Único.

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O conheci na quinta série. Estava brincando no parquinho quando uns "valentões" (ou idiotas que se achavam apenas por serem fisicamente maiores que as crianças de suas idades) chutaram o castelo de areia de um menininho. Como se não fosse o suficiente, começaram a puxar seu cabelo, o que causou mais lágrimas no garoto.

Mas é claro que eu, Frank Anthony Thomas Iero Jr, não deixaria isso barato. Ok, eu poderia ser bem menor que os garotos da minha idade, mas eu não tinha medo de me machucar e machucar os outros (que ao meu ver mereciam, é claro). Não foi uma briga tão difícil, afinal eu já tinha fama de "moleque problema". Eu não procurava brigar, só odiava quando alguém zoava minha altura ou meus amigos.

Depois de "expulsar" (lê-se: deixar um deles com o nariz sangrando e os outros dois com uns bons arranhões), ajudei o menino a se levantar. Ele me agradeceu e deu um enorme sorriso.  E foi assim que me vi captado por Gerard Way.

A partir desse dia, começamos a andar juntos. Eu não sabia o quê, mas algo me cativava em Gerard. Talvez fosse seus olhos cor de avelã, seu sorriso e seus adoráveis dentes pequeninos, sua incrível personalidade ou seu coração grande. Ou talvez...um conjunto de tudo.

Esse...sentimento, eu simplesmente ignorava. É só um crush, eu pensava comigo mesmo, uma paixão clichê adolescente, logo vou esquecer.

E não esqueci.

O tempo foi passando, e cada coisa que Gerard fazia intensificava esse estranho sentimento. Eu não sei quando, mas percebi que aquilo não era algo passageiro. Mas como sou a porra de um idiota, parecia ser mais fácil esconder e morrer por dentro do que simplesmente revelar o que sentia. Eu sabia que iria doer, mas decidi ignorar.

E, caralho, como doeu.

Eu estava lá quando Gerard deu seu primeiro beijo. O encontrei mordendo os lábios, com as bochechas extremamente rosadas e suspirando de forma apaixonada. Quando ele confirmou minhas suspeitas, fingi estar feliz por ele, e apesar de ser uma “filha da putagem”, preferia isso do que dar um soco na cara de Bert McCracken.

Estava lá quando Gerard simplesmente invadiu meu quarto, gritando como Matt Sanders (também conhecido como M Shadows, o punk mais popular da escola) o convidou pra sair. Tive que aturar quatro meses de romance entre os dois, mas a pior parte com certeza foi escutá-lo dizer como Shadows foi gentil na hora de tirar sua virgindade. O ajudei quando os dois terminaram, onde Gerard chorou literalmente seus olhos pra fora e dizia como sentia falta de Shadows, apesar dele ter sido um babaca e o traído.

O ajudei quando começou a ter problemas com bebidas e, apesar de ter doído minha alma, foi necessário o  tapa que dei na sua cara, afirmando o quanto era um idiota, e como eu não o deixaria “ir embora”. Também ajudei a parar de se auto-mutilar, e sempre que terminava de limpar seus cortes, dava um beijinho na pele rasgada, e ele, apesar de achar graça, me dava um sermão como beijar algo com sangue era anti-higiênico.

Sinceramente, havia momentos em que queria odiá-lo por me fazer sofrer tanto.

Mas aí lembrava dos nossos momentos juntos...quando pegamos o carro da sua mãe e fomos até a praia de madrugada, quando passamos meu aniversário assustando as crianças irritantes da sua rua (foi o melhor aniversário que já tive), ou quando invadimos a escola de noite e dançamos feito loucos no ginásio. Não somente esses momentos de loucura, mas também os simples, como as diversas noites conversando até madrugada ou nossas intensas discussões sobre Star Wars e o sentido da vida.

De qualquer forma...ele não tinha culpa, afinal, eu que o amo mais que um amigo. Tinha consciência disso, mas como já disse, preferia ignorar esse amor. Sim, eu estava totalmente apaixonado por Gerard Way, e por mais que isso me machucasse, preferi manter esse segredo.

Let me be the one || frerardOnde histórias criam vida. Descubra agora