uma posição que fizesse o sono mais interessante que as imagens mentais que fotografei de Yoongi esta noite. Mas não havia nada mais interessante que ele, por isto xinguei a mim mesmo quando olhei para a janela e vi raios de sol infiltrando-se pelas frestas da persiana.
Além de todos os sintomas, Yoongi ainda me fazia perder o sono. Será mesmo que eu estava apaixonado?
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Lábias e Lamúrias
FanfictionDebaixo daquelas luzes frenéticas eu podia ver seus olhos pequenos se tornarem riscas sempre que ele sorria para mim. Era como minha recompensa vê-lo sorrir após eu ter falado alguma coisa idiota. YoonGuk | Todos os direitos reservados. ©