Ciúmes

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Acordei atordoada e sem conseguir retirar de mim aquela horrível sensação de estar presa ao meu corpo, com uma intensa dor no peito que me impede de respirar normalmente.
Corri até a janela do meu quarto e tratei de abri-la rapidamente, para que o ar entrasse no ambiente.

Ainda era madrugada, o silêncio ainda era ensurdecedor em minha cabeça e eu não conseguia parar de pensar no que aconteceu comigo naquele maldito pesadelo.
Nele, todos os meus maiores medos cercavam meu corpo, e meu desespero era a minha única reação. O único nome que me veio a cabeça foi o do Nicholas, mas ele não apareceu. Em clamor alto que não era suficiente e só restara a dor ardente do esforço.

Tudo era escuro, nada era perfeito como quando cheguei naquele lugar que era florido e de repente foi substituído por um labirinto de medos.
Medos que trazem dor ao simples fechar de olhos, e que jamais estiveram tão próximos de mim.
Já mais calma, peguei meu diário e descrevi para ele todos os detalhes que houveram, assim caso eu não consiga me recordar ao amanhecer o pesadelo, terei como saber lendo-o.

Assim que achei suficiente o que já tinha escrito, sentei-me na cama com o olhar em direção a janela, e permaneci assim até amanhecer.
Durante essas horas, meu pensamento focou em Nicholas, e no quanto naquele momento de angústia seu abraço me faria bem, com a sensação de proteção.
Será que gosto de você, Nicholas?
Com as horas passando, resolvi então começar a me arrumar para o colégio, assim eu poderia ir sem muita pressa pelo caminho, ficando mais calma.

Após Léa terminar de se preparar para sair, andou calmamente pelas ruas observando cada detalhe das pessoas que ali também estavam, como suas expressões, o jeito como andavam apressadas ou com tristeza em seus olhos, dos barulhentos carros que aos poucos ficavam em segundo plano.
Seus pensamentos já se tornaram abstratos e sua visão, já não acompanhava o que acontecia bem a sua frente. Ela não teve sequer reação quando seu corpo já não obedecia seus comandos e tudo ao seu redor parecia rodopiar, assim como todos seus pensamentos não possuíam mais nexo.
Ela estava prestes a desmaiar?

Em alguns milésimos de segundos, Léa caiu e poucos não apressados aproximaram-se ao corpo dela para tentar ajudar a garota. Não havia ferimentos graves visíveis mas, nenhuma constatação deveria ser feita sem antes um especialista afirmar tal fato. Alguns minutos depois, Léa enfim desperta ainda que desnorteada. Sua exaustão era tamanha que fizera ela cair no chão da calçada onde estava. Aquela noite perdida de sono faria um grande estrago se não fosse reposta, já que seu corpo não estava habituado aquela situação.

Caminhando em frente, andei mais devagar que pude - não que minha paciência aceitasse facilmente essa decisão, mas era necessário

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Caminhando em frente, andei mais devagar que pude - não que minha paciência aceitasse facilmente essa decisão, mas era necessário. Alguns bons minutos depois, cheguei ao colégio, atravessei direto para minha classe, sentei-me ao fundo, perto da janela, observei que lá fora, na quadra, parecia ter alguns alunos, ao contrário daqui - que incrivelmente só havia minha presença.
Cansada, abaixei minha cabeça de encontro a mesa e tentei descansar até que o primeiro sinal toque.
Não há mais nada para fazer aqui, exceto por isso, não possuo amigos e tampouco sou sociável para ir até lá.

Acordei com a inquietude dos estudantes que adentravam a sala, procurei entre eles com o olhar Nicholas, e nada dele aparecer.
Era provável que eu ficaria sozinha naquela manhã.
Enquanto o tempo passava, e outro professor era substituído por outro, rabisquei no meu caderno algumas coisas sem lógica - mais uma normalidade de quem é solitário, e perdida numa atmosfera própria, imaginei lugares, pessoas, e tudo o que gostaria de viver neste mundo.
As flores nascendo em segundos, e a cada amanhecer um novo motivo para que meu coração continuasse a bater... Mas será que a... - Léa Lessa? A senhorita está me ouvindo bem? Preste atenção no que lhe digo ou saia da classe, por favor! - dizia meu professor de história, claramente estressado.

Com a reclamação, permaneci com o foco na aula. Não que realmente eu tivesse condições de entender, meus pensamentos estavam a mil, e apenas meu corpo pertencia aquele lugar no momento.
Meu coração estava preso ao Nicholas - meu peito quis gritar, anceando por alívio. E não seria um fácil problema a ser resolvido - não tenho dúvidas, mas no momento não tenho outra alternativa que me faça ter cautela à respeito disso sem ao menos prestar atenção nas aulas.

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⏰ Última atualização: Dec 25, 2018 ⏰

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