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Jacob olhava para as veias de suas mãos. Ele as achava tão atraentes, aliás o que Jacob não achava atraente nele mesmo?
Ele era completo. Um príncipe, um cara bonito, uma pessoa carismática. O que lhe faltava? Vez ou outra ele se perguntava.

Ele estava parado em frente à porta da sala do trono, apenas esperando a hora de ser chamado pelo seu pai. O rapaz odiava isso, por que não poderia entrar e sair a hora que bem entendesse? Até onde ele sabia, ele era um príncipe.

Jacob estava um pouco nervoso, estava com medo do pai não aceitar seu pedido - outra coisa que fazia com que o príncipe ficasse irritado, os constantes pedidos de permissão para realizar as coisas - e estragar seu plano.

seu plano.

Cada vez que Jacob pensava nisso, ficava mais aflito. Ele não queria mesmo se casar com Desirrè. Não que a moça fosse feia, longe disso, mas haviam princípios que não poderiam ser quebrados. Linhas que não poderiam ser ultrapassadas. E uma dessas, era não se casar com alguém que ele não verdadeiramente amasse. Jacob era totalmente o oposto de romântico, e por esse fato, ele só gostaria de se juntar a uma pessoa que pudesse fazer o coração dele dançar.

O que quase nunca acontecia.

Jacob era acostumado a cortejar algumas moças nas festas do palácio, e até mesmo quando saía para cavalgar. Mas não era nada mais que um desejo momentâneo, e ele estava bem com isso. Não queria se envolver pra valer com alguém. Ele perdera a conta de quantos corações já partira, ao dizer para as moças que não as queria mais. Que elas não tinham um lugar em seu coração e jamais reinariam com ele.

E foi pensando nessas coisas, que a grande porta se abriu e o Rei bateu aquele cetro idiota para que Jacob se achegasse a sua presença.

- Diga logo o que você quer Jacob, não me faça perder tempo. - Matthew bocejou - E não me dê mais nenhum desprazer.

Jacob cerrou os dentes, ah se Matthew não fosse o rei, Jacob seria capaz de gritar com ele ali mesmo.

- Preciso da sua permissão para algo - O príncipe disse no tom mais entediante que pode.

O rei o encarou, e Jacob ficou esperando que ele demonstrasse o mínimo de interesse.

- Vamos moleque, você não espera que eu pergunte, certo?  - Matthew gritou o assustando.

- Bom - ele pigarreou - Eu quero sua permissão para fazer uma viagem para Stoner.

Então a expressão dura se transformou enfim em uma expressão de curiosidade.

- O que você deseja fazer em Stoner, Jacob? - Matthew colocou a mão sobre o queixo.

- Certo - O rapaz tentava se manter firme e não gaguejar, sabia como o pai era esperto. - Desirrè é de Stoner, mais especificamente de Winterland, e eu gostaria de conhecer sua província. Conhecer seus pais, sua vida. Quero saber um pouco mais sobre a moça. Vamos nos casar certo?!

Mas Matthew cerrou os olhos. E nessa hora Jacob temeu.

- E por quê não pergunta essas coisas a ela? - O rapaz quase pode ver um sorrisinho nos lábios do rei.

- E-eu... É que eu quero fazer uma surpresa - Ele sorriu forçosamente - Isso, uma surpresa! Quero que ela veja que eu fiz questão de saber mais sobre ela, assim ela verá que estou interessado, e esse casamento será satisfatório de ambas as partes. - Onde Jacob estava com a cabeça? Nem se o pai fosse tonto para concordar com isso. Ele deveria ter elaborado melhor essa parte do plano.

O rei concordou com a cabeça,parecendo pensativo. Cada nanossegundo que ele ficava em silêncio, parecia durar um milênio.

- Tudo bem. - Disse Matthew para a surpresa do filho - Não sei se é a coisa mais prudente a se fazer, mas deixarei que vá pois você precisa viajar um pouco. Além do mais, simpatizar com quem mora em Stoner é uma boa opção! Nessa vida, meu filho, tudo é baseado em interesses políticos. Esqueça sentimentos, eles são irrelevantes. Então vá, e quanto mais pessoas cativar naquele lugar, melhor para nós.

O Que A Brisa Me TrazOnde histórias criam vida. Descubra agora