Onde estávamos? Parecia fora da cidade. Não me importei com isso também, me botei a correr, entrei nas matas que tinham perto da estrada sem saber a onde elas me levariam, sem saber se eu ainda estava em Goiânia, em Goiás ou ate mesmo no Brasil. Quanto tempo havia passado? Eu poderia estar ali a semanas? Dormindo naquela gosma nojenta? Sendo alimentada que nem pacientes em coma? Acho que não, não fazia ideia. Mil perguntas pulavam em minha cabeça, mas eu só pensava em sair dali viva.
Corri em linha reta pela mata, depois me dei conta que não era uma boa ideia e comecei a pegar outros caminhos. Por fim cheguei em uma grade de fazenda? Parecia ser arames farpados de fazenda. Não havia pastos na parte de dentro, apenas mais árvores. Passei pelo arame farpado e continuei a correr. Desejei subir em uma das árvores, não sei por que, mas achei que seria mais seguro me esconder em cima delas, mas eu não conseguiria subir. Já estava cansada e cheia de hematomas — que sabia eu, começaria a doer logo.
Andei mais alguns quilômetros, sempre olhando para trás e tentando ouvir barulho de passos. Era obvio que eles estariam atrás de mim. Por fim encontrei casas. Entrei no celeiro — estava vazio, achei melhor ficar por ali. Aquela fazenda parecia estar longe de qualquer coisa, seja lá quem morasse ali não teria como me ajudar contra toda aquela gente. E a policia certamente demoraria até chegar naquele fim de mundo — isso se eles tivessem algum tipo de telefone nesse lugar ou celulares com sinal. Me encolhi em um dos cantos escuros do celeiro e me permiti chorar mais um pouco. Todo meu corpo naquele momento já doía. Eu não sei se conseguiria andar mais quilômetros, não daquele jeito.
Luzes. Faróis. Alguém estava chegando de carro na fazenda. Me levantei e fui até uma brecha que havia nas tábuas do celeiro e olhei. Caminhões. Será que eram o mesmos que me raptaram? Não dava para saber. Os donos da fazenda estavam conversando com alguém que havia saído do caminhão. Mas não dava para ver quem, as luzes dos faróis estavam muito fortes. Só dava para eu ver os proprietários do lugar. Um Senhor de barba e uma moça em volta de seus trinta anos, usando um vestido vermelho. A mulher se assustou com algo e gritou. O que estava acontecendo? Homens. Homens com roupas brancas a capacetes com proteção saíram lá de traz. Estavam armados. A mulher se segurou ao senhor barbudo. Eu não conseguia acreditar. Eles atiraram neles, um tiro para os dois, atravessou ambos os corpos e eles caíram no chão, como se fossem bonecos de pano. Imóveis com algumas partes de seus corpos caídos do outro lado. Eu não podia ficar aqui. Eles entraram na casa, certamente achando que eles haviam me escondido por lá. Não tinha como eu sair pela porta, ele me veriam. Tinha uma caixa de papelão jogada, peguei alguns panos que estavam por aqui, entrei na caixa e joguei os panos por cima. Para ficar mais crível, joguei alguns objetos por cima do pano e torci para não passarem por aqui, mas eles iriam.
Depois de uns dez minutos escutei os passos em rumo ao celeiro. Pelos barulhos dos pés presumi que duas pessoas entraram. Ficavam andando de um lado para o outro, mas não encostavam em nada — ao menos eu não ouvia. Depois de mais alguns minutos eles deixaram o celeiro. Eu acabei adormecendo, estava muito cansada, precisava de algumas horas de descanso.
Acordei com o barulho de um pássaro cantando. Demorei alguns segundos para me lembrar onde eu estava. Quase que saio da caixa sem preocupação alguma, mas ponderei. Sai de fininho. Tudo estava escuro, não havia amanhecido ainda. Mas não havia faróis de caminhões, nem passos, apenas o barulho inquietante da mata e a escuridão. Eles realmente haviam ido embora? Eu não conseguia acreditar. Mas também não conseguia me permitir se sentir aliviada. Os caminhões realmente haviam ido embora, mas eles poderiam ter deixado alguém, certo? Bom, eu tinha que checar se havia telefones na casa. Ao me aproximar consegui ver com dificuldade algo no chão, era o corpo da mulher. "nem se importaram em se livrar dos corpos" pensei. A porta da casa estava entreaberta, me esgueirei para dentro. Tudo silencioso. Era uma casa de apenas um andar, ao entrar na sala tinha apenas um correr para seguir, então eu o segui. Três portas pelo corredor e no final parecia ser a cozinha. Felizmente parecia que eu estava sozinha, eles haviam indo embora. Procurei nas gavetas por uma lanterna, nada. Voltei pelo corredor e entrei no primeiro quarto — era um quarto de solteiro. Procurei novamente nas gavetas, chequei a cômoda para ver se encontrava um celular ou telefone fixo. Olhei no guarda-roupa e lá estava uma lanterna. "ótimo, poderei encontrar um telefone com mais facilidade agora". Liguei a lanterna e voltei para a sala, iluminei os lugares onde provavelmente encontraria um telefone fixo e nada. "Meu deus, esse pessoal vive sem contato com o mundo?". Decidi que deveria checar os corpos. A mulher e o homens estavam próximos, seus rostos eternizados em uma expressão de terror. O vestido da moça não havia bolsos, mas a camisa do senhor sim. "Finalmente", havia um celular, e, eu mal podia acreditar, havia sinal!
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Projeto G
Short StoryUm conto de ficção cientifica sobre uma universitária que é raptada por um grupo de cientistas com propósitos desconhecidos.