*Capítulo 1*: (Melhores amigos pra sempre?)

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Sempre fui uma menina muito tímida... Pra tudo na verdade. Nunca fui de dizer nãos, sempre estive pronta para ser submissa. Tudo culpa da minha vergonha em excesso.
Não sei explicar o porquê de eu ser assim...
Só para deixar bem claro, não foi escolha minha. Eu juro que sempre tentei ter amigos... ter autoconfiança o suficiente para me impor, mas... Por algum motivo desconhecido... jamais consegui falar mais de três palavras com alguém. Ou quando tentava falar... a voz dos outros se sobressaiam a minha voz.
Ah... se não fosse pelo meu melhor amigo... Não sei o que seria de mim.
Agradeço todos os dias pelo Lee Jong Suk ter se mudado para o lado da minha casa a exatos 10 anos atrás.
No início achei ele lindo. Mas ao mesmo tempo chato. Mas também... o que esperar de uma menininha de 6 anos?
Na época ele tinha 9 anos de idade. E ao contrário de mim, ele era muito extrovertido.
Não demorou muito para que vivêssemos grudados (apesar da minha extrema timidez). Fazíamos tudo juntos... Na escola ele me defendia.
Eu sabia de tudo sobre ele. E ele obviamente sobre mim.
Crescemos juntos praticamente.
- Dieni? Ei... No que está pensando?- Lee Jong Suk perguntou estalando o dedo na frente dos meus olhos.
- ah... nada demais... - sorri, pegando o suco de uva que ele me oferecia.- Estava pensando que hoje é nosso aniversário de 10 anos de amizade. - arqueei a sobrancelha quando percebi a expressão de surpresa em seu rosto. - que provavelmente você não sabia... - suponho.
- Claro que eu sabia!! - Ele declarou rápido demais. Parecia inquieto com algo.- até comprei um presente pra você. - Ele sorriu.
Lee Jong Suk desde  sempre foi bonito.
Uma beleza rara, e incomum. Principalmente onde moramos. Ele se mudou com a mãe da Coréia, quando seus pais se separaram. Uma separação nada amigável.
Ele tem uma irmã mais nova, da minha idade. Lee Shin Hye  é tão legal quanto ele. Está sempre sorrindo. Apesar de tudo o que passaram... a família Lee Está sempre sorrindo.
Claro que por serem asiáticos e novos na escola, eles chamaram muita atenção. Mas nunca gostaram de muita atenção. Eles sempre foram mais reservados.
- Ah é? E o que você tem para me dar de presente?- perguntei seriamente curiosa, e saindo dos meus desvaneios.
- Quando sairmos hoje a noite eu te entrego. Até lá não vou dizer mais nada.- Ele me olhou com aquele olhar de quem iria aprontar, mas com um pouco de medo ao mesmo tempo.
- Não Jong Suk. Me entrega agora! - fiz minha famosa cena, e estendi minha mão na frente de seu rosto.
- Até depois Dieni.- ele beijou a palma da minha mão, deu seu sorriso fofo, pegou sua mochila e saiu a passos largos.
- Ei. - Disse um pouco sem jeito, mas não adiantaria mais. Ele já havia sumido do meu campo de visão.
- Dieni hoje vamos visitar sua madrinha Elisabeth. - minha mãe disse entrando na cozinha com algumas compras.
- precisa ser hoje mãe? Já combinei de sair com o Oppa.- desde pequena sempre fui viciada na cultura asiática: doramas, dramas, comida, vocabulário e etc. Então sim. Sempre chamei meu melhor amigo de oppa.
- Se sairmos agora, você voltará a tempo de sair com ele filha. - minha mãe sorriu apertando a minha bochecha.- Quando vocês vao assumir um relacionamento? - ela arqueou a sobrancelha, enquanto eu franzi a testa.
- Omma(mãe  em coreano)!! Nós psomos amigos desde sempre!- Disse levantando.
- E? - minha mãe sentou e cruzou os braços em cima da mesa me desafiando.
- Mãe. Nunca vai acontecer nada entre a gente. Somos amigos! Melhores amigos.- falei tentando convencê-la e talvez a mim mesma.
- Tudo bem então minha filha... - minha mãe resolveu não insistir no assunto.
- Estão prontas meninas? Vamos?- Meu pai entrou na cozinha, depositando um beijo no topo da cabeça da minha mãe.
- Vamos querido.- omma sorriu, e meus pais se olharam. Pareciam dois adolescentes.
Então nos arrumamos para visitar minha madrinha.
Se eu soubesse o que aconteceria a seguir... eu jamais teria ido.
Mas como coisas como essa não tem como uma mera humana feito eu adivinhar...
A vida é uma caixa de surpresas . As vezes boas... as vezes ruins... as vezes catastróficas.
No meu caso foi um desastre.
Saímos de casa dia 28 de março de 2013, as 9:30 A.M, com a intenção de fazer uma visita de rotina para minha madrinha, que morava na cidade vizinha. Mas por obra do destino... ou falta de sorte... até hoje não sei como chamar isso que aconteceu... 11:45 quando estávamos prestes a chegar... um caminhão em alta velocidade bateu em cheio no nosso carro em um cruzamento. Causando a morte no local do caminhoneiro e da minha mãe. Meu pai e eu ficamos em coma. Eu por dois anos...
Agora... em 2018... meu pai ainda permanece em coma.

