Muito obrigado

6 2 0
                                    

Melanie resolveu me ignorar durante três dias, ela nem olhava para mim, o único lugar que estávamos dividindo por um longo período era seu carro na ida e volta do colégio.

O primeiro dia eu estava levando numa boa, eu pensei que no final do dia ela aparecia no meu quarto e se explicaria, mas isso não aconteceu.

No segundo ela nem me olhou quando eu entrei no carro, no final do dia eu que estava preste a ir pedir desculpa, mas eu não sabia como falar. E eu nem deveria me sentir tão culpada por dizer a verdade.

Ela continua me ignorando e minha língua está praticamente pulando para fora implorando perdão por ser tão grande e nenhum pouco contida.

Círculo a borda do meu copo térmico e fico olhando a paisagem passar, eu amo o final do dia. Amo como o sol fica se infiltrado no meio das árvores, dando um breve adeus.

Mais tarde eu tenho aula de teatro mas não quero pedir para a Melanie me levar, por motivos óbvios, e não tem ninguém nesse horário em casa. Minha única opção é faltar.

Se eu não tivesse que depender dos outros seria tão mais fácil, odeio ser tratada como uma criança.

Solto a respiração que venho prendendo quando o carro estaciona e eu me desvencilho do cinto de segurança. É uma sensação boa e eu saio aos tropeços para dentro de casa. O pátio parece tão pequeno nesse momento que eu consigo chegar até a porta muito rápido.

— Oi, sumida. — Ben diz atrás de mim e eu acabo me assustando, mas não viro para olhá-lo, continuo pendurando meu casaco.

— Você é sempre assim silencioso? Pode acabar matando alguém de susto.

Ele me olha com uma das sobrancelhas arqueadas e eu sorrio envergonhada. Por que ele gosta de olhar para as pessoas fixamente? Qual o problema das pessoas?

— Ouch. — Agora ele tem um vinco entre as sobrancelhas, que o deixa fofo.

Céus eu tenho que parar de prestar tanta  atenção nele. Eu nem devia prestar atenção no Benjamin.

— Não estou falando sobre aparência, Parrish. Você...

Paro de falar imediatamente quando me dou conta do que estou preste. Eu sou muito linguaruda.

— Eu? — pergunta com escárnio.

— Você não pode ser tão lerdo assim, né? — Forço uma risada e ele me acompanha, com uma ainda mais falsa. — Tenho que tomar banho, até o jantar.

— Até, Le Gaux.

Sorrio sem mostrar os dentes e começo a caminhar para longe dele, escuto os passos dele indo para a sala enquanto eu subo a escada.

●●●

As coisas em casa não estão muito agradáveis, meus pais estão mais ausentes do que o habitual. E ao descer para tomar café sou surpreendida com meus pais cozinhando, algo que não vejo faz muito tempo.

Papai ama cozinhar e mesmo tendo que o restaurante para tomar conta ele não se cansa ou enjoa, mamãe também é uma cozinheira de mão cheia e sempre que tem uma folga no hospital aproveita para colocar a mão na massa. É um casal habilidoso na cozinha.

— Bom dia. — falo ao passar entre os dois para pegar uma xícara no armário. — Que surpresa agradável. — planto um beijo na bochecha de ambos e me sento na banqueta.

— Estamos fazendo muffin de chocolate. — Mamãe avisa colocando mais massa nas forminhas. — Eu tenho o dia inteiro livre, nós podemos ir ao cinema depois que vocês saírem da escola.

The End.Onde histórias criam vida. Descubra agora