Eclipse

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Terminei o cronograma e fui vê o celular. O João Pedro perguntava se eu havia terminado.
- Oi, tudo bem 😃
- Oi, tudo. Respondi
- E aí, já terminou o cronograma?
- Sim!
- Eu também. E então, qual o dia que poderemos se encontrar ?
- Podemos se encontrar no sábado ?
- Então está Ok.
- Ok, no sábado pela tarde. Dizia
- ótimo.
- E onde ? Perguntava ele!
- Pode ser no Colégio mesmo. Já que é um trabalho escolar.
- É... Mas, é um trabalho sobre a vida do outro, e não necessariamente a nossa vida se resume apenas ao Colégio.
- Não foi isso que eu disse! Você deve ter uma péssima interpretação de texto. Apenas falei na escola, por ser um lugar de encontro, que eu e você conhecemos melhor.
- Não fique brava, eu não quis ser rude e não tenho péssima interpretação de texto. Mas você deve ser bem esquentadinha...
- Ah... Sábado se encontramos e uma boa noite!
- Boa noite. Ele finalizou.
Mas quem ele pensa que é para me insultar assim, que garoto .... Insuportável!  Nossa, cadê a mamãe e o papai que não chegam!
No momento em que desci a escada eles chegaram.
- Aí, filha!
- Mamãe, hoje vocês demoraram em!
- Sim, querida.
- Cadê o papai?
- Ele está vindo, querida. Você já tomou banho ?
- Sim! Mas estou morrendo de fome...
- E porque você não jantou ? A Dona Joana não deixou.
-  Ela deixou só que eu estava esperando vocês.
- Tá bom filha, eu vou tomar um banho e jantamos todos juntos.
- Ok, mamãe.
Não comentei nada, mas achei a mãe tão estranha, nunca tinha visto a doutora tão abatida.
Pouco tempo depois chegou o papai. Ele também não estava tão bem.
- Olá papai!
- Olá, minha Jóia rara.
No mesmo momento, mamãe grita da escada:
- Podem jantar sem mim, estou sem fome.
- Mas mãe!
- Deixe filha, a sua mãe está cansada.
- Vamos comer.
Jantamos, foi tudo tão silencioso e tão estranho. A mesa de jantar não era a mesma sem a mamãe. Mas papai parecia triste, mesmo assim tentava puxar assunto.
- E aí como foi o primeiro dia de aula ?
- Foi bem, não foi tão padrão...
- Não?! Perguntou ele
- É foi um pouco padrão e um pouco não padrão. Acho que meio a meio
- Ok.
Demos risadas.
Depois de jantarmos, fui para o meu quarto e se despedi de meu pai. Escovei meus dentes e fui dormir.

