Parte 2

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Passados seis meses desde que o último ano da escola havia começado, chegara a semana do campeonato de futebol. Particularmente, era a minha favorita. Sei lá, o futebol durante a Educação Física era bacana, mas no fundo não valia absolutamente nada e era um "jogo vazio". Na semana do campeonato era totalmente o oposto: tudo valia muito e, por mais que o resultado não alterasse em nada o nosso desempenho escolar, a garra e a vontade de vencer eram gigantescas. Uma simples competição escolar transformava-se numa copa do mundo.

O Matheus já estava bem entrosado com meu grupo quando a semana do campeonato começou. Comigo, entretanto, era quase que o oposto: ele evitava conversar comigo. Falava o necessário, mas nada que ultrapassasse as paredes da escola. Como naquela época os smartphones estavam dando seus primeiros passos, Whatsapp não era uma possibilidade, MSN era corrido demais e o Facebook ainda estava engatinhando em popularidade na minha escola. Nem eu e muito menos ele, ambos com 17 anos até então, podíamos dirigir e morávamos longe um do outro. Portanto, o contato e a (literalmente) excitação aconteciam só na escola, mesmo.

Como eu disse anteriormente, a primeira situação homoerótica aconteceu justamente na nossa primeira conversa sem relação com trabalhos escolares, reuniões de grupo e afins. O Matheus era do mesmo time que o meu. No primeiro dia de jogo ele estava espumando de raiva porque, no time adversário, estava um rapaz chamado Renato – que naquele tempo era o namorado da Isabela, ex dele. No vestiário, resolvi conversar e tentar deixa-lo mais calmo:

- Matheus, eu sei que você tá puto por conta das provocações do tal Renato, mas esfria essa cabeça, cara. Ou então, melhor: usa essa raiva no jogo! Mas não fica se remoendo assim não, cara, isso faz mal. Deixa esse mané pra lá, vai. – foi nesse momento, no vestiário, que eu comecei a perceber que tinha algo de diferente acontecendo comigo.

O Matheus tinha a minha altura na época, por volta de 1,76. Era um "magrelo definido", pele um pouquinho morena, cabelos lisos, pretos e com um moicano pequeno, quase que formando um topete. No momento da conversa no banheiro/vestiário, ficamos só nos dois, já que o time todo estava se aquecendo na quadra e eu preferi falar com ele. Não esperava entrar no banheiro e já vê-lo de cueca azul. Lá estava eu: o "Pedrão" das menininhas, o hétero incorruptível, o convicto da própria sexualidade, o "macho", o "boleiro" estava ali: parado, tentando disfarçar meu constrangimento.

Era quase impossível não olhar. A bunda dele era o que eu descobri que apelidam de "bubble butt": redondinha, empinadinha e relativamente grande. A cueca estava bem apertada, então também não tinha nenhuma maneira de não reparar no meio das pernas dele. Cada um sabe do seu próprio corpo, e nunca tive curiosidade de ver nenhum outro homem nu. Estava satisfeito vendo diariamente meus 18 centímetros todos os dias e acredito que as meninas com quem eu saía na época também. Minhas bolas sempre foram grandes, desde que eu me conheço por gente. As do Matheus, logo quando vi, sabia que também eram. O saco marcava bem na cueca e o pau dele estava todo pra direita (sou bem detalhista). Não vou mentir e é difícil até hoje admitir: quis pegar no "pacote" dele. Sentir, pegar, apertar, esfregar. Sei lá. Talvez até deixar ele duro. Mas me controlei e foquei no que precisava fazer: acalmá-lo.

- Não dá, Pedro. Esse cara é cuzão demais. Não é de hoje que eu não vou com cara dele. Já estudei com ele quando a gente era menor e já briguei com ele , de arrancar sangue mesmo, numa balada em Ribeirão Preto. Ele fica telefonando pra Isabela e agindo feito imbecil, falando alto com ela enquanto olha pra mim. Não sei se ele quer que eu fique com ciúmes dela ou dele, porque o cara tá me encarando demais, deve estar pensando que eu sou boiola ou que quero comer a Isabela com ele.

