2 - parte 2

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DISPONÍVEIS ALGUNS CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

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Ele andou apressado, me fazendo praticamente correr atrás dele, o local que ele treinava ficava realmente bem perto do hotel, e do meu apartamento. Era uma construção de madeira. A loja embaixo estava fechada e entramos por um pequeno portão na lateral, subimos uma escada e chegamos.

O galpão era enorme e boa parte dele estava ocupada pelos aparelhos de ginástica. Era todo de madeira, me perguntei por um momento se ele aguentava bem tanto peso, bati o pé na madeira e Dustin riu.

— Isso aqui aguenta o seu peso, boneca — falou tentando me irritar.

Mas eu já estava irritada. Ele havia me acordado às seis da manhã de uma segunda!

— Estou testando se aguenta seu ego, babaca.

Ele abriu aquele sorriso de lado e procurou algo na mochila, enquanto eu observava tudo ali, cada aparelho estranho, as enormes janelas, a pequena mesa bem ao fundo. O lugar era, no mínimo, estranho.

— Então, que tipo de respostas você precisa? — perguntou fingindo interesse, pois nem olhou para mim.

— Coisas como por que você se tornou um muso fitness, e, por favor, não diga que queria ser o mais bonito do colégio, porque isso é broxante.

Um sorriso de lado surgiu em seu rosto.

— Então, você quer coisas interessantes. Como histórias tristes, mortes e drama? Você quer um garoto ferido que ficou forte para se defender?

— Essa é sua história?

Ele riu debochado e jogou a mochila no chão com um pouco de força desnecessária.

— Não. Você não vai encontrar uma história triste aqui.

Ele tirou a camisa e esqueci completamente o que ia perguntar em seguida. A luz do sol que entrava pelas janelas banhou cada músculo de seu abdome, fazendo-os brilhar diante de mim. Me perdi tentando contar os gomos daquela barriga escandalosamente gostosa, quando ele parou bem na minha frente. A expressão fechada e impaciente.

— Você é retardada?

Pensei que estava se referindo ao fato de eu o estar olhando como se ele fosse um frango girando no assador.

— Como?

— Perguntei se tem algum problema mental, visto que parece não saber falar e vestiu a blusa do lado avesso.

Olhei imediatamente para minha blusa rosa bebê e a costura grotesca da minha mãe estava para o lado de fora.

— Ah, merda! Não sou retardada, só não acordei ainda.

Tirei rapidamente a camisa, completamente alheia a sua presença ali, quando ele tocou minhas costas, me fazendo dar um pulo e me esconder atrás da blusa em minhas mãos.

— O que é essa coisa preta que está usando?

— Uma cinta.

Meu Deus, isso podia ser mais constrangedor?

— Para que serve?

Revirei os olhos e percebi que ele tentava conter um sorriso. Vesti a blusa de qualquer jeito e cruzei os baços irritada.

— Você sabe muito bem para que serve.

— Não, nunca vi uma dessas, você poderia me explicar?

Ele poderia ser mais irritante?

— Serve para apertar e esconder as banhas. Satisfeito?

Ele continuou segurando o riso e observou meu corpo, então disse:

— Tenho absoluta certeza de que a etiqueta da blusa deveria estar do lado de trás.

Olhei de novo e havia vestido a blusa de trás para a frente.

— Ah, já pareço uma retardada mesmo, deixa assim.

Ele resgatou a mochila do chão e a depositou em um banco, depois aproximou-se de um pequeno frigobar. Tirou de lá uma garrafa com um liquido branco, que pensei ser leite, e pegou umas barrinhas de cereais. Ao invés de mastigá-las como uma pessoa normal, ele as assassinou.

— Uh! Pelo visto não sou a única anormal aqui — comentei satisfeita.

— Não julgue o café da manhã de um campeão.

Ele amassou as barrinhas em uma tigela e jogou o leite. Sentou-se e me olhou entediado.

— Quer se sentar? Água? Café? Alguma coisa? Se quiser apenas faça, não me espere oferecer nada a você ou vai ficar o dia todo parada aí.

— Não, obrigada, estou bem.

Continuei de pé onde estava, vendo-o mastigar aquela gosma e senti meu estômago revirar. Mas embora enjoado, ele fez um barulho estrondoso. Dustin parou no ar o movimento de levar a colher à boca e me encarou.

— Ou tem um Alien escondido dentro de você, ou alguém não tomou café hoje.

Ele enfiou a colher na boca, mastigou e cuspiu de volta na tigela, então a estendeu a mim.

— Pegue, está quentinho e mastigado, você só precisa engolir.

Ele colocou a tigela na minha mão e se afastou. Sem dizer nada, virei minha mão para baixo, espatifando a tigela e a gororoba mastigada no chão. Voltei a cruzar os braços e ele olhou da bagunça no chão para minha cara parecendo em choque. Arqueei minhas sobrancelhas deixando claro que não sentia medo dele e ele sorriu. Um sorriso enorme.

— Uau! Você é uma Big atrevida.

— Chega! — irritei-me com o trocadilho de mau gosto — Desisto. Não preciso passar nesse semestre, estou indo embora, fique bem com seu ego, sua arrogância e sua chatice.

Desci as escadas apressada, mas ainda pude ouvi-lo gritando:

— Vire a blusa para o lado certo ou vão chamar uma camisa de forças para você na rua!

— Não ligo!

Mas parei no meio da escada e tirei a blusa, analisando-a cuidadosamente antes de vesti-la pelo lado certo. Ao que um assobio atrás de mim me fez ficar paralisada.

— Bem melhor assim.

— Você estava me espionando? Ah meu Deus! Até nunca, idiota!

Eu falaria com o professor Roberto, não podia fazer aquele trabalho com aquele homem idiota. Não mesmo! Ele tinha que me dar outra coisa para fazer.


DEGUSTAÇÃO - Um grande problemaOnde histórias criam vida. Descubra agora