Primeiros Conflitos

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Em uma noite fria de maio, um sonho que Léa teve a incomodou bastante, de modo que a garota não conseguia fazer com que sua mente parasse de pensar nele, e assim que pôde, o confidenciou ao seu amigo por meio de mensagens de texto:


[20/05 11h22] Lea♥: Hey, tenho uma coisa para te falar
[20/05 11h39] Nicholas: Bom dia para você também, fala ae, qual a burrada da vez?
[20/05 11h39] Léa♥: Tive um sonho muito estranho, e nem revire o olho, é sério, fiquei atordoada
[20/05 11h39] Léa♥: Você sabe como sou com isso de sonhos, então nem ouse me achar paranoica, mas acho, sinceramente, que pode ser algum tipo de aviso, trouxe uma sensação que nunca tive antes, e que aos poucos se torna encantadora e me prende em outra dimensão.
[20/05 11h47] Nicholas: Não vou te julgar… Por mais que eu devesse, é sério, Léa, que você pretende continuar com isso de interpretar tudo pra lá e pra cá? Não pensa que isso te ocupa mais tempo do que devia? Olha, posso te indicar a minha psicóloga, se você quiser…
_visualizado às 11h48_
[20/05]

O que deveria ser uma conversa para que ajudasse Léa entender seus pensamentos sobre seus pensamentos anormais, para a mesma, acabou se transformando em tudo o que a garota não gostaria de ouvir naquele momento: que precisava de ajuda psicológica por estar pirando com suas paranoias.

Por um lado, Nicholas apenas queria ver a melhor amiga bem, não entendia que aquilo também a magoava.
No outro, Léa não entendia como aquela mania incontrolável estava além do normal e já preocupava o garoto, e este impasse não traria bom resultado para ambos.

Para ela, nem sempre a saída ser desabafar com alguém, de fato, Léa se mantinha dentro do seu quarto, pensando nos mais diversos segmentos que sua vida deveria ter-segundo seu pequeno jeito de entender as razões que conspiraram para que isso não viesse a acontecer, e ao organizar seus pensamentos de forma clara, estava pronta para registrar tudo em seu inseparável diário, onde escrevia suas dúvidas e questionamentos feitos para o Universo, todas as noites, antes de dormir, e isso a acompanha há algum tempo.

Sua curiosa mente faz inúmeras criações, de possibilidades para entender seus medos, sentimentos e o, principal, seu destino.
Seus segredos se mantinham, parcialmente, guardados e conforme o tempo se passava, mais confiança própria e no seu melhor amigo, Nicholas, desenvolve.
Sua jornada em busca de um motivo para viver sem a sensação de inutilidade no universo está prestes a acontecer, mas Léa saberá como com isso lidar, e sua única válvula de escape naquele momento era escrever em seu diário aquilo que lhe afligia:

Minhas Maluquices _______________
Não consigo mais tentar compartilhar com Nicholas tudo o que acontece comigo, ele não parece me entender e, provavelmente, já deve estar no limite da própria paciência comigo sobre assuntos relacionados ao meu jeito de ser.
É completamente culpa minha? Eu não irei ignorar o que sinto, vejo, ou seja lá qual for a coisa bizarra que aconteça e ponto.
Ele já me conheceu assim, e não é nada justo pensar só no que o incomoda. E se for para ter um melhor amigo que nem me ouvir sem me achar maluquinha da Silva eu consigo, então que seja só você, diário.
Hoje o dia foi bastante estressante e cansativo, pensar demais sempre me deixou assim, mas o que posso fazer? Não sou eu quem controla totalmente o que se pode passar em meus pensamentos, enfim, irei tentar relaxar o máximo que eu puder, mas antes disso tenho que comer alguma coisa, assim não vou suportar.

Depois que terminei de desabafar minha magoa por ele, ainda que com as palavras mais dóceis que existem, vou tentar me alimentar, com essa inquietude toda, causada por essa frase estúpida do Nicholas, até disso esqueci.
Desci as escadas, fui diretamente para a cozinha e chegando lá, adivinha qual assunto estava sendo conversado? É isso mesmo, o Nicholas, nesta casa todos julgam que temos algo a mais do que apenas amizade, se é possível fazer uma pessoa acreditar em tamanha imaginação como essa.

Me sentei na mesa em silêncio, e só então passei realmente a entender qual era, exatamente, o assunto de que tanto os deixavam entusiasmados, e isso não era nada bom: simplesmente, falavam sobre o aniversário dele e o quanto eu deveria estar belíssima, para caso ele me pedir em namoro, oficialmente — como se já estivéssemos juntos sem que fosse desta maneira.

Aquilo era uma grande piada, só poderia ser, será que uma garota não pode sequer conversar com um garoto sem que haja nenhum tipo de relacionamento amoroso?
Até porque ele já até parece gostar de uma garota bem sem graça, ao menos para mim, mas isso pouco importa agora, pare de tanto pensar, Léa, e comece a esclarecer tudo. — pensou a garota consigo mesma.

— Eu ainda tenho opinião aqui? —Disse Léa, com voz de irritação.
— Ah! Minha filha, não reclame tanto e deixe seu avô se entusiasmar um pouco!  Retrucou sua mãe, a Sra. Lígia, um tanto incomodada.
— Isso realmente não pode ser com outro assunto? Falou a garota com tom mais suave que pôde.
— Não sabia que a mocinha se incomodava tanto com verdades, hein? Desta vez, meu avô, com grave tom irônico.

Desisto, este dia está virando minha cabeça para baixo!
Sabe de uma? Vou para um banho rápido e irei dormir até que o dia acabe logo. Não consigo ficar mais nenhum segundo aqui, junto da minha família.

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