- Dissimulação de meu interior
Me é primordial rememorar de minha natureza, tão qual, daqueles que me contornam. Seria eu, de certa forma, um trapaceiro com os demais em sociedade, e com meu próprio cerne. Há sempre uma tentativa contínua de negligenciar minhas limitações, capacidades e imperfeições em vista aos outros. Vivemos em um substrato de mentira, de ludibriar, de viver de suma ilusão, de viver consciente que não poderemos estar ausentes de nossa miséria, não conseguir satisfazer nossos prazeres, e por conta disso, tentar desviá-los. A necessidade ilusória de seduzir o apreço de outrem, faz com que dissimulássemos hipocritamente o nosso verdadeiro eu, parindo um eu utópico. Quão incomensurável prazer é, quando outro nos admira, o "eu" idealiza uma personalidade dotada de poder, julgo ser irreal.
É dessa forma que nos distinguiremos, somente com o reconhecimento. Tu não discernes sua fraqueza, e eu nunca certificarei que sou forte. Somos um genuíno ser, um Lúcifer em sua queda, com o anseio incessante de ser um deus. Alimentamos o eu engradecido, enlouquecido, ébrio da percepção dos outros. "Sou o que sou aos olhos dos comuns", diz o meu eu lunático. Dedicamos incessantemente por aquilo que fantasiamos ser, abandonando nossa própria essência.
Busco, na cessação de meu expediente, na minha vazies interior, e foi nela que deparei o verdadeiro amor.
- A efêmera vida
"Não temo a morte. Já estive morto por bilhões e bilhões de anos, antes de nascer, e isso não me causou o menor incômodo." (Mark Twain)
O que seria a vida e a morte salvante duas estações em que uma não constata a outra, em que uma cessa a outra, em que uma suspende a outra?
A vida e a morte seriam uma peleja temporal, no qual, notoriamente seriamos derrotados deste combate. Tolice seria batalhar contra aquilo que somos fadados. Seria a mim, eufórico, torna-se o habitat do desejo de liquidar meu vinho (prazeres) em um espaço incomensurável. Nosso passadiço é efêmero, passível de comparação ao tempo em que uma flor se torna ressequida. Subjetivamente, poderíamos encontrar um oásis sobre o fato de nossa aniquilação, confirmo, a filosofia transforma-se em tutela de sua própria visão, preparando-te ao "encontro" da morte.
A vida e a morte é um ser em um colossal curso de água, em que, é instruído a nadar, infelizmente, ao término, encontra o ócio e isto lhe faz submergir. Teimoso o homem, em que em sua vontade de vida, encapota a morte, na hipótese de que a morte se encontra desconvizinho. A morte é iminente. Todos os seres estão expostos a radiação daquilo que é temível.
Tomai consciência daquilo que é assíduo, abatendo de si todo o aterramento. Contemplando a vida como uma lição, e no momento em que se aproximar, tomará como um preceito desempenhado com total satisfação. Os dias são novas oportunidades. Arrisque-se perdurar!
A vida é a morte em sua aproximação lentamente. Em seu término, tão qual em seu princípio, encontrará o seu recinto vazio.
- Em vista do amor
Sucede em mim um imenso embaraço de apalavrar-me do amor. Aparenta ilusoriamente ser acessível ao meu pensar, ao dizer o que constato sentir a minha bela amada. Há um rigor de complexidade nesse sentimento, pois não se resume com um simples conceito identificado por uma perspectiva. Subjetivamente, atentarei a refletir esse sedutor e caótico sentimento, que de tal júbilo, engrandece aqueles no qual reside essa afeição.
De certo ponto, amor é um rastreio mútuo de amor. Aquele que ama, deseja ser amado, e inversamente. Inconscientemente, no amor, há sempre uma fantasia, donde ignora-se a realidade, no qual, ocorre uma tentativa de perdurar os planos ilusórios imaginados. Quando o evento não sucede o almejado, o fracasso toma-lhe conta de seu âmago e é derramado pranto. Eros torna-se uma fonte da juventude em transpor o desejo à disposição. É percebível que este sentimento é vitalizante, no qual, pode-se utilizar como sustentação, pois, desarticulamos e equacionamos as adversidades existenciais de nosso ser.
