nineteen - sanctuary

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Hoje apercebi-me de que nada podia ser pior. Sozinho já muitas vezes me senti. Porém, sem ti, é a realização do pior dos meus medos, o mais assustador de todos os meus pesadelos e, infelizmente, a crua realidade em que me encontro.

[Autumn]

A minha vida tinha voltado ao seu estado natural, confusão. Não sabia o que pensar, fazer ou dizer. Não sabia nada, nem sequer o que estava a acontecer. Matt tinha-me deixado totalmente confusa com aquele beijo. Tinha-se passado apenas um dia e eu já sentia que isso me estava a deixar doida. Nada fazia sentido. E idiotas como somos não conseguimos conversar sobre isso. Sinceramente, não sabia quanto tempo mais iria aguentar com todas aquelas dúvidas dentro de mim. Parecia que a qualquer momento iria explodir e teria de lhe perguntar. Teria de ter a certeza.

Ouvi uma batida. Matt apanhara-me de surpresa. Não estava de modo nenhum à espera de o ver à minha porta. E, não esperava mesmo, que me abraçasse daquela forma. Como se necessitasse de mim mais do que qualquer outra coisa. Quase como se eu fosse o próprio ar que respira. Senti, mais do que tudo, que ele precisava de mim, que precisava que eu estivesse lá para ele. Obviamente, acabei por ignorar todos os trabalhos que tinha para fazer. Foi quase como se não existissem porque, na realidade, se Matt estivesse comigo não existiam mesmo. Não para mim. Talvez porque nada mais existia.

[...]

Neste momento, Matt encontrava-se deitado na minha cama. Ele tinha acabado por passar a noite no meu quarto. Já não parecia tão cansado e perdido. Eu sentia-me inútil, não sabia se realmente o tinha ajudado no que quer que se passasse. No entanto, estava também deitada, ao seu lado. Acariciava-lhe a cabeça lentamente. Lembro-me que ele adorava que eu fizesse isto, deixava-o mais calmo. Matt ainda dormia...

- Isso sabe bem – ...ou assim pensava eu.

Eu olhava-o sorrindo.

- Lembro-me de teres dito que te fazia ficar mais calmo.

- Um pouco. Mas o que realmente me deixava mais calmo não era isso, eras tu. Provavelmente não tive coragem de to dizer.

Eu continuei a sorrir.

- Mesmo sem olhar para ti, aposto em como estás a sorrir como se não aguentasses mais – ele disse.

Fiz o máximo que pude para esconder o meu irritante sorriso.

- Por acaso, não estou – pus a minha melhor cara de chateada.

- Ai sim? – Matt respondeu num tom brincalhão. Ele virou-se lentamente e eu voltei a encarar a sua cara sonolenta, perguntando-me o que a mais bela obra de arte fazia no meu quarto. Apetecia-me gritar e dizer-lhe o quão lindo era mas controlei as minhas hormonas de adolescente e continuei a tentar não sorrir. Matt notou o meu esforço e riu-se – Nunca foste boa a tentar enganar-me.

- Não sei do que falas – desviei o olhar pois sabia que se o olhasse seria pior.

- Autumn, desiste. Não consegues estar sequer no mesmo espaço que eu sem sorrires.

- Isso é um desafio?

- Chama-lhe o que quiseres – ele falou – Não consegues de qualquer das formas.

Virei-me lentamente para a parede. Sorri como se tivesse aguentado este tempo todo. Porém, continuei a fingir que estava chateada.

- Também não percebo porque fazes disto uma grande coisa. Eu sorrio até para o ar. Não te sintas especial.

- Falas como se eu não fosse a pessoa mais especial – ele provocou.

- Estou farta de ti – protestei a brincar.

Trust (Autumn's Sequel) | MEOnde histórias criam vida. Descubra agora