- Ou comer ele, né. – percebam que o nervosismo e o princípio do tesão já estavam afetando até meus conselhos. Sim, já que héteros costumam soltar esses comentários – mas eu, naquele momento, com aqueles pensamentos, queria mesmo é ver aquilo se concretizando. Já dava pra ter uma ideia do tamanho do pau do Matheus e, com a raiva que ele estava, uma hatefuck já estava passando pela minha cabeça enquanto conversava com ele. Pior: eu queria ver acontecendo no meio da escola, com todo mundo olhando. O Renato era bem magrelão e o Matheus malhava, então com certeza o moleque seria dominado. Com força.

- Credo, sai pra lá.

- Tô brincando. – não estava.

- Mas fala aí, se eu fosse comer ele, muito provavelmente eu ia pedir pra você filmar e mandar pra Isabela.

- É bom você parar com esses papos tortos aí, senão entra alguém, escuta, aí fodeu.

- Cê sabe que eu não sou boiola, Pedro, é brincadeira. – não sabia se ficava triste ou indiferente com a frase. Afinal de contas, eu também não me considerava "boiola", mas estava ali, querendo foder com aquele moleque com a porta aberta e tudo mais. – Enfim, já tô um pouco mais calmo e valeu, aí, por conversar comigo sobre isso.

- Acha, de boa. Mas ó, como cê disse que não é boiola mas brincou quando disse que ia comer ele, a única maneira de você foder com ele é enfiando a bola com tudo. – ele me olhou com uma cara de quem já estava achando estranha a minha insistência no assunto da trepada com outro cara. – Tô falando de enfiar a bola no jogo, mané. – dei uma risada pra tentar disfarçar, mas esse tipo de coisa não se disfarça de jeito nenhum.

Depois de conseguir acalmá-lo e fazer com que ele prestasse mais atenção no jogo do que no imbecil do Renato, ele vestiu o shorts, a camisa e fomos jogar. Quer dizer, ele foi primeiro que eu. Já disse isso, mas pra mim é "estranho" contar tudo o que estou contando, mas vamos lá: voltei ao banheiro/vestiário pra cheirar uma cueca usada dele. Pronto, foi isso. Juro por tudo o que é mais sagrado que não sei, até hoje, de onde tirei coragem pra fazer isso, já que qualquer um poderia entrar no banheiro e me pegar naquela situação constrangedora. Mas, o que está feito, está feito, né? E tinha um cheiro bom. Um cheiro parecido com o meu, mas o dele era mais forte. Era uma mistura de perfume com desodorante e... esperma. Muito provavelmente o Matheus resolveu bater uma antes de entrar no jogo para se aliviar um pouco do stress. Talvez, por isso, eu tenha encontrado ele de cueca quando entrei no banheiro. Minha vontade foi de bater uma também, mas resolvi simplesmente entrar na quadra com o pau "meia-bomba" marcando no shorts. Afinal de contas, manter a imagem de "hétero, pegador, bem-dotado e machão" era algo de extrema importância pra mim naquela época. Que babaquice...

Durante o jogo, foram várias as vezes em que o Renato provocou o Matheus. Por mais que eu tenha passado boa parte do tempo imaginando o Matheus surtando completamente e enfiando a rola na boca do Renato pra ver se ele desligava os motores daquela metralhadora de merda que era a boca dele, consegui jogar bem e terminei com o joelho direito ralado e um corte pequeno na sobrancelha – que aconteceu depois de eu também me irritar com o Renato e acabar levando uma "unhada" de alguém que separou uma quase-briga.

As meninas gritaram o meu nome o tempo todo. Mas, sei lá, eu não estava prestando atenção nisso. Queria continuar ali, jogando, mas no meu "novo mundinho", que começava a se formar sabe-se lá o porquê, mas que já tinha começado por causa de uma bunda bonita e um pacote mais "apertável" que plástico bolha.

Não ganhamos e fomos desclassificados logo no primeiro jogo. Muito provavelmente por conta do nervosismo do Matheus ou cansaço, já que gozar gasta muita energia e ele deveria ter deixado pra fazer isso depois do jogo, quando tudo estivesse resolvido. Quer dizer, ele fez. De novo. E eu ajudei. É aí onde eu entro, mais uma vez, na parte mais inimaginável e roteirizada por algum escritor de contos eróticos.

Contos Coloridos: Pedro & MatheusOnde histórias criam vida. Descubra agora