Deathbeds

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Eu ainda me pergunto como consegui sobreviver por tanto tempo, tanto tempo me afogando nas minhas próprias lágrimas, correndo em círculos vazios na minha mente e tentando me desprender de mim mesmo.

Como sobrevivi com a minha autodestruição? Como consegui seguir em frente mesmo tendo a desistência ao meu lado? Talvez eu nunca saiba a resposta pra tudo isso, talvez eu não saiba a resposta pra nada.

Não sinto meu coração bater. Não sinto minha alma. Não sinto nada. Não sinto nem mais quem eu era até está preso entre os fios e sendo afogado cada vez mais em remédios, mas não esses fios e esses remédios que ainda tentam me trazer a vida.

Ah, a vida... eu não deveria ama-la, porém muito menos demostrar ódio, só que eu não entendo como ela pode me entregar para a morte, por mais que eu tenha pedido isso, eu não estava falando sério. Não, na verdade estava sim, mas não de verdade.

O fato é que, eu não tenho ninguém ao meu lado, não aqui nesse maldoso quarto branco ou até fora dele. Meus pais já morreram, minha mãe por causas naturais quando eu tinha 6 anos, meu pai morreu dez anos depois e o motivo foi porque ele era um filho da puta de tão alcoólatra que ele era. Se hoje em dia tenho várias cicatrizes pelo corpo é porque ele me batia, batia é uma palavra uma tanto que fraca, ele me espancada e muito, tanto que já fiquei desacordado por quase um dia, só fui acordar quando estava no hospital morrendo de dor, com vários curativos e inúmeros hematomas e cortes.

Se eu já tentei fugir disso? Várias vezes, tantas tentativas frustradas que hoje elas são apenas lindas e trágicas cicatrizes nos meus pulsos. Eu poderia apenas fugir pela porta de casa ou até mesmo pela janela, mas não, eu estava sendo um babaca querendo sujar o piso do banheiro.

Mas antes de toda essa "tragédia" acontecer, no caso eu está preso a uma cama de hospital, tive breves momentos de felicidade e isso tudo graças a um garoto, na verdade vários, mas só um deles conseguiu me encantar totalmente. Carter, esse era seu nome.

Carter e eu éramos inimigos mortais, não importava onde um estava, se o outro estivesse no mesmo local era briga na certa. A nossa diferença de ideia era algo além do que eu imagina um dia, ele com 28 e eu apenas 18. Mas isso não importava quando estávamos transando, nada importava. Eu pouco me importava com meu passado e ele com o dele, tudo que eu fazia era fude-lo com vontade e sempre a mando, nunca contra a vontade.

Mas teve uma dia que rolou sexo contra a vontade do outro, não foi da minha parte e sim da dele. Ele tinha bebido um pouco e me pegou totalmente desprevenido enquanto eu dormia, quanto mais eu pedia pra ele parar, mais ele fazia com vontade. Eu cedi, mas não pra ele parar, e sim porque eu infelizmente gostei daquilo. No dia seguinte acordei com uma imensa dor, mas a dor no meu corpo não se comparava com a dor que Carter estava sentido pelo o que tinha feito comigo, ele jurou que não faria aquilo nunca mais, mas ele mentiu, mentiu três vezes e eu o perdoei três vezes.

Eu o perdoei porque aquilo era reflexo do que ele havia sofrido quando tinha a minha idade. Eu o perdoei porque eu amava aquele idiota de olhos castanhos. Eu o perdoei porque me permiti entender a raiva que ele sentia e que nunca conseguia se desfazer dela de uma forma decente, sentando e desabafando.

Se eu conseguir me livrar desses fios, tentarei fazer o máximo de esforço possível pra dizer a ele que nem na morte eu o esqueci ou o julguei por tudo, eu não sou digno de julgar ele ou alguém, eu sou um errante igual a muitos outros.

Primeiro beep

Acho que esse é um possível fim...

Segundo beep

...um fim pra quem quis antes do começo...

Terceiro beep

...um começo sem...

Fim.

My FeelingsOnde histórias criam vida. Descubra agora