6 de Maio de 2013
Avenida Brigadeiro Luís Antônio
"Você já veio aqui?" - Thomas se vira e pergunta, enquanto Nico para e tira o celular do bolso.
Ele responde enquanto abre o aplicativo de câmera do celular, e o mirando por sobre a grade da ponte, enquadra a avenida abaixo, com a bandeira do Brasil ao fundo - "Não, nunca. Acho só visitei algumas partes soltas do centro de São Paulo" - ele bate algumas fotos, guarda o celular, segue andando e Thomas o acompanha, ele continua - "Eu conheci um pouco do vale do Anhangabaú com meu pai uns anos atrás quando voltamos do show da Beyoncé no Morumbi, mas foi basicamente só a entrada da estação porque o show acabou tarde e quando chegamos ela já estava fechada... O vale do Anhangabaú à noite é lindo, todos aqueles prédios em volta... as luzes ainda laranjas dão um tom todo especial, eu sinto que poderia viver ali minha vida toda e nunca me cansar..."
Nico fica em silêncio e Thomas sorri, entendendo sua deixa para ou cortar seus devaneios ou lhe dar mais corda, e ele faz sua escolha.:
"Quais outros lugares você conheceu?"
Sorrindo, Nico prossegue - "O Brás... lá eu conheço um bocado, não especificamente é claro, aquilo é um labirinto de lojas e barraquinhas na calçada, mas eu já fui muito lá com a minha mãe quando eu era menor. Um pouco da Sé... no ano passado, que aliás deve ser perto daqui. Tivemos uma aula de roteiro fora da faculdade, o professor nos convidou para uma mostra de cinema sobre o diretor Abel Ferrara no Centro Cultural Banco do Brasil, e nós assistimos a um filme dele, The Gladiator... eu acho, não lembro bem do filme... depois teve uma sessão de perguntas com o diretor. Okay que eu não conhecesse nada dos trabalhos dele, mas foi bem legal de qualquer forma. Ah! a Avenida Paulista é claro, que na verdade eu não sei bem se caí na caixa de lugares considerados "Centro de São Paulo", mas de qualquer forma, eu conheci, e bem, é o meu lugar favorito. Eu conheci pela primeira vez no ano passado também, não lembro bem como conheci, mas talvez tenha sido uma outra aula do mesmo professor... é acho que foi isso, acho que ele nos convidou para ver um filme numa mostra de documentários... até hoje eu não entendi bem o porque daquele filme, mas acho que ele tava tentando mostrar qual era a essência de um roteiro..." e enquanto ele tentava recordar aquele dia, Thomas pergunta:
"O que vocês viram? E qual é a essência de um roteiro?"
Nico solta uma risada quando se lembra de um detalhe da sessão daquele filme.
"Nós vimos... Tokiori, Dobras do Tempo... e eu cochilei em parte do documentário..." ele espera a reação de Thomas.
"Que blasfêmia! Um estudante de cinema, dormindo no templo!" - ele diz incorporando um sacerdote ofendido, e então ri da própria atuação.
"Hey! Não, eu estava exausto! Eu tinha de acordar cedo para a faculdade que ficava na Mooca, inclusive outro lugar que conheci... um pouco... e na noite anterior acho que fui dormir super tarde, resultado, eu não lembro muito do documentário, porém do que lembro é de como tinha uns planos lindos"
"E a essência?"
"Ah! sim, a essência do roteiro, bom, pelo menos do que eu acho que entendi das aulas dele, que pra ser sincero eram uma viagem atrás da outra, eu amava, mas era uma viagem... A essência! Sim, a essência de um roteiro seriam as relações humanas que ele retrata. No caso, é delas que surgem tudo que compõe um roteiro, não importa o quão tradicional ou experimental ele seja, as motivações, os conflitos, as viradas de roteiro, a tensão... tudo surge a partir dos personagens e suas relações com outros personagens..."
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Eu Você Nós Eles
Romance"Cada relacionamento, quando acaba, realmente me danifica. Eu nunca me recupero completamente. É por isso que eu sou muito cuidadosa em me envolver com outra pessoa, porque... Dói demais!... Você nunca poderá substituir alguém, porque todo mundo é f...