Já trocados de roupa, com as mochilas nas costas e capacetes nas mãos, Zach e Jack seguiam alegres para o estacionamento do colégio. Jack envolvia os ombros do namorado com um dos braços, pois sabia que Zach gostava e se sentia um pouco mais protegido. Sim, Zach tinha contado ao mesmo sobre isso.
Mas a verdade era que, um pouco antes deles começarem a namorar...
Zach estava com problemas em casa, como sempre. Até que um dia ele decidiu andar pelo bairro onde morava ao invés de se trancar em seu próprio quarto, pois precisava espairecer a mente, mas não tinha percebido que estava chorando ao sair de casa.
Ele tinha acabado de contar aos pais que era gay e a reação destes não foi uma das melhores. Eles gritaram com o garoto, jogando na cara o quão decepcionante ele tinha se tornado para eles. Zach aguentou o máximo que pode, antes de levantar-se da mesa e bater a porta da frente de casa.
Ele andava sem rumo, sem um destino, a única coisa que queria mesmo era se livrar, ao menos um pouco, de sua realidade. Até que começou a chover e ele correu para um pequeno ponto de ônibus que tinha ali perto. Reconheceu os cachos dourados que pendiam por debaixo de um capuz.
Era Jack, o garoto que estava na mesma aula de biologia que ele, que por sinal, era também seu colega de bancada e de esgrima. Zach decidiu então virá-se de costas, mas sua tentativa de não ser reconhecido foi falha, pois Jack o reconheceu logo e foi falar com o garoto. Ao perceber as bochechas molhadas e os olhos levemente vermelhos de Zach, Jack viu que o mesmo estava chorando. Então envolveu os ombros de Zach com um de seus braços e pôs-se a conversar com o garoto sentado no banco do ponto de ônibus, enquanto consolava-o e tentava o alegrar, contando sobre sua própria experiência de uma forma engraçada.
Zach podia jurar que aquela sensação de ter alguém ao seu lado, aquela sensação de segurança, foi incrível, pois nunca teve isso até seus 16 anos. Ele até se encolheu mais um pouco e tratou de aproveitar bem o que sentia. Desde de então, eles tornaram-se cada vez mais próximos.
Por isso, Zach pediu que Jack continuasse, mas não o disse o verdadeiro motivo, apenas que ele gostava.
Com ambos já na moto, Jack ligou o veículo e pilotou-o até a casa de Zach. Da última vez que Avery esteve lá foi para ajudar Zach com uma matéria que o garoto não tinha entendido bem, não que Jack tivesse entendido tudo, mas, bem, ao menos ele tentou.
Jack sabia bem como era os pais de seu namorado e as vezes tinha raiva de certas atitudes que tomavam em relação ao garoto. Ele achava Zach muito forte por "conseguir" aguentar tudo aquilo e por isso tentava ao máximo dá todo o seu apoio e carinho ao namorado.
Sabia que Herron era o mais velho entre três irmãos, Ryan e Reese. E que ele os amava tanto e lamentou, nas vezes em que não conseguiu segurar as lágrimas e o que sentia, por não poder fazer algo para evitar que ouvissem o que ouvem.
Seus pais eram o tipo de pessoa que ignoravam o que tinha de bom nas outras e focavam somente nos defeitos destas. Jack, por exemplo, era um garoto incrível, mas seus pais não gostavam dele. Primeiro porque não aceitaram que seu filho fosse gay, segundo porque Jack era repetente. O garoto tinha perdido o 1° do ensino médio, mas depois que isso aconteceu, Avery mudou bastante em relação a seus estudos.
Ou seja, quando o garoto levava o namorado para casa, seus pais o olhavam torto e com um leve desgosto. Mas Zach não se importava mais, aliás, tirava proveito da situação para entrar o mais agarrado com Jack possível.
Naquele dia por exemplo, após os olhares e tudo mais, ambos entraram abraçados, com Zach alisando o próprio pescoço para chamar atenção para a marquinha roxa que Jack tinha feito na noite anterior. E Jack sempre tratava os pais de Zach da melhor forma possível, como que para mostrar a eles que ele não se afetava, quando no fundo, sim, ele se sentia meio mal.
Eles sempre tentava se mostrarem fortes, quando na verdade cada um sabia muito bem como o outro se sentia.
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antes que tudo acabe · jachary
FanfictionE se você tivesse a chance de voltar em um dia de sua vida, qual seria? Reviveria algum momento prazeroso? Concertaria algo pendente em seu passado? Ou tentaria evitar um acidente que deixaria em risco a vida de alguém que ama? Você tem apenas um di...