Elena. Clarice.

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25 de Maio de 2013


Dessa vez, Thomas chega primeiro.

Verificando alguns tweets, ouvindo música com fones de ouvido e encostado em uma parede da Estação Sé, ele aguarda por Nico que avisou há dez minutos, por mensagem, estar próximo.

Eles poderiam ter combinado de se encontrar diretamente na Consolação, mas para ficarem mais tempo juntos decidiram pela Sé, três horas antes do show, para também pegar a sessão de um documentário nacional que Nico estava louco para ver e ainda terem tempo de conversar um pouco enquanto comiam algo.

Nico chega doze minutos depois da mensagem. 

Quando o vê pelo vidro do metrô, enrolando seus fones de ouvido e encarando a tela do celular, Thomas não consegue evitar de sorrir. Esse tem sido seu comportamento de um modo geral, sempre que está perto de Nico, ou quando pensa nele, ou quando recebe uma mensagem dele, ou até quando é lembrado dele por qualquer coisa que seja, como um filme que ele ame, ou um filme que ele odeie ou basicamente qualquer filme que leve Thomas a pensar "Será que o Nico já viu esse?"

"Kd vc?" - Thomas lê a mensagem em seu celular, pouco antes das portas se abrirem.

"Olha pra frente, na parede da escada rolante" - ele digita e envia.

Nico desce do metrô olhando a tela do celular, guardando seus fones de ouvido no bolso de trás da calça jeans. O momento em que recebe a mensagem de Thomas fica claro, pois ele abre um sorriso instantâneo e começa a procurar a parede da escada rolante, o que não demora muito e ele logo está caminhando em direção a Thomas que retira os seus fones de ouvido e os enrola para guardar.

Eles não dizem nada e apenas se abraçam por longos segundos.

Não que eles não tenham se visto muito durante todo esse mês, muito pelo contrário, eles se viram praticamente todas as semanas e às vezes mais de uma vez por semana, mas eles simplesmente não conseguiam evitar de se querer por perto a todo momento. Não havia em nenhum dos dois o desejo de fingir desinteresse ou de fugir e se esconder, apenas o desejo pelo abraço do outro, pela voz do outro, pelo cheiro do outro.

Eles se afastam um do outro apenas por tempo suficiente para que ambos soltem seu típico "Oi" e então voltam a se aproximar para que seus lábios também matem a saudade um do outro.

Quando a saudade está devidamente quitada, eles seguem para a plataforma da linha azul, no sentido Jabaquara, e pegam o metrô para então descer na estação Paraíso e seguir para o destino deles, a Estação Consolação e a Rua Augusta.

Já na escada rolante, rumo a saída da Consolação, como sempre, Nico fica no degrau inferior e aproveita os poucos segundos da viagem para encostar a cabeça entre o peito e a barriga de Thomas e esse é seu sinal para que ele coloque os braços em volta dele. Poucas são as vezes em que Nico se confunde e acaba ficando no degrau superior, mas quando isso acontece, ele mesmo coloca seus braços em volta de Thomas e o puxa para si, que opondo nenhuma resistência, encosta a cabeça em seu peito.

Eles deixam a estação e Thomas não deixa a oportunidade de ver o olhar de Nico viajar da multidão para o topo dos prédios da Avenida Paulista e de volta à multidão e então para o relógio sobre o Conjunto Nacional.

O sol está se pondo e os prédios espelhados refletem raios de luz alaranjados enquanto o céu cada vez mais escuro consome os últimos momentos do dia e abre caminho para uma noite fresca e sem chuva.

"A sessão do filme é em..." - Nico aponta para o termômetro acima do Conjunto Nacional que está prestes a voltar a ser um relógio - "Vinte minutos, então a gente deixa para comer depois?"

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