Autor: Nayo Jones
Uma vez uma terapista me disse que era irônico quanto amor eu dava para os outros, porque eu não dava muito para mim mesma.
Ela riu, como se amor próprio fosse uma piada de mau gosto.
Eu ri, e então chorei em casa.Uma vez alguém me disse, que eu não poderia amar mais ninguém até que eu aprendesse a me amar.
Desta vez, eu comecei a rir.
Desta vez, a piada de mau gosto era minha, era eu.Eu poderia muito bem esperar para sempre.
Eu lembro de me odiar aos sete anos, diários cheios de críticas até a borda.Aos oito anos, eu tinha paginas o suficiente para costura-las em asas para voarem perto o suficiente do sol para ver minhas lágrimas se transformando em vapor.
Sentir a queimadura de cera em meus ombros e moldar em pele grossa.Eu tinha nove anos quando queria morrer.
Treze quando eu finalmente encontrei uma solução, imaginei que se cortasse minhas pernas o suficiente a gravidade me deixaria ir.Quando isso não aconteceu, eu coloquei um travesseiro ao redor do meu pescoço, torcendo como uma corda balança.
Eu sabia tão bem desde criança, ouvi meus batimentos nas minhas orelhas como um tambor, então desmaiei.Quase convenci a mim mesma que tinha feito.
Quando comecei a escrever, manchei de sangue cada página para lembrar a mim mesma que tudo lindo tem uma consequência.
Eu esperava parar a coagulação o suficiente para me entregar e me deixar ir.
Eu morri tantas vezes.
Então, quando eu digo que te amar quase faz a vida valer a pena, eu não estou brincando.
Então,quando eu digo que te amar quase me faz esquecer de como eu me odeio, isso não é poesia.Te amar está pegando todo o amor que eu nunca consegui me dar e colocando isso em bom uso.
Isso me faz pensar que se alguém pode amar uma coisa morrendo desse jeito, que pode segurar o Lazaro do meu corpo e agradecer pelo jeito que se agarra.Se alguém pode beijar as cicatrizes, administrar as pílulas, absorver os dias ruins e acordar sorrindo ao meu lado, então eu posso tentar respirar de novo.
Porque amor-próprio nunca vem em primeiro lugar.
Ou em segundo.
Ou nem nunca.Mas que o amor seja a mureta na borda da estrada, seja as gavetas que escondem as coisas afiadas.
Seja o corpo que carrega o meu desmoronando para cama, seja as flores que você comprou.
Porque apesar delas estarem morrendo também, elas continuam dançando.
O amor não vai me curar, não vai apagar minha lacuna de um corpo limpo.
Eu sempre serei uma mulher com feridas, de pescoço marcado por uma corda e de pele derretida.O amor não vai me curar, mas vai segurar minha mão se um dia eu me curar, e talvez me ensine uma piada que eu possa ficar viva o suficiente para rir.
Eu te amo, o suficiente para querer me amar também.

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Poemas (PT-BR)
PoesíaOi gente, tudo bom? Eu vou postar a tradução de alguns poemas ou textos que eu achar por ai rsrs, em sites ou videos etc. Espero que vocês gostem mesmo e desde já peço desculpas pelos erros! 🥰🥰