Vazia, era assim que eu me sentia nesse momento. Oca. Encaro mais uma vez os papéis em minhas mãos e me recordo da conversa que tive com minha ginecologista minutos antes de sair correndo e me trancar aqui, dentro do meu carro ainda no estacionamento da clínica.
"Bom dia, Sra. Simpson. Sente-se." disse a doutora Montgomery. Puxei a cadeira me acomodando a sua frente.
"Bom dia, doutora." eu estava particularmente feliz essa manhã, um pouco ansiosa e temerosa, mas feliz.
Depois de duas gravidez frustadas e muito traumáticas, aqui estava eu na esperança de encontrar o motivo de não conseguir seguir com a gestação até o fim.
"Me parece bem hoje." comenta a médica simpática, ela acompanhou minha duas tentativas anteriores e sabe como isso é importante pra mim.
"Eu só estou tentando mentalizar coisas boas, estou um pouco nervosa, mas acho que vai da certo. Vai ser dessa vez." digo com firmeza.
"Bom, eu já estou com os resultados dos exames. Podemos ver ou seu marido está pra chegar?"
"Brad não vem, ele teve um problema no trabalho." minto, a verdade é que Brad não acredita mais que possamos ter um filho depois das tantas tentativas.
"Sendo assim vamos seguir." me diz abrindo os envelopes, sua expressão suave se torna concentrada e logo passa a tensa me deixando apreensiva.
"Tá' tudo bem?" pergunto insegura.
"Lauren." me chama de forma branda endireitando a postura. "Como nós já sabemos, seus óvulos são perfeitamente saudáveis."
"Mas..."
"Você tem o que chamamos de síndrome do útero irritado. Isso quer dizer que seu útero contém pequenas feridas, o que com a expansão durante a gravidez gera muita dor, como vc sentiu, e torna a gravidez totalmente arriscada, tanto para a mãe como para o feto."
Confusão, choque e impotência. Era isso que eu tava sentindo.
"Mas ainda é possível uma gestação completa?" pergunto com meu último fio de esperança.
"Não seria recomendável, eu sinto muito, mas você já passou por duas experiências mal sucedidas. Acredito que quanto mais tentarmos mais as lacerações no seu útero vão aumentar, podendo ter que ser removido."
"Não seria recomendável"
"Removido"
As palavras se repetiam na minha cabeça me deixando cada vez mas tonta e sem ar. Eu precisava respirar. Precisava sai dali o mais rápido possível.
E foi o que eu fiz, pegando minha bolsa e murmurando um "com licença" a doutora Montgomery enquanto recolhia meus exames de sua mesa, sai o mais de pressa que meu pés conseguiram me conduzir. Com as mãos trêmulas procurei a chaves do carro e com dificuldade consegui abrir, eu queria sair daquele lugar o mais rápido que podia mas sabia que no estado em que eu me encontrava seria muita imprudência da minha parte.Meu celular me trouxe de volta a realidade com seu toque incessante. "Allycat" brilhava na tela. Certamente ela queria saber sobre a consulta, ela me acompanhou em tudo desde que decidi que tava na hora de ter um filho.
Fiquei encarando o aparelho até parar de tocar. Não sei se conseguia fala sobre isso ainda. Sendo assim e estando mais calma apertei o botão de ingnição do meu carro e manobrei pra saída do estacionamento sem destino certo.
Dirigindo vagando pelas ruas ensolarada de Miami só pra não ter que ir pra casa acabei parando em um semáforo bem em frente de um playground, isso só podia ser o universo rindo da minha cara. Olhei pra crianças pensando que nunca teria uma toda minha entre elas, meu olhos numa miniatura minha me chamando de mommy enquanto corre por todo quanto. As buzinas me fizeram voltar a dirigir dessa vez com um rumo traçado.
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Barriga De Aluguel
FanficLauren é uma arquiteta de 32 anos que sonha em ser mãe. Depois de tentativas frustadas e um diagnóstico desanimador ela recorre a outros meios. Camila é uma imigrantes cubana de 19 anos que para pagar pelos estudos na universidade se candidatar como...