Dias árduos e cansativos

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Depois de passar uma noite na casa do senhor, entendi que minha vida tinha realmente mudado, acordar 3 horas da manhã para trabalhar e assim pagar por minha moradia?, sim realmente eu tive que fazer isso, todo dia às 3 horas tinha que levantar e ir procurar lenha, depois tinha que ir procurar carne, legume, verdura ou qualquer outro tipo de comida que service para nosso "café da manhã" que nada mais era que água quente e um pouco da comida que eu pegava, pois o resto iria ser guardado para o almoço, depois do café da manhã que normalmente acontecia às 5 iria então eu correr 30 voltas pela casa em menos de 10 minutos, algo que eu achava realmente impossível, mas eu não podia desistir e assim fiz, depois de uma hora correndo eu ja não sentia mais minhas pernas, pedi para descansar 1 minuto, mas nem isso o senhor me deu, depois da corrida vinha o treinamento com a espada de madeira, era uma espada grande, talvez duas vezes maior que eu, e assim meu treinamento continuava, após esse ciclo acabar vinha o almoço, e após ele o ciclo recomeçava, e dai quando tudo acabava, eu dormia e no outro dia cedo, la vinha ele de novo, com um chicote na mão, aquele olhar matador, e a frase clássica "Levanta Muleke", realmente eu não entendo por que não desisti naquele tempo, era um tempo difícil e muito cansativo, enquanto outras crianças brincavam, eu treinava, enquanto elas comiam doces, eu comia restos de comida que eu mesmo tinha pegado, porém tudo isso era para o meu bem, eu só não tinha visto isso.

E assim desse modo 2 anos se passaram, agora essas tarefas a qual eu me ressentia tanto, eram apenas afazeres comuns, correr 60 voltas em 10 minutos era como arrumar sua cama após acordar, algo fácil e calmo, assim meu Mestre que antes era Senhor me mandou para uma ultima prova, uma ultima etapa para meu treinamento, muitos podem pensar que por ser a ultima ela seria uma coisa de dificuldade média, bem, até eu achava isso, porém quando vi e ouvi o que era minha missão, meu corpo tremeu, minha mente congelou, e por um momento, um mísero momento, eu tive vontade de voltar para casa, deitar na minha cama e dormir, mas eu não podia mais voltar atrás, pois minha casa e minha família foram mortos, ninguém mais existira nesse mundo, assim peguei minha espada de aço reforçado a qual tinha quase duas vezes meu tamanho, olhei para ele e disse "Venha dragão, eu vou te cortar em pedaços", sim, essa era minha missão, matar um dragão, algo fácil, muito fácil.

Assim o dragão saiu de sua toca, sedento por sangue ele estava, seus olhos eram de coloração vermelha escura, assim como o sangue que corre por nossas veias, sua pele era dura como rocha, seu rugido era como um som que entrava e estourava toda a sua cabeça, e em sua boca, sua arma mais temida, um lança-chamas natural, ao qual queimava uma cidade inteira somente com um sopro, porém, ao olhar que em minha mão também havia uma arma, a qual podera dividir um urso ao meio num piscar de olhos, eu encontrei coragem e fui ao encontro do dragão, ele me cuspiu fogo, mas me esquivei e lhe cortei o estômago, infelizmente o dano foi pouco, pois sua "armadura" era mais forte do que eu esperava, mesmo assim não pensei em desistir, pelo menos não tão cedo, ele nervoso levantou voo olhou para mim, encheu sua barriga até quase estourar, mirou e cuspiu mais fogo do que antes, porém eu também sabia voar, talvez não da mesma, mas com um impulso pulei na parede da caverna e com outro impulso dei um segundo pulo visando a garganta do dragão, e assim foi feito, com o ataque mais forte e rápido que já dei, cortei-lhe a garganta, e mesmo assim quase morrendo, o dragão não quiseras desistir, mesmo caído no chão, ainda gritava e gemia, e o seu olhar ainda dava tanto medo, quanto antes, pois agora não só havia o vermelho do sangue que derramou, mas também o vermelho do próprio sangue.

Porém, acima de qualquer coisa tinha algo que eu necessitava fazer, mesmo não tendo prazer disto ou muito menos ter alguma razão para tal, eu devia fazê-lo, eu devia matá-lo, e assim foi feito, com toda a minha força restante levantei minha grande espada e com só um movimento lhe cortei a cabeça, ao terminar tudo percebi que lágrimas caiam do meu rosto, uma enorme tristeza em mim aparecera, e minha consciência pesava como nunca antes havia pesado, então olhei para minhas mãos, nelas havia sangue, sangue do dragão que eu matei, comecei então a me questionar, porque matei este dragão?, oque ele me fizeste?, e percebi que tinha tirado uma vida simplesmente para provar minha força para meu mestre, mas, mesmo minha mente estando confusa e triste, mesmo assim eu ainda me sentia tranquilo, era como se aquilo fosse algo normal, eu me sentia "bem" mesmo naquela situação, ao olhar para ao meu redor, percebi que uma pequena vila existia ali perto, mas estava totalmente degradada, casas queimadas, animais mortos, pessoas mortas, foi então que percebi, que eu não tinha matado sem razões, a minha razão era óbvia, era salvar aquelas pessoas que ainda vivem ali naquela vila, eu matei o dragão que destruía aquele local, minha mente então se clareou, vi que tinha nascido para isto, meu destino era salvar vidas, ajudar pessoas, e principalmente combater o mal, meu destino era proteger, e jurei ali naquele mesmo local, que daquele instante a frente eu iria dedicar minha força a proteger quem precisa de proteção, a ajudar quem precisa de ajuda, e a punir quem precisa de punição.

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