Capítulo 1 - I've hurt myself...

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É incrível como você demora para conseguir a confiança de alguém, mas o mais incrível é como com apenas um passo em falso e toda a confiança vai embora, desmorona. Você sai do conforto da sua vida cheia de rotina e sem transtornos, se envolve com alguém que obviamente vai virar seu mundo de cabeça pra baixo, investe seu tempo e paciência com essa pessoa, se adapta a tê-la em sua vida todos os dias... e de repente não há mais nada disso, só um enorme vazio crescendo em seu peito.

Era assim que Harry se sentia.

Fazia três longos anos que havia se mudado para a tão aclamada América, graças a indicação de conhecidos ele tinha um bom emprego em algum cargo administrativo de uma grande empresa, uma bela casa decorada a seu modo e com um lindo e brilhante futuro pela frente. Bem, pelo menos era isso que ele imaginava para si até conhecer um certo castanho com seu belo corpo que parecia digno de um deus e... Céus, se ele soubesse a encrenca que se metia, jamais teria se deixado derreter pelos sorrisos calorosos e abraços aconchegantes que seu "deus" fornecia.

Harry era apenas um garoto recém-formado, com seus vinte e poucos anos, de lindos olhos verdes e pele pálida que contrastava com os cabelos tão escuros como a noite. Ele não tinha um corpo muito volumoso, na verdade era quase o oposto disso, magro, esguio... Algumas vezes até conseguia se imaginar sendo quebrado ao meio quando era apertado contra o corpo do castanho que até um mês atrás era seu namorado.

Sim, ERA seu namorado.

Eles tinham se conhecido por um amigo em comum e quase instantaneamente se apaixonaram, passando a sair quase todos os dias e conversando sobre os mais diversos e extensos assuntos. Harry havia sido um grande desafio para o outro homem, afinal o mesmo havia levado quase um ano todo para ter total acesso ao moreno que considerava como se fosse sua vida, assim como o moreno finalmente se entregava completamente ao ser que o tirava o sono desde o primeiro encontro. Não demorou muito para que sua casa fosse tomada pela bagunça do outro, agora ele passava mais tempo ali do que em sua própria casa, nos últimos dias estava até cogitando a ideia de chamá-lo para morar consigo de uma vez.

Ainda era difícil de acreditar que depois de tanto tempo juntos aquela situação aconteceu. Ver seu amado deus deitado sobre uma garota, uma qualquer, estocando vigorosamente contra o corpo cheio de curvas enquanto soltava gemidos de puro deleite, tendo a pele marcada pelas unhas longas da garota que o encarava desafiadoramente como se soubesse exatamente quem ele era. Foi tolo em confiar e ainda mais em se entregar daquela forma tão profunda.

Com o coração em pedaços ele acordava todos os dias, cada vez mais magro e apático, descia as escadas que davam acesso a sala e passava direto com a porta de entrada onde uma pilha de envelopes se fazia presente, todos eram dele e por isso nem cogitava a ideia de tocá-los, por medo do conteúdo. Nos primeiros dias chorava compulsivamente sempre que chegava em casa e via mais um envelope ali, agora chegava a sentar do lado da pilha, abraçando as próprias pernas enquanto encarava as cartas com angústia, desejando profundamente que aquela tortura acabasse o mais rápido possível.

Seus amigos, os poucos que possuía, tentavam fazê-lo sair de casa, se distrair e talvez até esquecer tudo que havia passado desde que conhecera seu deus, alguns até tentavam em vão trazer alguma novidade sobre seu amado e ele sempre arrumava um jeito de fugir sem ser indelicado e antes que o nome que tanto o assombrava fosse dito.

Louis... Louis... Louis... Quantas vezes não havia acordado no meio da noite chamando por esse nome em meio ao pranto? E quantas vezes mais não acordaria da mesma forma?

O amava mais que tudo e todos, mas não conseguia perdoá-lo e nem queria. Aquela seria uma ferida que doeria em seu coração pelo resto de seus dias, seu amor verdadeiro não correspondido, jamais o esqueceria assim como jamais o teria de volta, seria incompleto e vazio. Nada de assistir filmes tristes e se afogar em um pote de sorvete, nada de ouvir música triste e chorar abraçando o travesseiro, nada de beber até perder a consciência e, acima de tudo, sem forças para tentar qualquer vingança contra a garota pela qual fora trocado e que nem sequer tentou descobrir o nome.

Morto, era a palavra que seus amigos estavam usando para descrevê-lo e, de certa forma, se sentia assim. Agora somente seu corpo vagava pelo mundo como se seu espírito o tivesse abandonado.

Como uma casca vazia...

Os dias foram passando, lentamente, e com eles a vitalidade de Harry ia se esvaindo cada vez mais. Naquele dia em especial, uma segunda-feira, ele estava usando suas roupas sociais, que agora pareciam largas em seu corpo, e estava sentado no conforto de seu carro esperando o sinal abrir, estava atrasado para o trabalho pela primeira vez na vida e não conseguia nem mesmo se sentir culpado por isso como se sentiria a algum tempo atrás.

Com sorte conseguiu avançar pela cidade sentindo um terrível cansaço se apossar de si quando o carro finalmente foi colocado em sua vaga no estacionamento em frente ao grande prédio negro das indústrias Payne. Saiu do carro com pesar, levando consigo a chave do automóvel e sua pasta com os documentos que tinha que entregar a seu superior. Com passos apressados deixou o estacionamento, olhando para o relógio em seu pulso e começando a atravessar a rua pouco movimentada, agradecendo aos deuses por não perder a reunião semanal ou teria que ouvir um longo sermão se seus amados chefes, isso era tudo que ele menos desejava. Mal sabia o moreno que a apenas algumas quadras dali estava ocorrendo um assalto digno de um filme com perseguição em alta velocidade, até mesmo alguns tiros sendo disparados enquanto os carros passavam rápido pelos sinais e cruzamentos.

Tudo aconteceu muito rápido, quase como um piscar de olhos. Harry já no meio da rua quando ouviu um som alto tomando conta de sua audição, não tendo o tempo necessário para uma reação antes do forte impacto que o lançou para frente com brutalidade, a pasta em suas mãos voou longe, fazendo os papéis se espalharem pelo chão sujo da rua, alguns que caiam mais próximos do corpo ficaram prontamente manchados de um vermelho vivo. Naquele momento Harry sorriu, sorriu como não sorria a tempos, aliviado por finalmente se livrar de todas suas dores enquanto a escuridão tomava conta de sua visão e os sons iam se silenciando gradativamente até não lhe restar mais nada.

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Olá,

Aqui estou com mais uma fic escrita há muito tempo atrás. Originalmente era uma fanfic Thorki que foi postada no Nyah! e no Social Spirit.

A fic está concluída, apenas fiz algumas alterações e agora sim estou satisfeito com o resultado.

A música do capítulo é a que usei pra escrever a fic, sugiro que ouçam...

Espero que gostem, não deixem de comentar!

I've hurt myself - L.S.Onde histórias criam vida. Descubra agora