I've got a chance

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Acordei com o despertar irritante do meu telemovel. Esferguei os olhos e sentei-me na cama, sentia a minha cabeça a estalar, ficava assim sempre que chorava até tarde. Mas estava decidida, era hoje que ia mudar a minha vida. Estava farta de viver ás custas daquele homem, o homem que destruiu-me a infancia, o meu pai. Tirei aquelas mantas que me cobriam e esperguiçei-me, senti os meus ossos estalar. Levantei-me da cama e vi que o relogio marcava as 8:00, tinha que despachar-me pois o meu pai exigia que eu e a minha madrasta comessemos a mesma hora que ele, para depois poder partir para o trabalho, era o ultimo esforço que fazia por ele, ela a ultima vez que ia ter uma refeição com ele, era a ultima vez que me poderia pôr -me os olhos em cima. Escovei os dentes e tomei um banho de água quente, sabia-me bem para acordar, sequei o cabelo e pentiei os meus cabelos longos e pretos, lembravam-me os da minha mãe e o quanto eu tinha saudades dela. Vesti um vestido largo, o meu pai adorava quando eu usava vestido, decidi fazer-lhe o favor e fiz uma maquilhagem leve fiquei indecisa quanto ao calçado, pois tenho imensos sapatos mas decidi-me por umas sabrinas. Ganhei coragem e desci aquelas longas escadas que davam o acesso a sala, cozinha, entrada e jardim, a minha casa era enorme, parecia um palácio o meu pai era rico, era dono de uma empresa enorme e eu tinha tudo o que queria, menos uma coisa, felicidade. Avistei a minha madrasta, a unica pessoa por quem ainda consigo sentir um carinho especial pois sempre me fez lembrar a minha mãe na forma de ser, super despachada, querida e preocupada.

- Olá Eva , como estás? - Disse na minha maior forma simpática, pois sabia que ela merecia.

- Estou bem Melissa, e tu?

- Também. Viste o pai? - Sentei-me naquela enorme mesa, não sei para quê uma mesa tão grande se somos apenas 3 pessoas, mas o chefe é que manda.

- Ele deve estar ai a aparecer querida, está descansada.

Estou mais que descansada, pensei para mim, tudo o que eu mais queria era sair desta casa mas se aquele homem tivesse a morte mais dolorosa de sempre também não era mau pensado.

Vi ele aproximar-se e afastei-me daqueles pensamentos, cumprimentei-o com um simples olá, eu sinceramente não sabia porque ele queria tomar o pequeno-almoço com as duas, pois ele só fala com a Eva, ou aliás, a Eva nem responde, ele fala sozinho. Eu sou a ignorada.

Vi ele a agarrar na mala da empresa e sair pelo portão do jardim com o seu carro luxuoso. Continuei a mesa com a Eva, eu sabia que quando saisse daquela mesa nunca mais ia vê-la então apenas mantive-me a olhar para o rosto dela, ela era linda, nem sei como o meu pai a conseguiu conquistar, tinha os cabelos loiros e cortados pelos ombros, uns olhos castanhos mel e um rosto perfeitamente arredondado, tinha as bochechas vermelhas o que lhe dava um ar extremamente encantador. Ela não merecia que eu simplesmente saisse daquela mesa, e quando a apanhasse desprevenida ou ela apenas fosse sair agarrasse nas malas e fugisse de casa, mas eu não lhe podia contar, conhecia a Eva a 6 meses e eu não sei o que ela e o meu pai falam pessoalmente e ela apenas tenta ser simpatica comigo porque o meu pai lhe pede. Mas mesmo assim eu adorava aquela senhora.

- Passasse alguma coisa Melissa? - Ela disse limpando a boca ao guardanapo e só ai apercebi-me que estive este tempo todo observa-la.

- Não , desculpa Eva. Vais sair hoje? - Eu sabia que sim, ela não trabalhava mas adorava compras , de certeza que ia ás compras ou almoçar fora com uma das suas amigas.

- Sim, vou sair e almoçar fora com a Erin. Precisas de alguma coisa? Aliás, queres vir connosco? Prometemos não ser umas autenticas velhas secantes.

Era simpático da parte dela convidar-me mas eu realmente não podia ir pois era nessa mesma hora que eu tinha que partir.

- Não, eu fico por casa, hoje não me apetece sair, desculpa Eva - Dei a entender que estava realmente triste por tal coisa.

- Não importa, bem vou andando. Adeus querida.

Vi ela a aproximar-se da porta e sabia que não devia deixa-la ir embora sem pelo menos despedir-me dela com um simples abraço.

- Eva? Espera ai - Corri até ela e dei-lhe um abraço , sentia os meus olhos marejar e não queria chorar então afastei-me.

- Que foi isso Melissa? Estás bem?

- Desculpa, apenas senti saudades da minha mãe.

- Não penses nisso querida, ela está la em cima a olhar por ti, queres que fique aqui contigo?

- Não, vai lá, isto já passa. Vá diverte-te.

Dei o meu melhor sorriso e senti ela envolver novamente os braços em mim, e era daquele abraço que eu precisava para me encorajar para o resto do percurso que haveria de fazer. Subi as escadas e tirei as malas que já tinha feito de baixo da cama, não podia levar toda a minha roupa ou calçado pois vou sair sozinha e de comboio, iria ser cansativo se levasse muito mais. Pus o essencial na minha bolsa, e tirei o envelope que eu já andava a juntar dinheiro a 1 ano para este dia, pus o envelope dentro da minha bolsa agarrei nas malas, espreitei lá para baixo e vi uma empregada na sala, como irei passar por lá sem ela dar conta? Enfiei as malas para dentro de uma casa de banho ao pé das escadas e chamei a empregada.

- MAYYYYAAA , preciso que limpe o meu quarto, está nojento! E a casa-de-banho tambem!

- Eu mando já a Leah menina.

- Não e a Leah, és tu , vem rapido.

Vi ela subir a escada com uma cara assustada, mas não me importei, nunca mais iria-me ver tambem. Assim que ela entrou no meu quarto fechei a porta e desci com as malas. Pronto agora era só sair daquela casa e nunca mais iriam ver o meu rasto.

I've got a chanceOnde histórias criam vida. Descubra agora