Contrato Irrecusável

Como ser uma Campone

 Mi desceu as escadas do porão do bar luxuoso em uma mistura, de ansiedade, concentração e alívio. Alívio porque N deixou que tivesse sua "vingança" antes de se tornar mulher deles. Alívio porque sua "ânsia" de fazer isso começou a ter o efeito que queria neles, confusão e receio. Eles podiam ser mafiosos, perigosos, mas nada superava a fama de sua família.

N seguia atrás dela e ela podia sentir a tensão dele por baixo do falso sorriso. Ela era um negócio inestimável para ele, aquela aliança o faria mais forte que todas as outras famílias da Ásia, mas ele com certeza se perguntava se valia tudo isso. E era exatamente com isso que contava.

Como dizia seu irmão, ela foi treinada para que um homem nunca dormisse tranquilo ao seu lado, afinal sua mãe era uma viúva negra. Todos sabiam que amá-la era morrer e de formas pouco usuais.

E agora ela teria de ser uma Campone de verdade, esteve brincando até ali, agora era sério. Seria filmada e ela precisava dar um show digno de sua família. E era aí que entrava sua ansiedade e concentração, aquela era sua única chance, não podia errar.

"Precisa ser forte garota, você é uma Campone!"

"Seja fria, nunca chore, nunca fraqueje, caia de cabeça erguida, entendeu?"

As frases, as aulas, os treinos, as torturas, a dor, tudo ia se sucedendo em sua mente enquanto percorria a distância do quarto até ali e quando finalmente viu Baekho, Aron e o loiro, Wu Kris, ali, ajoelhados, amordaçados e amarrados em um canto e alguns metros à frente uma mesa e sobre a mesa cordas e facas como ela pediu, toda a sua ansiedade passou.

Estava em casa, aquilo era o que sabia fazer bem.

Por mais que odiasse, teria de mostrar que adorava. Era hora do verdadeiro show de horrores.

Baekho queria matar cada um dos Cha, mas não podia. Foi chamado ali e sem saber caiu como um patinho na teia de aranha daquela mulher e levou Kris junto. Queria socar a si mesmo, era um idiota, e um cego. Como nunca desconfiou da sua copeira? Michelle não tinha um olhar comum, não era como as outras, nunca foi e talvez por isso simpatizava com ela.

Deveria ter desconfiado. Olhou para seu irmão, ele permanecia frio, assim como Kris. Era tudo sua culpa e ele sabia um pouco sobre os Campone, um pouco para ser suficiente e ter a noção que não sairiam vivos de lá. Ravi tinha dito a eles:

— Me desculpem, mas vocês são os dotes dela e eu não posso dizer não a uma Campone.

Era um pesadelo, Michele era uma Campone disfarçada, ele jamais deveria ter sequer tocado nela... E seu pressentimento só piorou quando ela entrou no porão seguida de N e o encarou sorrindo de orelha a orelha.

Ele se voltou para N que apenas desviou o olhar, aquele maldito! Ele sabia que estava sendo louco, ainda mais do que Aron, seu irmão era psicótico, mas N... Ele ia ter pesadelos sobre isso depois. Baekho queria que ele jamais dormisse de novo, afinal ele iria dormir com ela...

Não se lembrava de algum amante de uma Campone que durasse muito tempo. Não houve nenhum, segundo os boatos.

Maldita máfia!

— Olha só que encontro auspicioso, três docinhos para mim brincar... Se estou feliz? Imagina! — E ela veio para ele se agachando e apertando seu nariz animada — Mas o destino é mesmo uma cadela, hein Baekho? Pronto para me ver brincar com seu irmão? Eu estou, estou louca para me divertir essa tarde... Vamos jogar muitos jogos hun? Vamos brincar muito e encher esse chão de vermelho... Ahhh o vermelho, é minha cor favorita, não é a sua também? — E então ela se curvou e engatinhou até seu irmão a alguns passos dele, Baekho estremeceu, aquilo era um pesadelo... — E você Aron, curtiu me bater essa manhã, aproveitou bem? Pronto para o jogo ao contrário? Pena que eu não gosto muito de bater, é rápido demais sabe, quando o assunto é sério eu gosto de cortar, muito mais eficiente, já brincou de dez centímetros? — E ela riu batendo palmas como uma criança enquanto seu irmão se afastou dela de olhos arregalados, mas o que era...? — Pois é, começaremos pelas extremidades porque eu sou dessas, ok? E daí eu vou amputando de dez em dez centímetros, temos bastante tempo para brincar e precisamos dar um belo show ao seu irmãozinho concorda? Ele precisa ver você agonizar muito, gritar, chorar... Porque você grita quando sente dor, neném? Ficou muito frustrado por eu não choramingar para você? Acabei com a graça não é...? Mas agora vamos nos divertir de verdade, sabe como é né, na minha terra chamamos de jogo do amor, eu me movimento, você grita, eu te corto, você chora, eu me banho no seu sangue e você agoniza. É lindo!