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Estou sentado no chão do banheiro e soluçando um pouco pelo choro compulsivo recente. Já são 5:55 da manhã.

Eu organizei minhas palavras e encontrei uma música para cantar.
Por que eu faço tudo tão raso?

Não é possível que numa noite eu tenha conseguido fazer apenas isto.
Mas não há volta, já foi. A noite já passou, e tenho que me recompor.

Com isto em mente, levanto e me dirijo a banheira, onde choro mais um pouquinho.

— Concentre-se, Jeon, v-você consegue fazer i-isto.

É tão difícil fazer qualquer coisa quando lágrimas e soluços não te abandonam nem por um segundo, eu só o quero de volta, só quero acordar desta merda de pesadelo.

Me visto casualmente, com as roupas que ele dizia que gostava, e recebo minha irmã em casa. Ela cuidará da minha filha novamente.

Passo no quarto da mesma e lhe dou um beijinho, esta ainda estava dormindo.

— Ah, anjinho, perdoa o appa.. seja forte só mais um pouquinho, eu juro que vou cuidar de você.

Abraço minha irmã e lhe dou um beijo na testa, logo saio e entro na BMW escura.
Compro as flores e vou em direção ao cemitério.

O túmulo do amor da minha vida é simples: teu nome, tuas datas de nascimento e morte e "bom marido, bom pai".
Dói ver como ele foi reduzido.

Ele não foi um "bom" marido, foi o melhor marido.
Não foi um "bom" pai, foi o melhor pai.
E ele foi tantas outras coisas que mal posso colocar em palavras.

Ele foi Park (Jeon) Jimin.

Ele foi o homem que eu me apaixonei aos meus 19 anos; o homem que superou um abandono emocional por parte de seus pais, e também várias tentativas em vão de adotar uma criança.

E ele, Park (Jeon) Jimin, foi forte para passar por tudo isto, e conseguir ser feliz com a família que ele tinha. Jimin sempre foi o cara mais extraordinário que eu já conheci.

Um homem lindo, resiliente, carinhoso, que amava gatos e frio.

Hoje está frio. Hoje é um daqueles dias em que costumávamos deitar com nossa pequena no sofá, com vários cobertores e chocolates quentes, para assistir algum desenho na Netflix.

Mas hoje é bem diferente. Hoje estou sentado na grama gelada em frente ao túmulo de Jimin, e nossa filha está em casa, muito provavelmente confusa e triste.

É, bem diferente.

Tiro o papel do meu bolso e engulo em seco. Esfrego as mãos, está realmente muito, muito frio.

— Jiminie, eu.. eu mal sei como começar, me perdoa meu amor, eu só.. te amo. Te amo demais e não aguento mais isto. Por favor, me beija assim que eu acordar desse sonho horrível. Me abraça e me conta seus maiores desejos.
Eu juro tentar fazer de tudo para realizar cada um deles, só.. só me acorda. — Leio as palavras ruins e amasso o papel, frustado.

É, estou chorando novamente. Eu sei que não é um sonho. Eu sei que não vou acordar e beijar meu marido, meu porto seguro, meu anjo novamente.

Ele não vai voltar.

Por que parece que isto é mentira?

Encolho minhas pernas em meu peito e respiro fundo. Está ventando, o que faz as lágrimas em meu rosto ficaram geladas e me dão arrepio.
Frio. Sinto frio. Sinto falta do calor dele.

— Yes, I do, I b-believe that one day I'll be, where I was, right there.. Right next to you..
(Sim, eu acredito que um dia eu vou estar, onde eu estava, exatamente lá.. exatamente do teu lado)

Minha voz é tão fraca e rouca. Tão fraca e rouca.

"vamos, Jeongguk, faça melhor por ele"

And it's hard, these days just seems so dark. The moon and the stars are nothing without you..
(É difícil, esses dias parecem tão escuros. A lua e as estrelas não são nada sem você)

É exatamente isto. Porque Park Jimin é o Sol, o meu Sol, o Sol da nossa filha.
Como vou viver sem meu Sol?

— Your touch, your skin.. Where do I begin? No words can explain the way I'm missing you..
(Seu toque, sua pele.. Por onde eu começo? Palavras não são capazes de explicar a forma em que sinto tua falta..)

Encolho-me ainda mais. Tremo, até.
A música me atinge em cheio a cada vez que a canto.
Eu mal sei colocar em palavras o que eu sinto. Ou então, escreveria um livro sobre.

É vazio. É triste. É sozinho.

Eu perdi o amor da minha vida e isto ainda não parece real. Mas aos poucos, a realidade me bate, e eu morro cada vez mais segundo-a-segundo.

Triste. Solitário. Vazio.

— The night, this emptiness, this hole that I'm inside. These tears.. they tell their own story
(A noite, esse vazio, esse buraco em que estou. Essas lágrimas.. elas contam suas próprias histórias)

Exatamente. Cada uma delas expressa a agonia de momentos tão, tão pequenos que foram tirado de mim. E cada uma delas queima meus olhos e minha pele. Cada uma delas é doída, e eu só quero que acabe.

— Y-you told me not to cry when you were gone. But the felling is overwhelming, it's much to strong.
(Você me disse para não chorar quando você fosse embora. Mas essa sensação está transbordando, é muito para aguentar.)

Minha voz morre e eu desabo. Literalmente.
Aperto meus braços, pernas; puxo meus cabelos e caio deitado.

Em posição fetal, em cima de onde meu marido descansa.
Me assusta, mas acabo passando incontáveis minutos deitado. Chorando. Regando a terra acima do corpo do meu porto seguro.

Quando as fungadas tomam conta e meus olhos estão inchados e vermelhos, eu os fecho e relaxo.

— C-can I lay by your side? Next to you, you..
(Posso me deitar ao seu lado? Perto de você..)

Respiro fundo.

— A-and make sure you're alright..
I'll take care of you..
(E ter certeza de que você está bem..
Eu vou cuidar de você..)

As notas flutuando suaves, leves.

— I don't want to be here if I can't be with you.. Tonight.
(Eu não quero estar aqui se eu não posso estar contigo.. está noite)


END


n/a: me desculpem :(

lay me down ♡ ji+kook Onde histórias criam vida. Descubra agora