Amanheceu, rezei e fui tomar um bom banho, escovei os dentes,usei meu uniforme, penteei os cabelos e desci. Mamãe estava lá, bebendo café e a dona Joana, cortando o bolo.
- Bom dia, Dona Joana. Dei um abraço nela.
- Bom dia, minha menina.
-Bom dia mamãe, cadê o papai ?
- Bom dia, Lena, seu pai já foi.
- Nossa! Mas nem me esperou ?!
- Ele teve que ir... Ele recebeu uma ligação.
-Ah! Disse.
- Você quer bolo de cenoura? Lelê. Disse dona Joana, ela era com uma avó, tão fofinha e carinhosa comigo, a única pessoa que me chama de Lelê. Com seus cabelos curtos, seu tamanho baixo, ela era uma graça, desde que nasci, ela já trabalhava conosco.
- Quero sim, Jujuba. Era o apelido que dei para ela.
Terminamos o café, e fomos para o Colégio, mamãe me deu um beijo. E dei um outro nela.
- Tchau, Querida.
- Tchau, mamãe. Fica com Deus!
- Amém, você também. Disse ela dando tchau.
Mamãe, estava abatida, sem alegria, não parecia a mesma doutora, que alegrava a todos com seu ânimo. Cheguei no portão e não vi a Cat, então fui para a sala, ela também não estava, mas a sua mochila sim. Assim como ninguém estava. A sala se encontrava vazia. Mas a minha carteira da frente estava ocupada, uma mochila se encontrava na cadeira que eu sempre sentava.
- Quem ousou a sentar aqui! E não tem mais nenhuma na frente, só atrás, mas no fundo eu não sento. Vou procurar a Cat, e descobrir quem é o intruso.
Caminhei e fui para a quadra, onde estava uma aglomeração de alunos.
- O que será que está acontecendo aqui?! Quando vi, era aquele garoto o JP, jogando Xadrez com o professor de matemática e para minha surpresa o garoto estava ganhando. Olhei para o lado e avisteia Cat.
- Catarina! Catarina.
- Oi!
- Catarina, puxei ela. Venha aqui.
- Oi! O que você quer. Ela disse sorridente.
- O que está acontecendo?
- Lena, O JP é fantástico, lindo, maravilhoso, inteligente...
- Tá, tá. Eu quero saber porque todos estão ali!
- Ah, se você vê, O João Pedro, ganhou de todos no xadrez, faz mais de 200 embaixadinhas, e é fã de Harry Potter, tem uma linda letra...
- Chega, agora eu quero saber. Quem está sentado na minha cadeira.
- Na sua cadeira?!
- Sim! Cat, na cadeira que eu sempre sento, no lugar que sempre você guardou para mim.
- Ah,tá... É que...
- É que o quê ?
- Sabe, é o que o JP, ele...
- Eu não acredito, Catarina Pimenta. Porque você fez isso?!
- Aí Helena, o coitado, ele usa óculos, tem que sentar na frente.
- Mas eu também não uso! ...Tá bom, você me traiu, bela amiga.
- Helena, eu sou sua amiga, mas aí eu acho que estou... Apaixonada!
- Tchau, Cat, fica aí com seu ídolo. Saí e fui para sala.
- Eu vou sentar no meu lugar! Peguei a mochila dele e coloquei numa cadeira do fundo. Pronto! Ninguém vai tomar meu lugar. Peguei meu livro da Revolução francesa e comecei a ler.
Fiquei sozinha na sala, até que bateu o sinal e todos vieram para sala.
- Você é o cara rapaz! Dizia o professor Edu de Matemática.
O João Pedro chegou se sentindo a última bolacha do pacote. Ele já foi indo para a minha cadeira e perguntou:
- Eu não estava sentado aí ?
- Não, se você tivesse sentado aqui, estaria você sentado e não eu!
Todos da sala começaram a zoar.
- É verdade, eu não estava, mas a minha mochila sim! E você deve está bem ceguinha, pois não viu que já tinha gente aí. Eu vou comprar um óculos, fundo de garrafa e darei para você, dona perfeitinha! Ele me insultou.
Todos deram risadas.
- Olha garoto...
- O que está acontecendo aqui ? Me interrompia o professor.
- Professor, eu tinha chegado, deixei a minha mochila aqui nesta cadeira e fui para a quadra, quando voltei uma ladra de cadeira estava no meu lugar. Dizia ele.
- Mas que ... Garoto!
- Helena! Você deve sair, esse lugar é dele. Dizia o professor Edu.
- Mas professor, eu sempre sentei aqui, este sempre foi o meu lugar.
- Querida, mude só hoje!
- Tá bem, saí e fui sentar no fundo. Infelizmente. Tinha ficado no pior lugar da sala! Perto dos barulhentos.
Em todas as aulas eu fiquei na escuridão. Todos as perguntas que eu sabia e levantava a mão, os professores não me viam e o JP, levava a melhor.
No intervalo a mesma coisa, a Cat não foi falar comigo, fiquei sozinha na mes e todos estavam aglomerados no João Pedro.
Foi um verdadeiro encobrimento, uma verdadeira Eclipse!

GNP- GAROTA NÃO PADRÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora