Hellboy
Por conta de alguns rumores acusando a venda de drogas pelos arredores da escola, o diretor decidiu que seria uma boa revistar as mochilas dos alunos que ele achasse suspeitos e, claro, eu estava no meio desses alunos suspeitos justamente porque meu irmão era líder de uma gangue.
A Death Angels nunca se envolveu com tráfico de drogas, isso era trabalho de outras gangues, mas enquanto o sobrenome da minha família estivesse atrelado no submundo, teria um alvo bem no meio da minha testa para as autoridades, nem que a autoridade fosse o diretor Steven Walker.
— Algum problema, sr. Walker? — Perguntei, sabendo que o provocaria.
O diretor bufou, frustrado. Não tinha nada para ele confiscar na minha mochila daquela vez.
— Nenhum problema, Carter. Some da minha frente! — Me lançou um sorriso amarelo.
Sr. Walker abriu passagem para que eu entrasse na escola. O corredor se abria em três direções: para frente e para os lados, minha primeira aula era em uma sala à esquerda, mas eu pretendia fazer outra coisa antes.
E, assim como eu esperava, logo que virei para o corredor da direita, meus olhos pousaram sobre a menina ruiva de olhos azuis. A irmã irritante não estava por perto, o que era um bom sinal para mim. Era meio caminho andado para que Marianne simplesmente aceitasse de bom grado ir para a inauguração comigo.
Ela vasculhava o armário rapidamente, acreditei que estivesse procurando um livro ou caderno, mas ela tirou dali de dentro um brilho labial avermelhado. Olhou em volta, como se não quisesse que ninguém a visse fazendo aquilo, quase como se estivesse tentando esconder um pecado ou um crime hediondo. Passou o brilho labial sobre os lábios carnudos e os movimentou para espalhar o produto.
Marianne não costumava se maquiar muito, isso por um trato maluco que ela tinha com a irmã, onde, por vezes, elas trocavam de roupa para poderem trocar de lugar e fazerem provas se passando uma pela outra. Mas nem sempre Marianne queria ser o clone de sua irmã, ela queria ser ela mesma, se desvincular daquela imagem espelhada.
Ela passou os dedos pelos fios de fogo, ajeitou as ondas como se estivesse tentando domar labaredas, sorriu para si mesma e fechou a porta do armário, deparando-se comigo, encostado no armário ao lado com um sorriso que a desestabilizou por completo.
— Atrasada para a aula? — Perguntei.
— Isso muda alguma coisa para você? — Ela sorriu, provocativa.
— Não, na verdade — Dei de ombros. — Sabe que não me convence muito com essa pose fajuta de boazinha, muito menos com essa forçação de barra que você faz para parecer malvada — Provoquei e ela revirou os olhos.
— Vá direto ao ponto, Sebastian! — Ajeitou a mochila nas costas.
— Certo. Você vai à inauguração do Drive-in comigo, sabe disso, né? — Ergui uma das minhas sobrancelhas.
Ela apertou os lábios, espalhando um pouco mais o brilho labial. Eu sabia que ela tentaria bancar a difícil e inalcançável, mas sabia que ela queria mais-que-tudo ir comigo à festa, era como a forma que ela tinha de mostrar para todas as outras garotas que ela vencera aquele jogo idiota que todas elas jogavam.
Era inevitável.
— Vou pensar — Respondeu.
Eu ri, conformado.
— Mas preciso saber se você estaria disposto a ir mais longe por mim, preciso saber exatamente o que você sente por mim — Ela piscou para mim e se afastou pelo corredor.
![](https://img.wattpad.com/cover/170369128-288-k636453.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Artificial: 1988 [DEGUSTAÇÃO]
Teen Fiction[COMPLETO NA AMAZON] Brookline costumava ser uma cidade quieta e pacata, mas isso não significava que ela não era dona dos seus próprios segredos. Com gangues perigosas no comando de algumas áreas da cidade, Brookline está prestes a viver a sua époc...