Meu blusão amarelo
Algumas flores no jardim
Minha meia xícara de café
Minha música favorita na rádio as cincoPela janela da minha sala
Vejo meus projetos indo para o lixo
E acordo as seis no dia seguinteSigo na estrada com minhas botas pretas
E meu blusão amarelo
Ainda há tempo
Escrevo um livro no trem
A caminho do trabalhoTrabalhos jogados fora
A troco de nada
Com a toalha branca enrolada na cabeça
E uma meia xícara de café
Ao som de minha música favorita na rádio
Pela janela do meu quarto, observoO trem das quinze acaba de partir
Uma conta de luz na mesa de centro
Meu abajur já não funciona
E minha meia xícara de café se quebra
Meu rádio quebraMas ainda tenho meu blusão amarelo
E minhas botas pretas
E a janela da minha sala
As flores no jardim murcham
Silêncio.Nem todas as lágrimas se secam
Se confudem no temporal
Que leva meus projetos para o lixo
As pessoas leem meu livroSigo caminhando com meu blusão amarelo
E minhas botas vermelhas
Sem vozes e sem minha música favorita
Olhando o trem das sete pela janela doutro quarto
Sem minha meia xícara de café
Com minha toalha azul claro na cabeça
Abro uma página e pego um lápis
A vida continua.Ah, meu blusão amarelo.
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Assinado, Menina Aleatória
PoetryShortlist do prêmio Wattys 2019 🏆 Conjunto de palavras que quando colocadas em determinada ordem, formam dos seres, seres pensantes sobre uma história. E para cada história, uma versão distinta. Combo de alguém que vive diversas vidas e conta a ca...