— Já sabe o que vamos fazer hoje, né? — Matthew perguntou abrindo a porta do minimercado para mim.
Ficamos encarregados de preparar as sobremesas para a ceia, e como bons confeiteiros que não somos, estávamos comprando o que faltava de última hora.
— Minha mãe me deu a ideia de preparar algo com haupia. É tipo um pudim de côco, sabe? É muito comum lá no Havaí. — comentei pegando uma cesta.
— Receitas havaianas, estou dentro. Aliás, quantas coisas acha que devemos fazer?
— Você devia ter vergonha de ficar jogando tudo para mim, eu sou convidada de honra.
— Um, entre nós dois você é a que sabe o que está fazendo. E dois, eu não sou a pessoa mais qualificada para isso, okay? Não é como preparar meu café da manhã. De sobremesa eu só entendo que a gente precisa comer.
Um filósofo contemporâneo mesmo.
— Claro. — preferi não fazer comentários e continuar minha busca.
O resto de nossa manhã foi planejando o cardápio de sobremesas dentro da loja, e ao final, decidimos por quatro tortas: de chocolate e haupia, de noz-pecã, de abacaxi e, obviamente, de abóbora; além de biscoitos. O mundo não está preparado para a Mailew's Bakery.
❄️❄️❄️
Depois de ter perdido um bom tempo com a haupia para a torta de chocolate, torcendo para que nada desse errado e prestes a surtar; finalmente a última torta estava indo para o forno. Mas eis que surge Matthew de sabe-lá-onde com Mistletoe tocando no celular.
Só pode ser provocação.
Ele começou a caminhar no ritmo da música enquanto cantava, e eu tentava a todo custo não dar atenção para não incentivar mais aquela perda de tempo.
— Você deveria estar me ajudando, sabia?
— With you, shawty with you... Vem cá, vamos dançar, é Natal!
— Matthew, o trabalho ainda não acabou, a gente tem que limpar isso aqui. — abri os braços para mostrar a zona que estava a cozinha, como se ele não tivesse notado.
— Relaxa um pouco, o pior já passou. Everyone's gathering around the fire... — ele continuava cantando e dançando, tentando me convencer.
Fiquei encarando o garoto de vinte e um anos à minha frente, todo desengonçado e maltrapilho. Ele continuava tentando me contagiar com sua alegria, e por um momento eu me dei conta do quão sortuda eu sou.
— Aye love, the Wisemen follow the star, the way I follow my heart. — voltei a prestar atenção ao que estava acontecendo quando ouvi uma das minhas partes favoritas da música.
Matthew começou a chegar mais perto, percebendo que eu não mais o ignorava, e começou a cantar para mim, mas mantendo distância para ter espaço de "dançar".
— And it lead me to a miracle, hey love. — me rendi e cantei o verso seguinte, o surpreendendo.
Ele abriu um sorriso bem de criança e apontou para mim, indicando que, de acordo com a música, eu era seu milagre.
Eu amo um casal brega.
Continuamos cantando o resto da música, e aos poucos eu me juntei a ele e começamos a dançar juntos pela cozinha, fazendo um dueto. A cena era digna de filme clichê, e pensar nisso me dava vontade de rir, mas me contive pelo bem do romantismo.
A música seguinte iniciou, e dessa vez Matthew realmente começou a me ajudar com a limpeza da cozinha ao invés de apenas dançar.
— Vai se arrumar, eu termino isso aqui.
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2 | mind over matter · m. espinosa [✔️]
FanfictionDando outro (e nem tão original) significado à frase mind over matter, essa shortfic narrada em primeira pessoa conta um pouco dos últimos dias de 2018 na vida de Maile Penekai. © 2018-2019 -valois all rights reserved. [cover by @thomasangsters]