EU - Retalhos de uma memória

3.

Já pararam pra pensar no quão idiota é se apaixonar? Eu já e vocês deveriam fazer o mesmo antes que seja tarde demais e acabem se apaixonando por quem só vai pisar na sua cabeça com um tamanco de madeira da azaleia, não que isso tenha acontecido comigo porque aconteceu de verdade, sem o tamanco. Podem rir à vontade, mas desejo que se apaixonem por pessoas impossíveis.

Já me apaixonei algumas dezenas de vezes e não tenho vergonha de dizer, porque aprendi com cada uma dessas paixões por mais que eu tenha razões pra acreditar que algumas dessas paixões eram só fogo no rabo. É um sentimento muito complicado de lidar me deixa um tanto quanto assustado. Talvez seja só coisa da minha cabeça, não tem nada errado em se entregar pra quem você gosta. É errado sim, porra! Você não sabe se a pessoa está na mesma vibe que a sua e não é certo que a pressão seja sentida apenas de um lado da balança.

Muito difícil ter que tirar da sua vida a pessoa que nos últimos dias tem sido a única a fazer diferença e tem mostrado os reais sentidos de permanecer em pé, apesar de todas as dificuldades com os quais nos deparamos dia após dia. Não é nem um pouco fácil apagar os sorrisos, secar as lágrimas, excluir as fotos e mensagens e, mais difícil ainda, fingir que tudo não passou de uma experiência pra não perder a amizade de alguém tão especial.

Muito se aprende de relacionamentos e muito se perde com eles, amigos principalmente. Nos últimos três anos perdi a conexão mental com praticamente todos aqueles que me cercavam por conta de inconstantes relacionamentos e em um determinado momento cheguei a fazer coisas que não imaginei que fosse capaz de fazer outra vez. Não valorizei meus companheiros de vida e os perdi.

Os dias que se passaram desde a última vez que escrevi foram um tanto quanto conturbadas pra mim na questão emocional, pareceu que estava tudo bem até ontem vendo duas pessoas que se amam firmarem sua união com uma bela cerimônia, essa qual fui daminha de honra. Não tinha parado para reparar no quão sozinho estou e sempre fui, o que soa estranhamente engraçado vindo de mim que estou sempre rodeado de pessoas que dizem se importar comigo.

Me apaixonei outra vez e parece que estou sendo esfaqueado dezenas vezes por segundo enquanto jogo absinto nas feridas. É uma sensação inexplicavelmente impossível de descrever, como se o mundo parasse de receber a luz do sol e tudo ficasse com apenas uma única e desconfortável cor, escura e angustiante. São explosões de estados emocionais que fazem qualquer um perder a cabeça e aceitar que o amor é uma piada sem graça que o tio conta nas festas de família. É cruel!

Neste exato momento meu coração tá completamente apertado, assim como nas últimas vezes, querendo saber o que a outra pessoa está fazendo, pensando, sonhando e até mesmo conversando com outras pessoas e eu sei, bem no fundo, que não sou e não serei a prioridade na vida desse alguém. Não sou o tipo de pessoa que agrada a primeiro momento e jamais serei, não enquanto sentir medo de me permitir por mais que acredite estar entregando o máximo de mim a todo momento. É ridículo acreditar que alguém deve estar pensando em mim da mesma forma como eu penso.

Muito doloroso querer abrir a alma pra alguém que você sabe que só vai receber o carinho e o afeto da amizade. Pra mim é muito difícil expressar sentimentos aos que me cercam, não tenho essa confiança que todos acreditam que tenho e que mostro o tempo todo. Tenho muito medo de sonhar, criar expectativas e planejar um futuro, gosto quando tudo flui organicamente e as coisas acontecem de forma natural, mesmo eu estragando tudo depois com um dos meus surtos sem explicação. Por isso crianças, se esforcem para se apaixonar apenas por quem demonstra o mesmo sentimento que vocês.