O teu número

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Apagar teu número da minha agenda foi, foi a coisa, mais dolorosa, mas tão dolorosa. Naquele momento eu senti como se tivesse levado um tapa na cara, e toda a realidade fosse de encontro a minha mente como um estalo.
Mas isso não foi o pior, o pior, ah o pior. O pior foi quando te mandei mensagem, tendo essa ideia absurda, e você só concordou, simples assim. Sem nenhum esforço para contornar a situação. O pior foi ler duras realidades escritas e jogadas na minha cara "você simplesmente ignorou sua dor e foi viver do modo dele, Bianca." Cara, isso doeu, isso dói. Apagar teu número doeu, porque foi o primeiro passo pra te tirar da minha vida, doeu porque você não moveu um dedo para que nada disso acontecesse, doeu porque no fundo, eu contínuo ainda te entendendo. Mas sabe, te apagar mesmo, eu não vou, não vou porque meus sonhos não deixam, isso é muito irônico, tentar esquecer uma pessoa enquanto sonha com ela quase todos os dias, falando em sonhos, uma pena que eu não possa mais dividi-los com você, gostava da sua animação ao contá-los.
E quando você me diz, tá tudo bem, vai ficar tudo bem, quando na verdade não tá nada bem, e parece que tudo só piora e que o mundo tá se encolhendo aos poucos. É como se eu tivesse em um quarto e me roubassem todo o ar contido nele, e tudo que eu sei fazer é chorar, só chorar, como se isso adiantasee alguma coisa. Daqui a pouco esse mesmo quarto se faz um rio e eu me afogo na mesma proporção na qual tento emergir. E vai ficar tudo bem, é o que você diz, enquanto aceita a porra da situação, enquanto me escreve chorando, enquanto eu leio a porra do "vai ficar tudo bem" chorando.

Dos poemas que eu (nunca) te enviarei.Onde histórias criam vida. Descubra agora