Há regras que eu nunca vou seguir:
Finja que não há amanhã,
Eu queria que não houvesse amanhã
Olivia O'brien - Empty
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Eu quero morrer.
Foi a frase que o cérebro de Aurora clamou quando estava prestes a receber mais um chute de sua mãe no estômago.Ela estava caída no chão frio da cozinha, deitada de lado implorando para tudo se desfazer rápido. Seus lábios deixavam escapar gemidos inaudíveis, ela sabia bem que se fizesse o contrário seria pior.Quando um chute acerta pela quarta vez na altura do estômago ela solta um grito de dor tentando entender o porquê de precisar ser assim. Sua mãe, Dorothy, logo agarra a garota pelos cabelos a estendendo do chão — a castigando por ter feito barulho — empurra seu corpo magro e ferrado até a parede e nela bate com o mesmo várias e várias vezes gritando os piores xingamentos e insultos existentes.
— Sua vadia! — Aurora sente a cabeça chocar forte contra a parede — Eu já lhe disse para não fazer barulho! — e os impactos se tornavam mais dolorosos a cada vez — Diga-me! Por que você não faz porra nenhuma direito? Por que você é tão inútil?
Nesse momento Aurora já havia desistido de lutar, suas mãos que antes estavam nos pulsos da mãe tentando diminuir o mínimo que fosse a força com que era espancada escorregaram dos seus braços até despencarem livres. Ela fecha os olhos e se concentra em permanecer consciente e não desmaiar como fizera na última vez, ela tinha de encontrar Darwin mais tarde afinal fazia mais de uma semana que eles não se viam e ela precisava do seu porto seguro.
As lágrimas ainda escorriam soltas por todo seu rosto, sentia as pernas fraquejarem. Não havia uma parte do seu corpo — tanto externamente, quanto internamente — que não estivesse quebrado, pedindo misericórdia, pedindo para que isso acabasse, então lá estava ela no chão novamente enquanto Dorothy caminhava para o lado contrário uivando de ódio.
— Mas que porra! Será possível? —Dorothy pega um pequeno vaso de vidro sobre a mesa e joga em direção de Aurora que por sorte estoura no chão antes de acertar a garota. — Será que nem mesmo uma coisa tão simples você é capaz de fazer direito? É tão inútil assim Aurora? Se soubesse que você não me serviria de nada teria a jogado na primeira lata de lixo, agora levantasse daí e vá limpar toda aquela bagunça! — o ódio salpicado de sarcasmo na voz de Dorothy doeu da forma mais profunda.
A garota leva a mão lentamente até a barriga, onde a dor era tão intensa que ela teve a certeza de que mais sangue estaria no seu vaso sanitário por alguns dias. A bochecha e maxilar da parte esquerda do rosto, além de inchada, latejava pedindo por gelo, pedindo por alívios, os lábios finos de Aurora fazia pedidos silenciosos que poderia se facilmente confundidos com gemidos.
Ela queria tanto morrer.
Ela queria poder dizer antes de dormir que não haveria amanhã. Não podia mais suportar isso toda semana se não todos os dias. Levantando os olhos podia ver sua mãe pegando a bolsa no sofá tranquilamente e acedendo um cigarro, pegou o molho de chaves na bolsa e caminhou até a porta de entrada. Ia ver o namorado, e ficaria por lá por uns quatro, três dias, era esse o tempo que Aurora tinha para se recuperar, nunca era suficiente.
Dorothy olhou a garota por cima dos ombros e não pensou nem mesmo uma vez antes de deixa-la ali, desejando que ela nunca tivesse nascido.
Aurora chora baixinho e com dó de si mesma.
Chorou por longos minutos. Depois, nada era possível ser ouvido, nem um único ruído. Ela parou de chorar mais cedo do que as outras vezes; ela cogitava de maneira séria a probabilidade de ir e jamais voltar. Não era como sair pela porta e andar sem rumo, ela queria morrer. Por mais longe que ela estivesse dos seus problemas, eles ainda iriam atormenta-la, ainda iriam cutuca-la incessantemente.
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Corpos Quebrados | ✓
Storie brevi🏆 Segundo lugar em Melhor Final no Concurso Million Dreams 🏆 Segundo Lugar em Conto na quarta edição do Projeto Palavras Dourados 🏆 Segundo Lugar em Melhor Sinopse no Concurso Capuz Vermelho 🏆 Terceiro Lugar em Conto no Concurso Crystais da Escr...