Dança das Lâminas

Prólogo - Além do que podemos sentir

O tilintar das lâminas soavam como uma canção fatal, acompanhadas pelos movimentos corporais do grande homem que escapava da mortal lâmina que ameaçava lhe arrancar a vida. Sua respiração estava ofegante e pesada, era notável seu desconforto perante àquela situação, Touga enfrentava mais do que somente um inimigo, eram muitos de uma só vez.

O homem estivera lutando por muito tempo até chegar ao estado de exaustão. Já havia dançado sobre o campo de batalha no ritmo de sua espada partindo os corpos de seus oponentes, aos quais jaziam mortos no solo pintado com o vermelho de seus sangues demoníacos. Em todo seu redor, haviam youkais mascarados cujos nem mesmo seus olhos brilhavam pelas fendas que lhe permitiam ver. Eles foram mortos por mais tempo do que o General poderia passar lutando, mas independente de quanto tempo tenha se passado os matando... eles sempre retornavam para o campo, como se os reforços não tivessem um fim. Touga não desistiria tão facilmente, ele não estava pronto para aceitar sua derrota e não cederia à morte, e quanto mais ele caía, mais motivação o General dos Cães tinha para lutar.

— Querido? – Chamara aquela doce voz. O vento balançava as folhas, em harmonia.

Touga sempre estava de pé, acordado desde antes do sol nascer. Ele quem preparava a primeira refeição para sua esposa e para seu filho mais novo, InuYasha. Toda vez que ele fechava seus olhos, mesmo que por meros segundos, ele sentia seus mais felizes dias revividos em sua grande memória: O dia em que descobriu que outra criança aguardava seu nascimento, no útero de sua amada esposa, Izayoi.

Touga mantinha seu foco no confronto com seus inimigos, qualquer distração poderia lhe ser fatal, por isso, não havia nenhuma hesitação em seus golpes, nem mesmo misericórdia em seus olhos. O homem deslizava sua katana pelos corpos dos youkais que ali o enfrentava, atravessava suas vidas e as cortava em dois, fazendo-os caírem a chão sem quaisquer sinal de vida. Ele não tinha outras intenções além da sobrevivência, estava lutando para matar e viver.

Um som vinha com o vento soprado pelo norte, naquele momento em que estava focado em não se ferir. Touga conseguiu ouvir um baixo lamuriar, como um pequeno som de dor, ele desviou seus olhos por curtos segundos, olhando para o bosque que abrigava seu lar. Tais segundos lhe custou mais do que poderia pagar: desviar os olhos do youkai à sua frente lhe custou um grave ferimento em seu peito, quase tão fundo que quase tocara-lhe o coração.

— O que você gostaria que fosse, querido? – Perguntou Izayoi, alisando seu ventre que começava a crescer. InuYasha a abraçava carinhosamente, posicionando sua orelha sobre a barriga.
— Tá se mexendo! – Gritou a criança, assim que sentiu um movimento. InuYasha soltava gargalhadas conforme conversava com a criança, às vezes tocando a barriga de sua mãe com suas pequenas mãozinhas.

Touga parecia distraído quando enfim foi atraído pela harmoniosa voz de sua esposa, estava observando algo ao distante que somente seus olhos podiam captar. Ainda que estivera distraído, ele ouviu a pergunta no momento em que sua esposa o chamou, e pensou em uma resposta.

— Bem... – Pensava mais à respeito, agora com uma mão posicionada em seu queixo, de forma pensativa. — Eu não me importarei se for outro menino ou uma menina. – Respondeu, olhando para o quintal que enfeitava a frente de sua casa com flores silvestres e sem nomes. — Independente de como essa criança seja, eu a amarei e ensinarei como viver. – Izayoi soltou um sutil riso, fazendo o rosto de Touga se contrair em uma feição meio confusa.
— Você pode até ser o General dos Cães, mas as vezes, você é tão humano. – Touga sorriu, meio sem jeito com aquele comentário, embora ele lhe foi mais como um elogio.