Hellboy
Quando se é uma pessoa que vive rodeado de pessoas, as notícias costumam correr mais depressa do que deveriam.
Fofocas e boatos idiotas, meias verdades e até verdades completas, escorregavam pelas orelhas de todo mundo da escola em velocidades dignas de um corredor de Fórmula Um. Quando se tratava de um assunto que envolvia alguém que estivesse no topo da cadeia alimentar social estudantil, claro que tudo iria mais rápido ainda.
E, infelizmente, eu estava na ponta do iceberg social da escola, todo mundo ficou sabendo da competição com Anthony Cooper.
De um lado, Marianne se sentia como a rainha da escola, com dois caras disputando por ela, por outro, algumas pessoas apenas diziam que ela estava se passando por uma vadia de quinta categoria.
Tudo começou com Dale, que contou para Dajan quando ele chegou na escola, que contou para Dewanda entre a primeira e a segunda aula, que contou para Joseph no caminho para o banheiro, que contou para Atila na aula de Humanismo, que contou para Meghan quando foi buscar o livro de biologia, que contou para Ally-Grace no almoço, que fez questão de espalhar para a porra da escola inteira.
E a pior parte é que parte dos rumores era sobre eu estar com medo de perder para um nerd idiota, que já estava cantando vitória antes da hora. Ele sabia correr mais que eu.
Ninguém queria ir embora da escola sem antes ver a competição do ano. Era tudo o que eles queriam: Sebastian Knox Carter massacrando Anthony Cooper ou Anthony Chupa Chups Cooper destruindo o império de Sebastian Carter.
Eu mal tive tempo para me preparar, tudo seria muito rápido e improvisado, e piorava toda vez que eu me lembrava do tamanho da plateia.
Respirei fundo lentamente. Meus olhos escorregaram por todos os rostos da arquibancada, eu estava acostumado a ter muita gente me encarando durante as partidas de Futebol Americano, mas ali a pressão era completamente diferente da pressão dos jogos.
Talvez a maioria deles quisesse uma reviravolta milagrosa em que o nerd acabava com o badboy, isso porque Ally-Grace sempre conseguia fazer com que as pessoas se voltassem contra mim.
— Vou ficar embaixo da primeira arquibancada do outro lado do campo, vou puxar o barbante assim que ele passar — Leight disse mais para decorar o que ele tinha que fazer que para me avisar o plano. — Só toma cuidado pra não tropeçar em cima dele e acabar se fodendo também!
— Tranquilo! — Sorri, confiante.
Ele confirmou com a cabeça.
— Se continuar fazendo essas coisas, vai acabar sendo preso!
— Leight, pela última vez, ninguém é preso por colar em provas e derrubar otários!
— Mas deveriam!
Ele correu na surdina para se esconder embaixo da arquibancada, se certificando de que ninguém seria capaz de o enxergar ali.
Estralei os dedos das mãos. Tinha me decidido que ao menos tentaria vencer do jeito limpo, então estava até vestindo as roupas de treino, se eu corresse de calça jeans e jaqueta não convenceria ninguém de que eu tinha realmente corrido sem trapacear.
Sacudi os ombros, tentando relaxar as juntas, e me aproximei da largada.
Tudo parecia estar indo como o planejado, ou coisa bem perto disso. Marianne estava alinhada na linha de chegada, ela quem anunciaria o vencedor. Leight estava embaixo da arquibancada, segurando a ponta do barbante para se certificar de que não seria levado pelo vento, Samantha, que detestara a ideia e estava meio brigada com a irmã, se posicionava do outro lado da linha de chegada, ela quem daria o "tiro" de partida, que, na verdade, era um apito roubado da treinadora de vôlei.
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Artificial: 1988 [DEGUSTAÇÃO]
Novela Juvenil[COMPLETO NA AMAZON] Brookline costumava ser uma cidade quieta e pacata, mas isso não significava que ela não era dona dos seus próprios segredos. Com gangues perigosas no comando de algumas áreas da cidade, Brookline está prestes a viver a sua époc...