Capítulo 2

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- Sério que você tá perguntando isso? – fiquei meio desconfortável.

- Sim, me desculpa. Mas é porque já a estudamos a mais de dois anos juntas e eu nunca vi você envolvida com ninguém, e nem comentando nada sobre isso.

- Bom, é difícil falar sobre isso, mas ok, vou contar. Bom, você sabe que eu morei um ano em Portugal né? E lá, eu fiquei em uma cidade extremamente pequena, onde todo mundo se conhecia e tal, e eu não sei o que passava na cabeça daquele povo, mas a menina adolescente não podia fazer nada que já era extremamente julgada, principalmente eu, como estrangeira e no auge dos meus 13 anos. Lá, eu conheci um garoto, mais velho e muito amigo da família de minha mãe, nós viramos amigos e cerca de cinco meses depois de eu chegar lá, começamos a namorar. Foi um relacionamento muito tranquilo, até que minha mãe me avisou que iriamos embora na semana seguinte, na minha provável última noite em Portugal, eu o chamei pra conversar, pra avisar que eu ia voltar pro Brasil e tal, naquela noite ele me forçou a fazer, você sabe o que, e assim, citou que nosso relacionamento sempre foi muito morno e que não aguentava mais, que não ia deixar eu ir embora sem que provasse que realmente gostei dele, transando com ele. Eu não tive reação, apenas terminei com ele e desejei estar no Brasil o mais rápido possível, porém as coisas pioraram quando minha mãe disse que íamos ter que ficar mais um mês lá, e mano, foi o pior mês da minha vida, pois ele falou pra todo o colégio que tínhamos feito, e se eu já era julgada pelo meu jeito de viver, que eu aprendi aqui no Brasil, depois disso duplicou. Todos os garotos vinham em cima de mim, as meninas me olhavam torto, e sempre que eu estava na rua eu escutava alguma piadinha, ou algum velho falando de mim, era horrível. – Terminei de falar enxugando uma única lágrima que havia descido.

- Nossa amiga, que barra. Me desculpa mesmo perguntar essas coisas, mas saiba que isso morre aqui. – Ester veio me abraçar.

- Relaxa, agora vamos almoçar que já vão vim pegar nossas malas e levar pro ônibus.

Depois de contar isso, parece que tinha saído um peso das minhas costas, nunca havia falado sobre isso com ninguém, mas Ester merecia saber, com certeza.

Pela primeira vez na vida eu estou sem fome na hora do almoço, talvez porque fiquei meio mal de relembrar toda aquela história, então esperei as meninas fazerem seus pratos e fui sentar ao lado delas.

- Não vai comer não? – Clara perguntou.

- Não estou com muita fome não amiga. – dei um sorriso fraco.

- Aconteceu algo? – ela olhou pra Ester.

- Nada, vou ir pegar algo pra comer, a viagem é longa. – Qualquer desculpa pra acabar com aquela turbilhão de perguntas que estavam por vir.

Peguei um pouco de arroz e carne, mas foi difícil pra engolir, pois eu realmente estava sem fome, mas eu precisava me animar, e esquecer que aquela história aconteceu.

- Lari, ficou sabendo que os meninos não vão pro acampamento? – Ester interrompeu meus pensamentos.

- Que meninos?

- Jorge e Gabriel, ficaram de recuperação. – Os dois peguetes dela e de Clara, claro. – o que vou fazer lá agora?

- Sem drama Ester, com certeza lá vai ter outros peguetes pra vocês. – disse rindo. – aliás, se vocês querem ver alguém lá, é melhor comerem logo pra gente ir pro ônibus.

Lá fora o clima estava ótimo, todos se uniram em prol de fazer o melhor acampamento do mundo. Fomos até a rodinha das meninas da nossa sala pra ver qual era o assunto.

- Já ficaram sabendo da programação? – Lucia disse. – Tem tudo no site, hoje de primeira noite já temos uma festa, o luau de iniciação. Vai ter uma grande fogueira e vamos saber sobre os quartos também.

- Já vou avisando que se me separarem de minhas amigas, eu vou surtar. – Clara disse rindo.

- Apoiada, surtaremos. – Concordei rindo também.

O motorista do nosso ônibus apareceu na porta, avisando que podíamos entrar. Logo eu e Ester pegamos os dois últimos bancos, e Clara sentou na nossa frente junto com uma garota de nossa sala, Ana. Não demorou nem 10 minutos que o ônibus havia dado partida que Ester já se encostou em mim e dormiu, eu nada diferente, encostei na janela e me preparei pra acordar somente quando chegarmos ao acampamento. Dei play em alguma música e acabei adormecendo.

Quando acordei, estava tocando With You do Chris Brown e todos já se preparavam pra sair do ônibus, então esperei Ester levantar e sai com ela. O acampamento era realmente lindo, logo a frente já tinha um jardim lindo, e atrás dava pra ver o salão de festas e algumas cabanas. Todos se reuniam na frente do salão de festas, havia alguém falando algo.

- Boa noite a todos, sou Lucas, um dos monitores do acampamento. – Um garoto um pouco mais velho que nós que estava falando. – Eu vou passar a listagem dos quartos, que serão mistos. 3 meninas e 3 meninos em cada cabana, devido a brigas que tivemos no último ano nas cabanas. Depois que ouvir seu nome e saber seu quarto, vá até seu ônibus pegar as malas e podem ir se arrumarem para o luau. – Ele começou a falar vários nomes, alguns completamente desconhecidos e outros eu sabia que era do colégio. – Larissa Parker, Clara Jeane, Ester Biles, Murilo Vinicius, Igor Carmen e Gustavo Raphael na cabana 6. – Pelo menos estou junto das meninas.

- Interessante essa ideia de quartos mistos, já vamos conhecer em um primeiro momento três garotinhos. – Ester disse rindo e puxando eu e Clara pro ônibus para pegarmos as malas.

- Vocês realmente não têm um pingo de juízo. – Fomos rindo até a cabana de número oito.

Ao chegar na cabana, havia um garoto realmente muito bonito na porta, e outros dois lá dentro, provavelmente nossos colegas de quarto por esse um mês.

- Uau, ops, olá. – Disse o garoto da porta, sorrindo. – Sou o Gustavo.

Eu não sei o que aconteceu, mas quando eu o ouvi falando, travei. Só lembrei que precisava responder o garoto depois que Clara me empurrou de leve.

- Ah, oi. – Ri fraco. – Sou Larissa, e essas são Clara e Ester. – Os outros dois garotos apareceram na porta. 

Summer CampWhere stories live. Discover now