Um novo dia

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01 de outubro de 2019





Um novo dia, um novo mês do mesmo ano.

Uma excêntrica primeira oportunidade de caminhar com os próprios pés depois de perder a única família que tinha algum vínculo de sangue. Se encarasse os fatos de forma positiva, podia-se dizer que Colin teria um teto para enfiar a cabeça após o banco tomar a casa de sua avó.

Ele, como tantos outros, não entendia como as coisas da vida funcionavam, na maioria de seus dias sentia que tudo seria mais fácil se não tivesse nascido.

Mas, honestamente, nem a vida deve entender como ela mesma funciona, no entanto, ela funciona mesmo assim.

Antes de atravessar a rua, o jovem respirou fundo, sentindo todo o ar fresco correr pelas vias aéreas até entrar em cada pulmão e então sair quente de seu corpo. Se tivesse uns graus de temperatura a menos, tinha a certeza de que veria uma fumaça sair de sua boca como se fosse mais um fumante naquele pequeno lugar.

Às vezes ele era mesmo.

A cada passo que dava, apertava mais forte os dedos contra a alça da mala que carregava, mesmo com a sensação do tecido maltratando sua mão e formando marcas de tiras, o que, de fato, estava deixando sua palma totalmente vermelha.

Do outro lado da rua, um quase mendigo o aguardava encostado em um veículo preto. Os fios tingidos de loiro estavam em sua maioria escondidos por uma touca escura e o moletom da banda Black Sabbath cobria o corpo magricelo até praticamente os joelhos.

- Droga! Eu apostei com a Aria que você ia desistir. Ainda dá tempo, você sabe...

Esperando uma resposta, Nathan desencostou-se do veículo que, de tão bem polido, refletia a imagem da rua quase deserta. Aquela lataria era seu bem mais valioso, um presente que sua mãe lhe deu quando ele completou 21 anos.

Um meio sorriso tingiu os lábios de Colin quando abriu a porta do carro para jogar sua bagagem no banco traseiro. Assim que se desfez do peso, ajeitou o assento do passageiro e sentou-se.

- Parece que ela me conhece melhor do que você. - Ele estalou a língua no céu da boca.

- Ugh! Você vai trabalhar para os Madsdatter. Aqueles de carne e ossos, o que, sinceramente, nem sei se é mais reconfortante. Quem trabalha para uma família dessa? Eu preferia morrer.

Nathan franziu a testa, provavelmente ainda pensando no assunto e então entrou no lado do motorista com um copo térmico de café na mão, aproveitando para dar um longo gole antes de completar sua fala.

- Se bem que eu iria morrer de qualquer jeito, se isso realmente fosse uma opção...

Nathan não duvidava do profissionalismo do amigo. Bem, na verdade, duvidava sim. Mas, além disso, ele já havia ouvido alguns relatos sobre a decadência dos Madsdatter, incluindo a razão de haver apenas um único descendente legítimo.

- Estamos falando de opções? – Colin arqueou as sobrancelhas. - Se eu continuar sem emprego, vou morrer de qualquer jeito. A diferença é que se eu morrer lá, vou estar bem alimentado. O que não é uma má ideia.

Após retrucar, Colin respirou fundo e olhou rapidamente para o relógio, que marcava sete e meia da manhã. Deveria chegar por volta de oito horas, sem atraso de preferência. Estava realmente ansioso para o seu primeiro dia na mansão da família mais misteriosa da cidade. E seu amigo percebeu isso quando o rapaz bateu os dedos no painel do carro de modo forte e rápido.

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⏰ Última atualização: Sep 15, 2024 ⏰

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A Chave da Esperança (Em processo de revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora