É impressionante como sempre me senti conectado com a minha irmã. Mesmo quando ela agia como uma pentelha. Tinha esquecido o tanto que sua companhia me fazia bem. Sua presença me fazia esquecer a outra garota que não saía da minha cabeça, enquanto ela tagarelava sobre Pedro. Mesmo na semana em que a pirralha ficou reclusa em casa e tive aguentar meu amigo no meu pé querendo saber como ela estava. Após o homem me encher muito o saco, falei onde ela fazia suas corridas matinais. Já não bastavam os meus problemas, ainda tinha que dar uma de cupido. Era mole? Mas eu estava contente, de um jeito muito esquisito sentia que Isadora gostava dele. Ela nunca ficou tão interessada em alguém assim, pelo menos não que eu soubesse.
— O que você aprontou, Isadora? — perguntei quando a doida começou a rir do nada enquanto estávamos no restaurante, após me contar uma longa história sobre vacas loiras que não entendi absolutamente nada.
Ela contou sobre um bilhete que escreveu e eu gargalhei com a insanidade da garota. Quem vai embora, em pleno tesão, e ainda deixa um recado zoando o tamanho do pau do cara? Aparentemente Isadora. Achava engraçada a forma como ela fazia questão de deixar claro o quanto era diferente da nossa mãe, mas quando eu conversava com ela, era como se tivesse em frente à dona Helena. As duas eram muito parecidas em muitos aspectos, inclusive na teimosia.
Suspirei fundo e me despedi dela, relutante porque queria saber de mais fofoca, mas ainda tinha paciente para atender, uma das poucas daquela semana, pois não estava conseguindo me concentrar. Após atendê-la, fiquei um tempo mexendo em uns papéis sem realmente ler o que estava escrito. Já não bastasse eu não gostar do meu trabalho, ainda tinha outra pessoa para me distrair do que já era uma tarefa difícil.
Eu estava completamente perturbado enquanto estava sentado à mesa pensando na vida, que só então me dei conta que não havia saído com mais ninguém depois da coroa casada completamente sem noção. Isso quase nunca acontecia. Pelo menos uma vez na semana eu saía para alguma festa e acabava enroscado em alguma mulher, ou em algumas mulheres.
Passei a mão pelos cabelos sem entender o que estava acontecendo comigo. Peguei o celular de dentro da gaveta e abri a agenda, rolando o dedo pela tela à procura de alguma das amizades coloridas que eu tinha. Estava na hora de acabar com aquela estranheza que me afligia. Quando cliquei no nome de Beatriz, uma mensagem de Isadora apareceu na notificação me chamando para uma balada. Respondi que estava pensando em sair com uma amiga e ela me mandou dezenas de chantagens baratas, então acabei concordando em ir.
Apertei meus olhos e olhei a ficha dos pacientes. Não tinha mais ninguém para atender. Assinei e saí, fechando a sala e indo até a recepção para deixar a prancheta. Como era de praxe, pisquei para a recepcionista e fui para casa. Quem sabe a noite não me traria uma distração. Certeza que Isadora ia sumir e me deixaria sozinho mesmo, tudo certo. Seria uma mulher desconhecida então.
Cheguei em casa e subi as escadas procurando pelo pessoal. Ouvi o movimento no antigo quarto de Isadora e cheguei bem quando a doida tirava um monte de roupa de tudo quanto é canto do cômodo.
— Gabo! Que bom que chegou. O que acha desse vestido? Está bom?
— Desde quando sou consultor de moda? — zombei, franzindo a testa com o nervosismo dela. Realmente ela estava com os quatro pneus arriados e pronta para a maldade.
— Idiota. Quero saber se esse fica bom — falou, colocando um vestido esquisito em frente ao corpo. Ao ver minha careta, ela bufou e revirou os olhos, pegando a próxima peça. — Acho que vou com esse macacão preto. O que acha?
Arqueei a sobrancelha e não falei nada, mais uma vez questionando a sua insanidade. A única coisa que entendia de roupas era em tirá-las, nisso eu era mestre.
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Diga que me quer - Spin-off [AMOSTRA]
RomanceEste livro ficou completo até dia 13/08/2019! [+18] Gabriel Sanches é o típico homem pegador. Pelo menos é o que tenta mostrar. Com seu charme, piadas sacanas e bom humor, nunca teve dificuldade nenhuma em ter várias mulheres aos seus pés e nunca se...