- 28/03/2013 10:30 A.M -

*Eii. Que tal sairmos as 9? Estou indo visitar tia Beth* - enviei uma mensagem pro Lee Jong Suk.
*Tudo bem. Te espero. 😉* - ele me respondeu.
*Eii.  O que você tem para me dar de presente? Você sabe que minha curiosidade é maior que a mim mesma! 🙈* - sorri ao enviar essa mensagem.
*na hora certa você saberá! A curiosidade matou o gato!  🙊 nesse caso... a gata. 😉*- ele me respondeu.
*Lee Jong Suk!! Eu nunca mais vou falarcom você se não me contar!* - fiz chantagem.
*Tudo bem... é um colar. E preciso te dizer uma coisa...*- franzi a testa ao ler a resposta dele.
*O que precisa me falar?* - já estava explodindo de curiosidade.
*Por mensagem não. Quero conversar com você com calma... pessoalmente. Temos tempo pra isso tampinha. Então segure sua curiosidade. 🙊😈🤭*

Quando pensei no que responder, só pude ouvir os gritos da minha mãe, e o som de vidro estilhaçando.  Depois disso, a escuridão me consumiu.

29/03/2015 7:37 P.M

Minha cabeça estava doendo. Por mais que eu estivesse usando todas as minhas forças... não conseguia me mexer ou simplesmente abrir meus olhos.
Senti que alguém segurava minha mão suavemente. E pude perceber que alguém falava comigo.
Me concentrei para escutar o que me diziam.
- Dieni... não sei se você pode me escutar... Mas  por favor... por favor abre os olhos. Por favor.- escutei Jong Suk sussurrando perto do meu rosto.
Então senti um leve beijo na minha testa.
Tentei novamente abrir os olhos ou falar. Mas não adiantou tal esforço.
Ele ficou mais algum tempo ali, e pude notar que ele me olhava. Eu lutei com todas as minhas forças para que ele notasse que eu estava escutando tudo que ele me dizia... buscava forças para lhe enviar um sinal de que eu estava bem. Até que...
- Dieni... hoje dia 29 fazemos 12 anos de amizade. Meu maior presente seria se você acordasse. - pude ouvir uma risada misturadacom um início de choro.
"Fizemos 12 anos de amizade ontem Lee Jong Suk. Você é péssimo com datas!"- pensei já que não podia falar." Espera aí. 12 ANOS?! não seriam 10 anos?" - me apavorei  e fiz uma força maior que o comum pra dar o sinal que ele tanto pedia.
Então ele iria largar minha mão para sair, eu com todas as forças que tinha... tentei apertar sua mão.
Deve ter funcionado, porque ele parou por um momento. Aquele lugar ficou tão silencioso que se ele não estivesse segurando minha mão, poderia dizer que ele havia ido embora.
- Enfermeira! Enfermeira!- ele gritou sem soltar minha mão.
- o que houve?- escutei a voz de uma mulher.
- Ela... ela apertou minha mão. - Lee Jong Suk parecia emocionado.
- tem certeza? Você já se enganou antes... - A enfermeira disse não levando muita fé nele.
O que me irritou profundamente, me fazendo apertar a mão dele denovo.
- Ela acabou de apertar minha mão novamente!- ele estava sorrindo agora. Eu podia sentir.
Depois disso, a enfermeira me fez apertar a mão dela, depois o médico veio também... ouvi a voz da tia Elisabeth... a voz da mãe e da irmã do Lee Jong Suk.  Onde estavam meus pais?
Por essa curiosidade... me forcei a abrir meus olhos.
No início foi muito difícil fazer esse simples gesto de abrir meus olhos, parecia que eu havia dormido por anos... que eu havia esquecido como me manter acordada.
- Ela está abrindo os olhos!- escutei a Lee Shin Hye falar alegremente.
Então abri meus olhos.
No início não pude enxergar direito, a claridade incomodou meus olhos.  Mas algumas piscadas depois, pude ver Jong Suk sorrindo para mim.
- Oi tampinha. - Ele sorriu, ao mesmo tempo que lágrimas invadiram seus olhos.
Abri a boca para responder. Mas nenhum som saiu.
Então ele me abraçou. E chorou.
O choro dele era de felicidade. Mas tinha algo errado. Eu podia sentir. Só não sabia o que era.
E pensando bem... talvez eu nem deveria ter sabido...

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