02 - Lar doce lar

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Ignis Griffim

A silhueta de uma senhora baixinha se fazia presente na entrada da casa. Usava um vestido verde com pequenos detalhes azuis. Seus cabelos brancos que ainda possuíam algumas mechas vermelhas que estavam soltas e chegavam até a curvatura do ombro. As rugas em seu rosto denunciavam seus 71 anos. Era ela.

— Há quanto tempo, meu filho! — exclamou minha avó de braços abertos, pronta para abraçar meu tio. 

— Estava morrendo de saudades da senhora — se inclinou um pouco para poder abraçá-la; afundou a cabeça em seu pescoço e fechou os olhos ao sentir o doce aroma de sua mãe. Os dois ficaram assim por algum tempo.

Eles precisavam daquilo, eu não era a única vítima de toda essa história. Enquanto eu havia perdido uma mãe, Richard havia perdido uma irmã e a vovó Esther, uma filha. Aquilo que eu testemunhava a minha frente eram duas pessoas tentando transmitir uma mensagem de conforto através de um abraço.

— Olha só você, está bem maior do que eu consigo me lembrar — disse minha vó, me tirando daqueles pensamentos e estendendo os braços para que eu pudesse abraçá-la também — e mais bonito — concluiu após o abraço.

— Obrigado, vó. Realmente faz tempo desde a última vez que a senhora foi nos visitar no natal.

— Vamos entrando, eu preparei um jantar e deixei os quartos prontos para quando chegassem, sei que devem estar cansados da viagem.

Entramos e fomos direto para a cozinha, onde comemos um delicioso jantar que nos esperava. Fiquei mais impressionado ainda com a beleza da casa. O lado de dentro era simplesmente encantador; possuía uma aparência bem aconchegante e familiar. Pelo que pude observar, a sala era um cômodo simples e se localizava no lado direito; tinha uma pequena TV em cima de uma estante marrom de madeira. O local também era repleto de porta-retratos cujas as fotos revelavam momentos felizes de pessoas da família. Um sofá vermelho um pouco desgastado se encontrava no recanto da parede, e ao centro, um tapete preto em formato circular cobria quase todo o chão. A cozinha ficava ao lado esquerdo, onde havia uma grande mesa em que tínhamos acabado de jantar, possuía 6 cadeiras; para completar, uma geladeira, um fogão e um armário bege. 

Um grande jogo de escadarias levava até os quartos que ficavam na parte superior da casa. Por ordens da minha avó, eu dormiria no antigo quarto da minha mãe naquela noite e nas próximas que viriam. Meu tio iria dormir no que costumava ser dele durante a infância e adolescência.

Me despedi dos dois que conversavam algo na sala usando a desculpa de que estava cansado e que queria dormir. Antes, perguntei para minha avó os detalhes de onde ficava o quarto.

— Segunda porta a direita, querido. Não tem erro. Descanse!

— Segunda porta a direita... — repeti, decorando. 

— Eu vou embora amanhã cedo, espero te ver acordado para dar tchau — disse meu tio, sonolento.

— Pode deixar. Boa noite.

Me retirei da sala e subi as escadas carregando minha bagagem. Segui as instruções que tinha recebido há pouco tempo e me deparei com uma porta que dava acesso ao meu novo quarto. Após entrar, coloquei a mala no chão, próxima a uma cama de solteiro. Dei uma boa olhada ao meu redor, absorvendo o máximo de informações que eu podia. O piso era de madeira, as paredes eram cobertas por uma tinta branca e havia uma janela que proporcionava uma visão completa da rua. O guarda-roupas ficava do lado esquerdo do quarto e a cama bem no meio, no lado oposto uma escrivaninha com fotos de minha mãe adolescente, e lá no fundo uma porta que devia ser a do banheiro.

O quarto ainda estava da mesma maneira que minha mãe deixou quando foi embora para Montpelier, com exceção do guarda-roupas que agora estava vazio. Minha avó deve ter tirado as roupas que estavam nele para liberar espaço para as minhas. Irei arrumar tudo amanhã.

The four elementsOnde histórias criam vida. Descubra agora