Family

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Eduardo dormiu antes do filme acabar. Elle o carregou nos braços e o levou para a cama. Cobrindo o irmão com as cobertas e deixou um beijo na testa dele.

– Eu queria conversar com vocês. – Andy disparou, séria, assim que a irmã voltou para a sala.

– O que aconteceu? – Elle se preocupou. Andy demorou um pouquinho, criando coragem.

– Eu... Eu quero procurar o nosso pai.

Silêncio.

Os olhos de Elle encontraram os da mãe, com medo, desespero e incerteza. Uma sensação ruim se alastrou no peito de Elle, e ela cravou os dedos no estofado do sofá.

– Eu não vou para o Brasil, nem nada. Só quero procurar ele nas redes sociais, tentar estabelecer contato. – Andy explicou, mas Elle balançou a cabeça negativamente.

– Não. – Elle decretou, buscando apoio nos olhos de Helena. Mas a mãe dela apenas tinha os olhos no chão.

– Como não? Vocês disseram que ele foi embora, não é? – Andy argumentou. Seus olhos verdes sedentos por informações. – Eu quero saber quem ele é. Quero ver o rosto dele. Eu só... Eu preciso conhecer as minhas origens.

– Filha, talvez esse não seja o momento adequado. – Helena interviu. – Você tem só 16 anos, e talvez quando você for mais velha e puder...

– Eu quero conhecer ele! – Andy aumentou o tom de uma forma que Elle não gostou nada. Andressa nunca foi uma garota mimada, e não era agora que Elle deixaria que ela se tornasse uma.

– Abaixe o tom. – Elle disse, rígida. Andressa engoliu em seco, nervosa. – Mamãe, Edu e eu, somos a sua família. Apenas nós. Esse homem... Ele não merece nada da sua atenção.

Elle levantou, nervosa. Foi até a janela da sala e olhou para a cidade, respirando fundo. Andy não podia vir com isso justo naquele momento. Elle desejou que sua irmã pudesse ignorar a existência desse homem. Que pudesse viver a vida sem nunca pensar nele, como Eduardo faria. Já que o mais novo sequer conheceu o pai.

– Eu tenho o direito de decidir. Ele é meu pai. – Andy falou, e Elle nem precisou encarar a garota para saber que ela estava prestes a chorar.

– E nós temos o direito de te proteger. – Elle rebateu, sem olhar para a irmã mais nova. Estava cega. Pelo medo, pela mágoa e pelo ódio, não podia deixar que apenas a memória daquele homem pudesse de alguma forma afetar negativamente a sua família.

– Não era esse o momento para falar disso. Eu e Danielle concordamos que teríamos essa conversa com você, quando sua maioridade chegasse, Andy. – Helena falou pacificamente, como a voz da razão. Elle queria ser paciente, ter calma com a irmã, mas todas as lembranças ruins do Brasil enchiam sua mente em uma avalanche de dor e sofrimento.

– O quê vocês estão escondendo de mim? – Andy exigiu, seus olhos cheios de lágrimas.

– Nada, minha filha. Só achamos que...

– Conte a ela, mãe. – Elle interrompeu a fala de Helena, se virando novamente para a irmã, seu olhar era fatal, cruel. – Se ela quer tanto saber. Diga a verdade.

– Danielle, pare. – Helena a repreendeu.

– Morto. Esse homem que você quer conhecer, está morto! – Elle berrou, sua paciência havia esgotado. As lágrimas escorreram pelo rosto de Andy, mas Elle não conseguiu se compadecer. – Você queria a verdade, agora lide com ela.

Elle se retirou para o quarto, como um furacão. Ela se trancou no quarto e se jogou na cama, fechando os olhos com força. E empurrando para longe todos os sentimentos ruins que aquele assunto queria trazer à tona. Ao invés disso, Elle ficou no Twitter conversando com alguns de seus fãs enquanto ouvia os funks do Brasil, tudo para esvaziar a mente.

Play Me Harder [hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora