Estações - Choni

Fly away with me

Música: Fly away with me - Tom Walker 

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Cheryl

E mais uma vez o medo preenchia o buraco negro existente em meu interior. A cada palavra desprendida eu morria mais, estava morrendo aos poucos, e ninguém percebia.

Será que sou uma aberração como mamãe me chama? Será que sou fraca como papai mesmo me disse antes de morrer? Talvez seja verdade, mas uma incógnita em meu coração ainda inflama e me transmite esperança. Sinto que uma nova jornada começará.

Antes de sair para encontrar Verônica e Betty, minhas amigas, passei no quarto de meu querido irmão. Cada detalhe me apertava o peito e me estrangulava de saudade. Observei detalhadamente cada particularidade, desde a porta de madeira maciça até a jaqueta do time. Minha respiração desvairava a cada minuto a mais naquele quarto. Era sufocante, me trazia aversão a minha própria família.

Abri meus olhos, e desci as escadas até encontrar vovó Rose. Ela era minha única razão para continuar naquela casa, era minha valentia para continuar.

Em passos largos caminhei em encontro as meninas para comemorarmos a grande festa da virada de ano, organizada pela prefeita Sierra McCoy. E durante todo caminho tocava em meu fone fly away with me, aquela música alvejava-me como flecha, apenas despertei da hipnose causada pela canção quando senti o vento gelado tocando minha pele. O arrepio na espinha despertou-me a continuar minha passada até o destino final, o Pop's. E por sina do destino fui a primeira a chegar. Logo depois Josie apareceu na lanchonete, obrigando-me a ouvir por quase duas as GDPM (garotas doidas por machos), era como eu havia apelidado as meninas junto com Kevin. Era lastimável ter que ouvir aquela conversa. Eu só queria poder expor a imensidão de sentimentos que existiam dentro de mim, os quais eu me afogava diariamente, mas isso era impossível. O medo era o meu pior inimigo.

Toni

Hoje será a primeira vez que irei sair desde o dia em que cheguei. Durante esse período não obtive informações sobre minha mãe. Minha mente ainda borbulhava com tamanhas explanações, e o que eu mais queria era paz, mas infelizmente Vero ainda me mandava mensagens todos os dias. Eu precisava definitivamente sair, realinhar meus pensamentos e aproveitar o que Riverdale tinha a me oferecer.

Eram 23h58min quando o jovem cantor começou a executar a última música do ano. Sua voz lesava meus tímpanos, mas em meio à multidão de jovens bêbados e exaltados, um olhar cruzou o meu. Era intenso. Consumia-me como brasa, acalentando todo o caos que havia se instalado. Não conseguia parar de contemplar sua face. Seu cabelo ruivo e seu marcante batom vermelho me prendiam como garras.

Ficamos nos encarando por minutos, mas quando tomei coragem para perguntar seu nome fui puxada por Sweet Pea para um abraço em comemoração a chegada de 2014, e nesse instante a perdi de vista.

Cheryl

E para o meu azar Josie não poderia se apresentar hoje, estragando o que deveria ser o meu momento, e a única solução encontrada foi um terrível cantor de Greendale.

A cada palavra pronunciada minha vontade de ir embora aumentava mais ainda, e diante disso resolvi partir, mas acabei topando com uma desconhecida e ao fitar seus olhos senti algo inexplicável. Uma intuição de que a partir daquele momento as coisas mudariam.

Seu cabelo rosa e sua camisa xadrez me chamaram atenção. Eu definitivamente precisava descobrir o nome daquela garota, mas quando obtive coragem um vulto passou em minha frente a puxando e desaparecendo em meio à imensidão de pessoas.

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