Insistiria a afirmar que é um acontecimento enigmático, a priori, a partir de uma óptica de dois e não mais de um. Ocorre sempre uma tentativa de plenitude que permeia no intelecto daqueles que amam. Aqueles que se amam presumem se complementar. Adiante, é no objeto de amor que possibilita acaçapar as imperfeições, defeitos e tão qual, da inépcia. Ora, se há um sentimento de plenitude e de acobertar nossas imperfeições, o amor torna-se um lugar. Pois é nele que o indivíduo desenvolve um encadeamento de identidade e identificação. É na identidade que poderemos nos caracterizar com o outro (amado) e é na identificação que reconhecemos, encontramos e nos assemelhamos em um espaço desejado. E é nele, é no ser amado que nos situamos.
"O amor é formado por uma única alma habitando em dois corpos" (Aristóteles)
- Meu eu cético
Fascino-me por este método, sim, este método. Fundado pelo filosófo grego Pirro de Élis, desenvolvido por Enesidemo e Sexto Empírico. O ceticismo, um desafio aos problemas gnosiológicos, seus sucessores causaram sacudidela aos antigos. Pirro transfere novas formas de pensar, com um discurso opositor as especulações dógmaticas. Alguns denotam esta doutrina, que não há existência de um encontro a verdade. Pirro acreditava que poderíamos vivenciar sem contermos uma crença, aliás, que este método poderíamos obter a ataraxia (tranquilidade espiritual).
O meu "eu" deliberou uma nova história, tão qual, uma nova crença (ou uma descrença). É assim que me encontro perfeitamente feliz, possibilito o destampo de meu intelecto. Diariamente, destrono meus paradigmas, aqueles que obtive dos desígnios de socialização de meus genitores, na qual, não pude deliberar. Restrinjo minhas antigas convicções, hoje me desloco a autonomia, hoje vinculo-me as minhas próprias medidas. Investigo!
Não julgue o ceticismo como iconoclasta, isto é, aquele que se insurge aos ritos, as religiões. Abate de si, todas as opiniões, juízos e afirmações que lhe foram concebidos sem nenhum exame crítico. Busco a verdade, minha própria verdade. Esta é, de fato, uma atitude crítica e filosófica que contesta as especulações dogmáticas, que não se fia sem ao menos elucubrar.
O ceticismo é florescente, localizado ao norte, norteando aqueles que buscam aquisição do conhecimento verdadeiro. Produtor de novas sementes. Semente ao encontro da veracidade, semente que há primordialmente o questionamento. O Questionamento por princípio, Suspensão de juízo por base, a Verdade por fim.
- Melancolia de tolos
Que motivação possuem para criticar o óbvio? Deixai os dogmáticos em paz, sejais liberto de tua arrogância. Sou tolo, por suceder traçar meu próprio julgamento. Porém, medito, decifro e grafo minhas próprias falhas. Sou um genuíno ser, um jovem, não contenho nada que de mim possam contemplar. Não há um sinal afável, no entanto, é traçando meus pontos incertos que findarei a aperfeiçoar. Sou tolo! Julgo-me tolo! E com o que tenho, elaborar-me-ei, recriar-me-ei, estar-me-ei de reinventar. O que direi aos meus futuros filhos quando perguntardes como foi minha juventude? Eu nada responderei, eu nada fiz, eu nada "nadei-me". Sou um tolo ausente de aterramento, que ao tentar assegurar uma bela rosa, sem conhecimento, fui acutilado. Como todas os momentos em que, sem ciência, fui abatido em ilusão. Fui tolo, ser humano tolo, ao dialogar com uma víbora, tomou-se a deleitar o fruto ilícito. Réprobo de um belo jardim, e agora, enterrado em um vazio existencial. O que eu farei de mim?
Que pensamento tolo, mas dele não é permitido safar, pois penso para justificar minha existência, mas dela nada compreendi. Busquei encontrar novas justificativas no centro de minha cidade, em minha localidade, nos meus próprios genitores, naqueles que me rodeiam, e encontrei-o em mim mesmo. O que eu farei de mim? Libertarei-me-eis de minha existência ou a existência me libertará?
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Juventude letrada - Pensamentos e poesias
RandomDestaco, em minha obra, a indispensável elucubração feita pelas incríveis filosofias, assim, coloco-me ao posto de uma criança como o imenso desejo de me desmontar e reconstruir o que sou. Meus pensamentos.