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Laurence estava de pé no quarto de Jacob, esperando o mesmo terminar de escovar os dentes.

- Precisa de um copo para cuspir, alteza? - Laurence elevou um pouco a voz.

Pode ouvir um murmúrio negativo vindo do banheiro, e ela continuou a pensar. O que seria da amizade dos dois agora? Depois da declaração de Charlie, Laurence pediu desculpas e saiu correndo. Ela sempre teve medo de que esse dia realmente chegasse, afinal, uma coisa era você suspeitar que seu melhor amigo - quase irmão - é apaixonado por você, outra coisa é você ouvir palavras tão diretas saindo da boca do próprio.

E se a amizade deles jamais fosse a mesma? Como ela poderia simplesmente tratá-lo da mesma maneira? As coisas com toda certeza ficariam esquisitas e a moça só podia surtar interiormente, imaginando o pior.

- Kathleen - O príncipe apareceu em sua frente. - Está calada, tudo bem?

Isso com certeza a pegou de surpresa. Jacob jamais se dirigia a ela,senão para pedir favores. E de qualquer modo Laurence jamais falava na presença dele. Por que ele havia perguntado tal coisa?

- Claro! Porque não estaria?

Jacob a encarou, e isso a deixou totalmente desconcertada. Ora, ele era um príncipe e não deveria olhá-la.

- Não sei, sinceramente. Talvez eu ande enxergando problemas nas pessoas, sabe, só para ofuscar os meus.

Então ele soltou uma risadinha sem humor. Laurence nunca sabia o que responder a ele. Tudo parecia exageradamente desreispeitoso, afinal, aquela situação seria considerada um desrespeito, apenas porque a criada estava dirigindo a palavra ao príncipe - mesmo sendo ele o primeiro a falar - Então a curiosidade da garota foi maior e ela ousou perguntar.

- Por que você está conversando essas coisas comigo? - Mas a criada fechou a boca temendo parecer rude demais.

Jacob olhou para cima pensando na resposta. Então ele cerrou os olhos e olhou novamente para a criada.

- Sabe que eu também não sei! - riu - na verdade, você me inspira confiança Kate. Bom eu não sei. Talvez seu jeito silencioso me passe um certo tipo de conforto para desabafar. E não é como se eu pudesse realmente contar isso aos nobres. Todos querem o favor do Rei, então qualquer coisa aparentemente estranha, é levada para meu pai através desses bajuladores. - E revirou os olhos.

O príncipe começou a andar pelo quarto fazendo gestos com as mãos como se estivesse lutando com uma espada imaginária, e fazendo uns barulhos do tipo " Arrá!".

Laurence riu baixinho, ele parecia uma criança.

- Sabe Kathleen - continuou "lutando" - eu não gosto nada daquela moça. Você viu como ela falou com aquele criado? Tudo bem que ele foi desatento, mas acho que foi meio escandaloso. Concorda? Te peguei - Disse batendo a mão em seu travesseiro.

- Também acho Alteza. - Laurence cruzou as mãos na frente do corpo.

- Eu precisei ser gentil,do jeito que a situação estava caminhando naquele almoço, se eu desrespeitasse as vontades estupidas de meu pai, ele com toda certeza perderia a cabeça. Quer dizer, não ele, mas alguém certamente perderia.

Então sentou na cama abraçando o travesseiro. Ele com certeza esperava uma resposta de Laurence. Mas como ela poderia? Sempre fora instruída a não manter conversas interpessoais com ninguém da família real.

- E não há nenhuma outra saída? - Ela finalmente se pronunciou depois de um breve silêncio.

- Pelo visto não. Apenas se ela fosse uma impostora ou algo assim. Sabe, mentir sobre seu poder social.E eu realmente não sei o porquê do meu pai querer que eu me case com uma aristocrata da província de Winterland. Se fosse uma princesa tudo bem, eu entenderia. Mas por que ela?

O Que A Brisa Me TrazOnde histórias criam vida. Descubra agora