– O que você está fazendo aqui?
– Eu... Eu trabalho aqui. – Matt Vain gaguejou, vendo o estado catastrófico da aparência de Elle. – Você está bem?
– Eu pareço bem por acaso? – Ela devolveu, se amaldiçoando no instante seguinte por ser rude com alguém que não tem nada a ver com seus problemas. – Me desculpe, eu... Você está aí há muito tempo?
– Tudo bem, Elle. Eu ouvi você cantando e vim até aqui. A música é diferente de tudo o que eu já ouvi você cantar. – Ele disse, se aproximando como se estivesse lidando com um animal arisco. O que de certa forma, era verdade.
– Eu sei, é uma merda. É a primeira vez que eu componho sozinha e já est...
– Não, Elle! É sensacional! A música é profunda, triste e real. Você só compõe bem quando coloca você mesma em cada verso, em cada nota. – Matt sorriu, se aproximando. – Eu não sei pelo que você está passando, mas saiba que eu respeito seu espaço.
– Obrigado, Matt. – Elle respondeu, e o compositor a abraçou em um gesto inesperado, mas bem vindo, de carinho.
– Parece que você passou a noite toda aqui. Vamos até a lanchonete comer algo. – Matt sugeriu, a levando para fora. – Desde que horas está aqui?
– Desde as dez da noite. Eu nem vi as horas passarem.
Antes de irem à lanchonete do primeiro andar da Muse, Elle foi ao banheiro. Se deparou com um reflexo desgastado no espelho. Seus cabelos estavam cheios de frizz e sua pele estava pálida, além dos olhos inchados e vermelhos do choro da madrugada e os círculos arroxeados das olheiras.
A brasileira refez seu coque, colocando os fios no lugar. Ela molhou o rosto e o pescoço, vendo uma marca arroxeada na altura da clavícula, um chupão deixado por Shawn na noite antes de ontem. Ela fechou o casaco para impedir que a marca fosse vista.
– Você tem um óculos escuro para me emprestar? – Elle perguntou a Matt, que abriu a mochila e tirou um Ray-Ban clássico de uma caixa na mochila. – Obrigado.
A dupla seguiu para a lanchonete e Elle ficou sentada enquanto Matt fez os pedidos. Tomando um gole generoso de café preto, e comendo donuts, Matt tentou distraí-la dos seus problemas contando uma de suas aventuras em viagens pela América do Sul. Elle até conseguiu dar umas risadas quando ele contou sobre suas aventuras no Brasil, e os palavrões que havia aprendido.
O telefone de Elle tocou, com a foto de Miranda. Foi então que lembrou da reunião marcada para as onze. Felizmente, ela já estava no prédio então era só esperar uns quinze minutos e subir para a sala de reuniões. Elle não atendeu, apenas aguardou a chamada acabar e enviou uma mensagem, avisando que já estava na Muse.
– Ei. – Matt chamou, segurando sua mão em um gesto amigável. – Sabe que seja o que for, eu sou seu amigo. Se precisar de qualquer coisa.
– Isso que você está fazendo por mim é suficiente. – Elle garantiu, sorrindo fraco.
– Precisa de carona para casa? Você parece exausta. – Matt indagou.
– Não, na verdade eu tenho que subir para a sala de reuniões. A Miranda já deve estar esperando por mim. – Elle garantiu, levantando. – Mas vou querer o óculos emprestado.
– Claro. Eu vou para a sala de composição. – Matt também levantou. – Se precisar de ajuda com o que compôs hoje, pode me falar.
– Muito obrigado, Matt. – Elle acenou, indo em direção ao elevador.
Enquanto subia, Elle pensou que gostou de ver a imagem de um amigo em Matt. Ele não havia feito perguntas, não a pressionou e foi imensamente gentil. A possibilidade de todas essas novas pessoas aparecendo e sendo dignas de confiança, era tranquilizadora. Hailee e Matt, eram pessoas que Elle mal esperava para ser amiga.
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Play Me Harder [hiatus]
FanfictionApós deixar para trás um passado traumático no Brasil e uma vida difícil em Montreal, Elle Montez finalmente conseguiu engatar uma carreira ascendente no mundo do pop. Entre a família e o cotidiano de estrela em ascensão, Elle vai conhecer Shawn Men...