Eu e os bad boys

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— Tem certeza disso Mi?

  Michelle suspirou e quis bater a cabeça na mesa de plástico. Estava com sua única, mais próxima pessoa que poderia considerar de talvez amiga em toda a Seul, na mesa de um bar vagabundo e tentando não surtar de vez.

  Sua situação era lastimável.

  Ia ser expulsa do país em três dias. Seu visto estava para expirar, tinha perdido o emprego e ia ser obrigada a voltar para o Brasil. Ela não podia voltar, lá estava o homem de quem fugiu para salvar sua vida para início de conversa. Seu irmão.  Mas não tinha como ficar... Sem emprego, sem visto de permanência. Estava ferrada e odiava isso, gostava de viver ali, do outro lado do mundo, gostava de Seul, do oriente, das manias loucas dos coreanos e suas coisas bizarras. Não queria voltar e não podia voltar também, era uma questão de sobrevivência.

  Mas seu tempo terminava em uma regressiva ensandecida e cruel, assim recorreu ao que tinha nas mãos em sua última cartada alucinante.

  Contratos de babys. Nunca tinha feito nada nem remotamente parecido, mas situação emergencial exigiam ações desesperadas. Era aquilo ou deportação. E estava esperando notícias há mais de uma semana, nem dormia por causa daquilo. O agente daquele negócio cheio de mistérios e segredos e contratos de confidencialidade e tals foi claro. Com daddys, visto ok, sem daddys, bye bye Coréia.

  Soube que existiam homens que pagavam por uma espécie de acompanhante de luxo em caráter provisório indefinido há pouco tempo através de uma conhecida que era babá dos seus ex patrões e era mais ou menos assim. Você assinava um contrato com os caras em questão, e sim, eram os caras, porque naquele negócio especifico os babys eram compartilhados – Algo que era estranho para caramba, mas que pagava dez vezes mais do que se for só um daddy – e recebia mensalmente por isso até eles cansarem. Fim.

  Jamais pensou que faria algo assim um dia, nunca saiu com ninguém para receber por isso nem nada do tipo e só teve dois relacionamentos desastrosos também, mas não tinha mais jeito nem alternativa e acabou por ligar para o cartão que recebera da colega babá. Sabia que era bonita, tinha chances, mas começava a desistir já...O maior problema era que era ocidental e naquele negócio além de tudo ainda havia nichos também e o dela era bem restrito. Ocidentais era bem restrito, mas o agente que a entrevistou disse que tinha boas chances... Boas chances, não acreditava que estava prestes a fazer uma espécie de "programa" Onde iria inclusive morar com os homens só para não ser deportada. A que ponto tinha chegado?

— Absoluta. E torça por mim porque eu já estou no tempo limite...

  Tomou outra dose de soju e suspirou. Tinha feito algo grande na outra encarnação para pagar tanto nessa, só podia...

— Mas e se de repente sei lá, eles resolverem  serem bizarros sabe?

— Existe contrato e acredite, eu vi, são muito detalhados, tudo é  formalizado em comum acordo, nada que não esteja nele poder ser feito, coisa de maluco, mas é seguro. Isso essa babá colega minha jurou de pé junto e com essa crise não vou arrumar nada mais rápido Hyuna, vai ter que ser isso e seja o que deus quiser!

— Nem sei o que dizer Mi, sério mesmo, eu sinto muito que eu seja pobre e nem consiga ajudar você nisso, de verdade...

— Relaxa, esse problema é meu e eu vou resolvê-lo. Você vai ver, eu vou pegar essa porcaria de limão que o destino jogou na minha cabeça e fazer mousse dele, juro!

Contrato IrrecusávelOnde histórias criam vida. Descubra agora