Capítulo 3- Chega de tortura.

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Ao terminar a hora do jantar subimos para os quartos, Andrew não estava no quarto dele, então resolvi dar uma volta por ali enquanto ele chegava, assim poderíamos conversar um pouco mais sobre a tragédia que nos levou para aquele lugar.

Ao passar pela porta do quarto que fica ao lado do quarto do Andrew, o vi, ele estava tirando os pães que escondera debaixo da camisa, e os entregando ao garoto que teve seu jantar jogado fora na frente de todos. Só então percebi, que Andrew não era o garoto problema da casa, mais sim, o que tentava remediar os problemas que os outros garotos eram expostos, ou causavam.

Ao me ver Andrew me chamou:

- Edward, pode entrar está tudo bem, não fique na porta podem te ver e teremos mais problemas.

Entrei, sentei, e tive a coragem de fazer uma pergunta:

- Ei Andrew, porque você o ajudou?

Ele me disse:

- É isso que os irmãos fazem. Você irá aprender que devemos ficar unidos, assim sofreremos menos.

Só aquelas poucas palavras me fizeram entender perto de quem eu deveria ficar.

Os meses foram passando, e Andrew me ajudou a me adaptar naquele lugar. Após dois meses em que eu estava ali completei meus onze anos, foi um dia escuro, chato e triste. Naquele dia percebi que os demais aniversários que viriam seriam como aqueles. Sem meu pais os momentos que deveriam ser bons, jamais aconteceriam, pois não passavam de momentos sem significado.

Chloe depois de me deixar naquela casa, só voltou uma vez, e para me dar uma notícia que não queria ouvir, chegou me abraçou e disse:

- Olha Edward, infelizmente não tenho uma boa notícia, sua vó disse que não tem condições para cuidar de você, ela nos disse que está em uma casa de repouso para idosos, sinto muito. Você não pode ficar com ela, mas prometo a você que tudo vai ficar bem, você terá uma família outra vez, pessoas que iram te amar de verdade, e eu vou fazer de tudo para que seja bem rápido.

Se passaram meses e Chloe não voltou, perdi a esperança, como pude confiar nela, nem a conhecia, fui muito ingênuo mesmo.

Eu já nem ligava mais também, sabia que ninguém me queria, desisti de esperar e me entreguei ao meu destino, que por hora parecia sofrer naquele lugar. Os castigos que frequentemente alguns garotos sofriam, por simplesmente não fazer os trabalhos como o SR. Jhonny queria, eram cada vez piores.

Eu mesmo passei por um. Ao terminar as refeições tínhamos de lavar e limpar tudo, independente se fosse hora do café da manhã, almoço ou jantar. Infelizmente estava tão triste no dia do meu aniversário de onze anos que deixei um prato do jantar cair, o Sr. Jhonny veio até mim, me segurou pela camisa sem dizer nenhuma palavra, os olhos dele deixavam claro que era só por maldade que castigava, então me arrastou até a dispensa, e com uma colher de madeira bateu com toda força por duas vezes em minhas mãos pequenas, e disse:

- Seu moleque imprestável, amanhã você vai levantar e ir direto para o trabalho, irá recolher o lixo de todos os banheiros da casa, pode esquecer o café da manhã, porque você não receberá nenhuma migalha de pão até terminar tudo.

E me deixou trancado na dispensa por pelo menos três horas, estava escuro lá dentro e só o que podia fazer era chorar em silêncio.

A cada dia um castigo diferente com algum dos garotos, parecia que o Sr. Jhonny tinha o dom de fazer maldade.

Ainda bem que os garotos não ficavam por muito tempo, sempre apareciam famílias, procurando crianças para adotar.

O único problema, era que ninguém me queria, as famílias só queriam garotos de no máximo dez anos de idade, e Andrew e eu éramos os mais velhos dali. Já tínhamos perdido a esperança de ter uma família outra vez.

SCOTTWhere stories live. Discover now