Incubus - Início

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Em algum momento de sua existência eterna ele se apaixonou.

Uma criatura soturna, portador da marca da morte e sem possibilidade de morrer, acostumou-se a observar os homens em suas vidas sofridas ou coloridas. Sua maior ciência, nada estudou para possuir, havia sido concedida pelo Criador e consistia em saber exatamente como ocorre o rompimento entre corpo e espírito.  Definia a morte como nada mais que as circunstâncias mundanas levando o elo matéria-alma à falência, obrigando o corpo a reciclar a matéria em outras formas, enquanto a alma trilha um longo caminho de volta a Origem, o não-lugar em que num  momento íntimo com Deus, o Pai afunda suas mãos na “poeira cósmica”, molda seus filhos e sopra-lhes a alma lá dentro.

Em um não-lugar está o principado de Rafael, que escolhera construí-lo como uma imensa gruta de pedra, sem água, sem vista para o céu, nada além dele e seus anjos fiéis. Muitas vezes volta a Origem para estar com o Pai, pois Rafael foi criado lá com uma natureza diferente da humana, ele e seus setenta e um irmãos são chamados os Príncipes dos Anjos ou Grandes Arcanjos. Cada príncipe possui uma face de Deus na forma de uma habilidade específica que utilizam a serviço do plano divino, por isso na Terra o conhecem como Arcanjo Rafael, ou o Anjo da Morte e Portador da Cura.

***

Incondicionalmente encantou-se pela humana no primeiro instante e pediu ao Pai permissão para mantê-la consigo em seu principado durante o período de sonolência da alma, que duraria até a primeira materialização na Terra. Deus consentiu, criara Rafael conhecendo que chegaria o momento deste pedido, aquela delicada alma humana em seus braços seria a fraqueza do príncipe, o faria compreender a preciosidade contida em cada homem aos olhos do Pai. Como poderia ser o Anjo da Morte desconhecendo o terror que significa a morte de um amado?

Estava previsto que a amaria. 

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