lay me down ♡ ji+kook

two ✴

Eram seis horas da manhã quando o relógio despertou, mas eu o desliguei na mesma hora, afinal, não tinha pregado os olhos.

Destes, naquele momento vermelhos e inchados, saíram muitas lágrimas durante a noite.
Acredito que até mais que Jimin no dia do nosso casamento.

Ah, nosso casamento.. Meu coração quase saiu pela boca naquele dia.

O dia em que o amor da minha vida caminhou até mim com os olhinhos marejados, colocou a aliança nos meus dedos e jurou que estaria comigo até que a morte nos separasse.

“Ah, Minie.. eu não esperava, não mesmo, que fosse ser tão cedo.”

Desci da cama e me dirigi ao banheiro. Me olhei no espelho e tive a conclusão do óbvio: eu parecia um fantasma.

“Acho que minha alma morreu contigo, amor.”

Logo Haesu acordaria, por isso tomei um banho apressado e vesti o terno preto.
Caminhei até o quarto da pequena e vi seu semblante assustado. provavelmente tendo um pesadelo.
Ao menos ela conseguiu dormir.

“Orgulhe-se, Jiminie. Tua filha está sendo mais forte do que eu pensei que seria. Mais forte que eu.”

Eram quase sete horas, e o funeral começaria às oito, por isso me apressei em acordar a pequena.
Ela ficaria com minha irmã, naquele momento era melhor que ela não soubesse do que houve com seu pai.

Comemos rápido e ela não reclamou nada. Ah, como minha pequena era forte.

A levei até a casa de minha irmã e assim que entrei no carro, desabei em lágrimas novamente.
Por uns dois, três minutos eu simplesmente não me mexi, apenas chorei.

— Ah, Jimin-ah.. por que tem que ser tão difícil? — resmunguei, tentando inutilmente limpar as lágrimas que ainda caiam.

Com um suspiro fundo, dei partida e fui até igreja. Meu amor será velado numa igreja (lugar que eu tanto repudiei por suas crenças) a pedido da Senhora Park, que é religiosa e nunca aceitou a sexualidade de Jimin.

Entrei pelas portas enormes e localizei a mãe, a irmã e o irmão mais novo de Jimin. Cumprimentei-os e chorei mais um pouquinho nos braços de Jiwoo, irmã mais velha do meu marido.

Durante toda a cerimônia permaneci sério, controlando o choro compulsivo. Até que o padre disse sobre nós. Disse que "Deus" poderia estar punindo-o por conta de tal "pecado".

Não houve como não explodir de raiva. Como um ser maravilhoso, um quase anjo merecia, de acordo com as palavras daquele homem, a morte por amar?

Eu sempre odiei e não seria ali, depois de ouvir aquilo, que as crenças estúpidas seriam menos piores pra mim. Simplesmente levantei-me e sentei-me na escadaria da bonita arquitetura. Ainda colapsando pelo que ouvi dentro do local, voltei a chorar; a raiva esvaía e dava lugar apenas a tristeza.

Me sentia um péssimo marido por não estar assistindo o velório do meu Jimin, mas não aguentava escutar daquelas bobagens.

Então tive uma idéia momentânea: eu faria pra ele a melhor cerimônia existente.
Tudo seria preparado por mim, que o conhece de verdade e não seria tolo de falar bobagens sobre um ser perfeito, simplesmente.

A cerimônia acabou e fomos até o cemitério.
Lá o amor da minha vida foi enterrado junto com muitas outras pessoas.

— Ah, Minie.. Você não deveria fazer parte dessas pessoas.

Quando o corpo do meu marido estava já totalmente submerso na terra, foi colocado um bloco pequeno de concreto com seu nome.

Mas ainda não tinha acabado. Amanhã seria a real cerimônia.