O MUNDO PERTENCE A QUEM SE ATREVE

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CAPITULO UM

AMIR LAURENCE

Eu amava meu pai, Kalil Amude Laurence, ele era o melhor pai do mundo, mas toda criança de cinco anos pensa assim não é mesmo, mas de fato meu pai era realmente meu herói. Brincava comigo, conversava sobre as coisas, ensinava-me, passeava, enfim era presente, ele sempre me dizia que eu era importante para ele, o mundo dele. As lembranças que tenho do meu pai são maravilhosas, cheias de ensinamentos e diversões. Aprendi muito com ele, a noite ele ia até meu quarto contar história sobre lendários heróis e suas grandes batalhas em defesa dos oprimidos e de lindas donzelas, sempre com um uma grande lição entre o bem e o mal o certo e o errado. Histórias que muitas vezes guardei comigo e pratiquei a minha vida toda, mas nem sempre optei pelo lado certo do bem. Durante anos ouvi meus pais discutirem, não compreendia o porquê, mas percebia que minha mãe Laura de Bragança Laurence não gostava do meu pai e nem de mim, mas pelo pouco que entendia na época, sabia que ela havia casado com meu pai por dinheiro e em seus planos não incluía filho. Fui criado praticamente pela família do caseiro da mansão, Josué, que tinha um filho Jamil e cuidava de mim quando a mãe dele, Mércia, minha babá não podia, seu pai era motorista do meu. Várias vezes eles me levavam para casa com eles, quando meus pais tarde da noite não estavam em casa, via claramente o olhar de pena deles quando me colocava na cama simples, mas limpa. Mércia minha babá limpava a garganta para não chorar quando me levava para cama e me dizia antes de sair:

- Boa noite querido, durma com os anjos, amanhã é outro dia, tudo vai ficar bem, você vai ficar bem.

Saía do quarto sem olhar para trás, eles faziam de tudo por mim me tratavam como seu próprio filho. Minha infância era na escola e em cursos caros que o dinheiro podia pagar e que minha mãe não precisasse ficar ou perder tempo comigo ou com a babá, enfim tirando as noites e os dias em que meu pai conversa e contava histórias para mim, minha infância foi vazia de afeto e carinho materno.

Meu pai, apesar de trabalhar muito sempre tinha tempo para mim, por mais curto que fosse ele sempre queria estar comigo. Lembro-me de várias noites quando meu pai se empolgava com as histórias fingindo ser um bravo cavalheiro, levantava da cama e com uma espada imaginária, mudava o tom da voz e dava brados grito de glória, lutando incansavelmente com outros guerreiros, às vezes fascinado e com os olhos brilhando de felicidade sorria e pulava da cama pegava minha espada imaginária e ia lutar ao lado do meu pai, bravo guerreiro e meu herói. Quando ele tinha que fazer longas viagens e não podia levar-me, perguntava o que eu queria de presente e ele comprava tudo o que eu pedia.

Diferente de minha mãe que quando saia comigo comprava qualquer coisa para que eu parasse quieto e deixasse-a fazer suas compras sossegada, nunca me dava o que eu queria. Humilhado perante outras pessoas calava-me, mas nunca, nunca chorava, quando olhava em seus olhos a batalha entre nós estava declarada, não tínhamos diálogos, sempre me acusando de ser igual ao meu pai. Ela nunca perguntou como eu me sentia ou como estava. Éramos dois inimigos como das histórias de meu pai. Eu acostumei a não precisar de sua atenção, via minha mãe como uma estranha, morávamos na mesma casa e não tínhamos afinidade nenhuma, eu ficava bem melhor sem ela. As coisas pioraram muito, não tinha mais como ignorar as brigas entre meus pais. Meu pai agora sempre cheirava a bebida e cigarro, mas ainda cuidava de mim e dava-me atenção. Às vezes antes de colocar-me para dormir íamos até a cozinha preparar lanche e tomar leite, ele me ensinou a preparar várias comidas rápidas e leves para comer antes de dormir. Ria do seu jeito desajeitado na cozinha, foram bons anos, anos maravilhosos que me fez o que sou hoje, parte de mim é, e a outra parte lamenta por não ser melhor devido as coisas que vieram depois do trágico acidente de meu pai que dilacerou a minha alma e petrificou meu coração.

Era véspera do meu aniversário tínhamos passado o dia juntos no haras da família, ele havia me dado um lindo pônei e passamos o dia cavalgando, foi perfeito. Quando estava levando o cavalo e o pônei para baia, ele olhou para mim, abaixou para ficar da minha altura e disse-me:

QUATRO SEMANAS E MEIA DE AMOROnde histórias criam vida. Descubra agora