Kaminari Denki

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— Ya, desde quando você é bom com crianças? - eu perguntei, enquanto preparava a lancheira que carregaria por todo o passeio.

— Elas são desafiadoras. - ele respondeu, sendo arrastado para um lado pelo meu irmãozinho, que apertava seu pulso. — Mesmo que você diz que pode chocá-las literalmente com uma energia muito grande, elas continuam te enchendo o saco.

Não me contive e gargalhei da sua situação.

Sempre que Kaminari me visitava, Rosie chorava tanto que era impossível ignora-la, sendo ele obrigado a pega-la no colo e balançá-la até que se sentisse bem de novo. Já Arthur, espoleto do jeito que era, implorava para que meu amigo brincasse de pique-esconde com ele ou que lhe desse mini choques elétricos nos dedos do pé, porque - segundo Arthur - aquilo dava cócegas e era extremamente confortável.

— Ei! Você me mordeu? - Kaminari perguntou, encarando-o com certa ameaça em seus olhos. O menino assentiu a cabeça, risonho. — Ah, é? Então é isso o que você quer mesmo, né? É MELHOR CORRER, PIRRALHO.

• • •

— Você não precisava vir conosco. Sério. 

Kaminari bufou e ajeitou a franja molhada para trás. Não pude distinguir se a água vinha de um banho ou do seu próprio corpo, visto que estávamos no próprio inferno, rodeados de brinquedos que pegavam fogo só de olhar.

Apesar disso, não agia como se estivesse morrendo de calor tanto quanto eu, porque vestia uma calça jeans preta com uma regata branca. Andava de mãos dadas com Arthur enquanto eu me dirigia ao balcão de tickets. Seria um longo dia no parque de diversão.

No início, apenas observamos meu irmão se divertir e furar nossos tímpanos de tanto gritar. Depois, vendo que ele estava gostando mais de ficar com seus novos amiguinhos do que nós, Kaminari e eu decidimos explorar o local.

— Aaaa, bate-bate! - exclamou, como uma criancinha. — Vamos, eu te imploro.

— Que? Você acha que a gente cabe naquilo?

— Sim, ue. É grande, olha ali. - sorriu. — Vai, por favor? Por favorzinho?

Assenti desconfiada.

Descobri que péssima motorista eu era. Enquanto ele se esnobava com a leveza dentro do carrinho, eu só conseguia dirigir em círculos e, quando finalmente tomei o controle, Kaminari insistiu em bater no meu carrinho e empurra-lo para frente, me fazendo voltar a rodar de novo.

— Me deixa em paz, porra!

— Ei, olha a boca. Você quer tomar palmadinhas?

Revirei os olhos.

Quando saímos, para piorar minha tontura, fomos naquelas xícaras que giram, mesmo que eu estivesse sem total vontade.

Segurei na barra, tocando em sua mão. Ele estava gélido como nunca.

Encarou-me, com um sorrisinho que insistia em permanecer em seu rosto, e me deixou sem graça.

— Cadê seu irmão?

— Ali. - eu apontei, meio fraca. Ele se divertia no carrossel com uma garota de cabelos loiros e longos.

— Ele tá numa boa, então.

— Uhum.

— Acho que podemos.

— O quê?

Eu franzi a sobrancelha aguardando uma resposta. Entretanto, Kaminari permaneceu em silêncio, desviando a atenção quando eu tentava retomar o assunto.

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