Diferente do meu pai, minha mãe sempre se importou comigo e com o meu bem estar, então quando passei mais de 24 horas longe de casa claro que ela ficaria preocupada e me ligaria, não a negligenciei, por mais que fosse contra minha vontade deixei a casa de Isak e fui em direção a outra um pouco mais afastada da cidade, a da minha mãe.
Ela me acolheu bem, e disse que não tinha ido ao trabalho aquele dia porque estava muito preocupada comigo, contei tudo que havia acontecido desde a briga com o meu pai até a noite anterior, ela apenas permaneceu calada esperando eu terminar de contar tudo. Quando acabei seu olhos castanhos profundos penetraram nos meus enquanto segurava e acaricia minha mão em sinal de apoio. Entre nós nunca foi preciso muitas palavras, atitudes, olhares e pensamentos falavam mais por si próprios.
Quando o relógio de ponteiro da cozinha estava quase marcando 13hrs já havíamos almoçado, algum tempo depois recebi uma mensagem e não foi de quem eu queria. Apareça em casa hoje, era a frase que brilhava na tela e me causava angústia, não tinha cabeça para lidar com o meu pai agora, mas iria ter de enfrentá-lo em algum momento.
Despedi-me de minha mãe e fui rezando mentalmente durante o caminho inteiro de volta para casa.
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Não fui recebido aos socos, tapas, ou até tiros talvez, pelo contrário tudo parecia em paz até o momento em que ele pareceu a poucos metros de distância de mim.
"Ora ora se não é o meu filho sumido" Ele diz com tom de desdém e permaneço parado em frente a porta ainda.
"Onde estava?" Questionou.
"Na casa da minha mãe, com licença tenho que estudar" Disse e sai de cabeça baixa em direção a escada.
"Não pense que eu sou que nem sua mãe, ainda temos muito a conversar" Meu pai soltou tentando conter a raiva
"Ah... e é melhor você me ajudar no escritório hoje""Ok''
A janela continuava fechada do jeito que eu havia deixado e a colcha bagunçada como sempre, peguei tudo que estava jogado no chão e coloquei na poltrona que eu quase nunca havia usado para sua real função, e sim como um longa parada de coisas que deveriam ir para o armário porém não foram ou nunca iriam.
Sobre estudar não era mentira eu realmente precisava, a prova seria daqui 2 dias e eu deveria recuperar em física senão tenho até medo da reação do meu pai. O livro estava na minha mochila e quando o peguei vários papéis de anotação caíram, me fazendo perder a paciência de quanta bagunça eu estava causando.
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Não sei exatamente quanto tempo se passou mas quando eu estava quase terminando o último exercício de eletrodinâmica meu celular vibrou, chequei o visor e era Isak, um sorriso tomou logo lugar no meu rosto sem mesmo eu me conter.
"Espero que as coisas com seu pai estejam melhor :)"
Digitei e apaguei várias vezes a minha resposta, nada saia a altura de sua mensagem.
Três pontos aparecem e me fizeram parar no mesmo instante de digitar.
"Apareça logo, sinto sua falta"
Essass meras cinco palavras foram capaz de aquecer meu coração e derreté-lo como manteiga. Não sei o que fiz pra merecer esse garoto.
Sou pego distraído quando meu pai grita do andar de baixo algo como desça aqui agora, logo depois de um tremendo som de objetos caindo soar pela casa. Guardo o celular no bolso traseiro da calça e vou em direção ao escritório, onde ele disse que eu teria que ajudá-lo hoje.
"Mas que mer-" Digo enquanto olho pilhas de papéis espalhadas ao redor do cômodo. Tiro o celular do bolso para que ele não caia enquanto me esforço para recolher os papéis e o apoio na escrivaninha do canto onde as pastas e prateleiras ainda estão intactas.
"Sim eu sei só me ajude logo" Ele diz com o semblante irritado na cara.
Focado em pegar todos os papéis e pastas ao redor da mesa do meu pai e organizá-los o tempo vai passando rápido.
"Então onde você esteve esses dias?" Ele pergunta sem soar nenhum sentimento através de suas palavras só indiferença.
"Bem longe de você e suas perturbações"
"Nem ouse garoto" Um dedo é apontado na minha cara porém nem me mexo.
"Se não o que? Vai me mandar de volta pra minha mãe? Pode mandar pelo menos ela se importa comigo" Rebato.
"Você anda muito abusado, melhor eu tirar esse seu celular assim você não tem mais amiguinhos pra conversar ou fugir com eles" Ele é mais rápido que eu e pega o celular na escrivaninha antes mesmo de eu me mover. Seus olhos param nas notificações das conversas que não apaguei da tela de bloqueio. Congelo.
"Tem um tal de Isak coração aqui dizendo sinto sua falta, mas que merda é essa Even? Virou viadinho agora?"
"Me devolve" Tento me manter forte mas suas palavras são como facadas em mim.
"Mais essa vergonha pra família filhinho querido" Um sorriso irônico toma conta do seu resto e meu mundo despedaçada nessa hora.
Nunca fui nem serei suficiente pra ninguém ou essa família.
Subo as escadas o mais rápido que posso, e corro para o meu quarto, ou melhor meu refúgio.
Eu já não aguentava mais tanta pressão do meu pai, nunca sou bom para ele e nunca serei, um peso, incômodo, inútil é isso que ele deve pensar de mim e não o culpo, no final ele sempre está certo. Me jogo na cama e afundo a cabeça no travesseiro tentando esquecer os meus problemas e fugir do mundo, quando percebo a fronha já está úmida de tantas lágrimas por sentimentos e medos reprimidos. Adormeço na esperança de um amanhã melhor.
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capítulo curtinho por conta de um bloqueio muito muuuito grande e em que nada decente saia pra escrever af péssima autora eu, enfim, estava pensando em desistir ou passar o plot pra alguém que ainda tá interessado na fanfic continuar mas sei lá porém se vc tiver interessado me chama no privado aqui, talvez essa seja minha última tentativa.
P.S: nova capa feita pela linda maravilhosa maravilice
-bjos-
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letter by mistake | evak
FanfictionNa qual Isak escreve cartas a um amigo anônimo e a carta vai parar em um novo endereço desconhecido por engano, mas que pode ter sido o endereço certo dessa vez. cover by: maravilice - Baseado no livro As Vantagens de ser Invisível - Slow updates