23. The real enemy

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Um amigo falso é um inimigo adotato

Ele poderá estar vestido como um anjo, mas se portar como um demônio

é pior que um animal selvagem

Pois do animal sabemos o que esperar, o que nos dá uma chance de defesa

Quando nossa cabeça está cheia demais por problemas pessoais, focar no trabalho é quase um alívio, pois ao menos durante aquelas horas, conseguimos esquecer aquilo que nos aflige, aquilo que faz doer nossa alma e nosso coração. Por isso que, mesmo de férias, Taehyung não deixava de investigar o caso, agora já arquivado, de Jin.

Quando se deu conta, já eram mais de três horas da madrugada, se assustando em ver que o tempo passou tão rápido. Estava desde as oito da noite em seu computador, rastreando e lendo tudo que conseguia nas redes do herdeiro de Kim Dongwan.

Desativou a tela holográfica, afim de descansar seus olhos, desejando um café, mesmo sabendo que não seria a melhor opção naquele horário. Ligou na recepção do hotel e conseguiu pedir um latte, que pareceu reavivar seus nervos assim que a bebida desceu por sua garganta.

Abriu a grande janela da varanda, sentindo a brisa do mar bater em seu rosto, desanuviando sua mente por alguns momentos. Sabia que seu sexto sentido lhe dizia para continuar investigando, que nesse mato ainda tinha coelho, e aparentemente até já sabia qual era o nome dele, ou melhor, dela: Bae Joohyun.

Queria ligar para Jungkook, pedindo que o ajudasse a desvendar aquele enigma, mas àquele horário seria impossível. Calçou então seus chinelos, e foi de pijama mesmo para a praia. Se sentiu bem no meio daquela imensidão, banhada apenas pela luz da lua, aproveitando a praia deserta, e ficando descalço para sentir a areia entre seus dedos. De certa forma, parecia que estava dentro de seu próprio coração, uma vasta escuridão, um oceano profundo e misterioso, assim como seus sentimentos eram para si.

Pensava que talvez, se ele fosse capaz de compreender a si mesmo, as coisas tivessem sido diferentes. Olhando para o mar, deixou as lagrimas saírem, precisava disso. Às vezes pensava que não deveria chorar, que isso era um sinal de fraqueza, mas precisava aliviar ao menos um pouco. Aproveitou-se que a praia estava vazia, e deu um grito bem alto, como que para liberar a frustração, e realmente se sentiu melhor.

Ficava pensando no que será que Yoongi estaria fazendo àquela hora. Será que dormia em paz? Será que pensava nele em algum momento, ou já o tinha esquecido completamente?

A quilômetros de distância, Yoongi estava em seu quarto de hotel, registrado sob uma identidade falsa que Hyungwon providenciou. Apesar do horário, ainda estava acordado, sua cabeça não conseguia descansar nem por um segundo, pensando no que estaria prestes a fazer em alguns dias, e pensando se depois disso finalmente ficaria livre, tanto do senhor Kim, quanto de Hyungwon.

No entanto, o que mais ocupava seus pensamentos era aquele garoto de sorriso quadrado que fazia seu coração bater mais forte. Como tinha sido doloroso falar pra ele palavras duras, agir friamente, mentir que não o amava. Achava que sua atuação parecera tão convincente, que jamais seria perdoado.

Sabia que era a coisa certa, que não deveria colocar em risco a pessoa que amava, no meio daquela podridão, que nem ele mesmo entendia direito. Por um lado entendia as motivações de seus amigos, e achava certas, mas ao mesmo tempo, sentia que o modo como estavam agindo não era tão correto assim. Se Taehyung estivesse com ele, apenas correria perigo, por uma causa que não tinha nada a ver com ele, e não suportaria que nada de mal lhe acontecesse.

- Será que um dia você vai me desculpar? - falava sozinho, olhando a foto do acinzentado em seu celular. - Por que eu te amo tanto assim?

Para o diplomata, aquilo tudo era muito novo. Nunca antes ele se apaixonou por alguém daquela forma, nunca sentiu as coisas que o Kim lhe proporcionava, não conseguia compreender como era possível uma pessoa querer tanto assim o bem da outra, mais que o seu próprio. Desejava poder voltar a cuidar de seu menino como fazia antes, cuidar das feridas do coração dele, niná-lo em seus braços, e nunca mais deixar que se separassem.

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